Referência nos atendimentos de urgência e emergência no Agreste do estado, o Hospital Regional do Agreste (HRA), em Caruaru, foi destaque pelo empenho em salvar vidas de quem aguarda na fila por um transplante de órgão. Na tarde desse domingo (26), a unidade realizou a captação de um coração que foi enviado, por helicóptero, com a ajuda da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), para o Recife.
O procedimento, considerado de alta complexidade, deve ser feito em até quatro horas, após a retirada do órgão, para evitar riscos de infecção. Também foram captados rins, fígado e córneas. “É importante destacar o trabalho de toda a equipe do HRA que se empenhou para realizar a captação, desde o diagnóstico da morte encefálica do paciente até a sensibilização da família em relação à doação”, ressalta Guacyra Pires, diretora geral do HRA.
O coração foi encaminhado para uma paciente de 46 anos, com insuficiência cardíaca, que estava em prioridade para transplante. O fígado foi para uma mulher de 40 anos portadora de uma doença genética chamada poliamiloidose. Os rins e as córneas vão para receptores ainda não definidos.
“A captação só foi possível graças à autorização da família do doador, de 39 anos, que sofreu acidente de trânsito. A vítima teve morte encefálica confirmada nesse domingo e, prontamente, a família teve a sensibilidade de dizer sim para a doação e poder salvar outras vidas”, pontua Raianne Monteiro, coordenadora da Central de Transplantes Macrorregional Caruaru.
A doação de múltiplos órgãos só é feita mediante a identificação de morte encefálica. Para que se obtenha esse diagnóstico, o paciente é submetido a avaliações, testes e exames para fechamento do protocolo. Após todas essas etapas, a família é entrevistada e pode fazer a autorização ou a recusa da doação.
“Além de agradecer às famílias que dizem sim à doação e, com um gesto tão significativo, conseguem salvar outras vidas num momento de dor, é importante enaltecer o papel dos profissionais de saúde da Organização de Procura de Órgãos que fazem todo o acolhimento da família, a manutenção do potencial doador e a entrevista familiar”, frisa Melissa Moura, coordenadora da Central de Transplantes do estado.
Em Pernambuco, no ano passado, foram realizados 1375 transplantes, entre órgãos sólidos e tecidos. Atualmente, o estado tem 2753 pessoas aguardando um órgão. Pode ser doador qualquer pessoa que venha a morrer por morte encefálica e que sua família autorize a doação dos órgãos ou tecidos. Algumas poucas doenças, como alguns tipos de câncer e o HIV, impedem a doação. Para doar córneas, o doador pode ter tido morte com coração parado.
Com informações da jornalista Flávia Tavares