Após dois anos consecutivos sem realização oficial e irrestrita do principal evento popular do país devido à pandemia de Covid-19, o Carnaval volta a integrar a temporada de verão do turismo em 2023, consolidando a retomada das festividades públicas.
Infectologistas recomendam que as medidas de higienização e, na medida do possível, de proteção contra a disseminação do vírus, ainda faça parte do cotidiano durante as comemorações. É necessário, sobretudo, estar atento a sintomas, testar e proteger os outros, além de a si mesmo, em caso de um resultado positivo.
O avanço da cobertura vacinal reduziu o risco de casos graves, mas as variantes em circulação têm grande transmissibilidade, o que pode demandar atenção das autoridades da saúde no pós-carnaval.
Nos bailes e blocos de rua, com a licença satírica tão peculiar ao Carnaval no Brasil, o tema do combate à pandemia de Covid-19 provavelmente não passará em branco em meio às brincadeiras e fantasias dos foliões. Essas, aliás, serão uma forma de manifestar a alegria de ter superado a crise sanitária, festejando o sucesso da ciência e da vacinação.
Segundo a Federação de Bens Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), esse entusiasmo é um dos motivos para se esperar um Carnaval promissor em 2023. Além das festas, o período traz oportunidades para quem deseja empreender e gerar uma renda extra no início do ano.
Tradicionalmente, dado o potencial turístico do evento, muitos micros e pequenos empreendedores já consideram a atividade durante o Carnaval como principal fonte de rendimento no primeiro trimestre. Em 2023, após dois anos sem esta possibilidade e considerando a demanda reprimida dos foliões, a expectativa desses micros e pequenos empreendedores tende a ser maior.
Entre os micros e pequenos negócios mais abrangidos pelo Carnaval, destacam-se os segmentos de alimentação e bebidas, de embelezamento e cuidados pessoais – como perfumarias, cosméticos, maquiagem, penteado e manicure – de confecções – incluindo adereços e customização de vestuários.
O setor hoteleiro também carrega boa expectativa para a retomada do carnaval, mesmo considerando o fator complicador para os turistas nacionais, que foi a alta de preços das passagens aéreas em 2022, principalmente ao longo do segundo semestre, momento em que as viagens comumente são planejadas. Ainda assim, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Pernambuco (ABIH-PE) estima uma ocupação de 90% em Recife e Olinda, além de 95% em Ipojuca.
Isso, porque o carnaval pernambucano é bastante reconhecido por sua diversidade cultural e grande variedade de estilos musicais, além de ser favorecido pela atratividade das praias na Região Metropolitana do Recife (RMR). Sobre esse aspecto, a prefeitura do Recife estimou para este ano uma circulação de até 4 milhões de foliões e turistas, entre Olinda e Recife, durante os dias de carnaval. O número denota o potencial da festa na RMR para a economia local e estadual.
Nesse sentido, vale enfatizar a importância que o Carnaval representa para a economia local. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que o volume de faturamento das atividades típicas do turismo no Carnaval de 2023, a preços de janeiro deste ano, será de R$ 263,7 milhões em Pernambuco, ou 3,2% do volume esperado para o Brasil como um todo.
Não se trata de um montante que denote o potencial do período carnavalesco em termos de comercialização de produtos e serviços turísticos em anos anteriores, mas representa o segundo ano de recuperação do volume de negócios para a temporada. Segundo os dados da CNC, em 2021, no primeiro carnaval afetado pela pandemia, o volume de faturamento chegou a R$ 188,40 milhões, registrando uma queda de 37,4% em relação ao ano anterior. Nos dois anos seguintes, o volume cresceu 18,8% e 17,8%, respectivamente.
Em termos de postos de trabalhos gerados para o período, a CNC estima que serão abertas 511 mil vagas temporárias para o Carnaval entre as atividades típicas do turismo, número que representa 2,1% da expectativa estimada para o Brasil.
Seguindo a tendência estimada para o resultado nacional, o segmento de alimentação deve gerar o maior faturamento entre as atividades, representando cerca de 44% do volume em 2023, seguido do transporte de passageiros (29%) e hospedagem (11%). Já no que diz respeito às vagas temporárias, as áreas de cozinha e limpeza, juntas, devem concentrar percentual relevante (41%) das oportunidades de ocupação.
Nesse contexto, o fato é que mesmo diante de dificuldades conjunturais que se estendem após dois anos de eclosão da pandemia – alta de preços em diversos segmentos do varejo e dos serviços essenciais, manutenção de juros em patamar elevado e elevação do endividamento e da inadimplência –, impactando a disponibilidade para a realização de gastos durante as atrações carnavalescas, configura-se um cenário otimista para os negócios relacionados ao período.
Pernambuco: volume financeiro das atividades típicas do turismo no Carnaval, a preços de janeiro de 2023 (em R$ milhões)
Fonte: CNC. Nota: * previsão.
Pernambuco: vagas temporárias para o Carnaval oferecidas pelas atividades típicas do turismo
Fonte: CNC. Nota: * previsão.
VALE RESSALTAR - Apesar da tradição popular, o Carnaval não é feriado estabelecido por Lei Federal ou Estadual, sendo considerado feriado apenas nos casos de previsão em Lei Municipal. Nos municípios que não possuem lei municipal específica considerando a segunda-feira e/ou a terça-feira de Carnaval como feriado, as empresas do comércio de bens, serviços e turismo estão autorizadas a funcionar.
Nos municípios que possuem lei municipal, as empresas deverão seguir o que estabelecem as respectivas Convenções Coletivas de Trabalho. Em conformidade com o art.59 da CLT, as empresas que possuem sistema de compensação de banco de horas poderão utilizá-lo no período de Carnaval para compensar as horas não trabalhadas.
Por fim, a Fecomércio-PE convoca a classe empresarial para que mantenham abertos os seus estabelecimentos no período de Carnaval, contribuindo para a recuperação do segmento, tão afetado nesses últimos anos de pandemia.