Se tem um assunto que pode, ainda, ser nebuloso para boa parte dos pais é como perceber se o seu filho está com a autoestima baixa. No entanto, à medida em que se discute a temática se percebe que existe um caminho para identificar como essa condição pode afetar a vida da criança como um todo, inclusive a sua aprendizagem. Como quase tudo na educação dos pequenos, não existe uma receita sobre como orientar este estímulo, mas têm sinais que podem ser observados e, ao serem identificados, tratados.
A psicóloga do Serviço de Orientação Educacional e Psicológica do Colégio GGE (SOEP), Milena Lucena, explica: “a autoestima é uma temática capaz de abarcar amplos contextos da vida de uma pessoa. Na infância, ela aparece e se manifesta de diferentes maneiras, podendo interferir nos relacionamentos, na autoimagem, nas experiências lúdicas e no aprendizado”.
Uma boa maneira de identificar é assumir a perspectiva da identificação simbólica de si mesmo, associando a dados da realidade. Seja de forma projetiva ou realista. “Por exemplo, o desenho de si mesmo com elogios e críticas, a livre expressão do pensamento e da emoção, a identificação com animais e suas características de destaque, dinâmicas de auto visualização em espelhos, bem como a construção de enredos e personagens significativos, entre outros, podem ajudar”, avaliou a psicóloga.
É importante considerar ainda que, no período da infância, a criança está muito imersa no mundo a sua volta, e que, muitas vezes, se misturando com o contexto e com as condições lúdicas que a cerca. “Dessa forma, por meio do brincar e das diferentes experiências lúdicas possíveis de serem conduzidas e dirigidas, ela pode manifestar as suas percepções sobre si e atuar sobre ela mesma de maneira interventiva”, afirmou Milena.
Além das percepções lúdicas, uma boa forma de identificar se a autoestima de uma criança está comprometida é observar o seu envolvimento no contexto social com outras crianças e adultos. “Podemos perceber como a criança se comporta no grupo ou com um outro colega numa brincadeira nova, como se comporta ao desejar uma brincadeira que não é do agrado do outro, como se dá o processo de autonomia e tomada de iniciativa para as relações, quais os personagens adotados pela criança durante as brincadeiras, como o comportamento evolui ou retrocede na chegada de outras pessoas às dinâmicas sociais mais reservadas são pontos que podem e devem ser considerados”, aconselhou.
O tema é importante porque os prejuízos são imensos e danosos à saúde mental do pequeno, interferindo na sua autopercepção ou autovalorização psicológica, gerando danos que podem representar perdas de iniciativa social, baixo rendimento em atividades coletivas, baixo empenho em desenvolvimento de habilidades, baixa valorização em termos de escolhas e condições de tratamento, além de menos investimento na sua própria vida como um ser capaz de alcançar objetivos.
A escola e a família são excelentes aliados para reverter essa condição. Isso porque, por meio do cuidado integral e das assistências psicológica e pedagógica é possível evitar possíveis conflitos de ordem física, emocional ou psíquica na vida de uma criança. “É muito importante trabalhar os dados de realidade. Contudo, é imprescindível trabalhar o estímulo, a motivação e o compromisso sobre os aspectos em desenvolvimento”, orientou a psicóloga, reiterando a necessidade de se elogiar, destacar, ofertar funções de responsabilidade e promover para que o desenvolvimento de habilidades e competências relacionados ao senso de pertencimento e responsabilidade sobre si sejam criados.