O número de empresas do setor segurador que leva em consideração as questões ambientais, sociais e de governança (ASG) no desenvolvimento de produtos e serviços saltou de 43%, em 2016, para 73,7% em 2021, segundo dados do Relatório de Sustentabilidade elaborado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).
De acordo com Ronaldo Dalcin, presidente do Sindicato das Seguradoras Norte e Nordeste (Sindsegnne), o movimento é um reflexo do compromisso das organizações com o conceito do mercado segurador que é trazer, de fato, segurança para a população. “Nosso negócio vai muito mais além do que emitir uma apólice de seguro. Estar aliado com as diretrizes de ASG traduz na prática o quanto as seguradoras estão preocupada com os fatores ambientais e sociais que impactam o mundo e também com a própria governança”, afirma.
Já na visão da superintendente de relações de consumo de sustentabilidade da CNseg, Luciana Dall´Agnol, as mudanças dos padrões do clima também trazem oportunidades de negócios. “As seguradoras estão inovando na criação de novos produtos, serviços e assistências para diminuir o impacto ambiental”, avalia. Conheça as tendências de melhores práticas das seguradoras para 2023:
1. Oficinas sustentáveis. As seguradoras devem ampliar, no dia a dia, o trabalho com parceiros que priorizem ações ambientalmente corretas nas suas atividades, como oficinas de automóvel referenciadas que adotem procedimentos como o descarte correto, reutilização da água, redução no consumo de luz elétrica e utilização de insumos de baixo impacto ambiental. “Outro exemplo dessa tendência para seguro auto é o desenvolvimento de iniciativas que possuem soluções de descarte adequado, reciclagem e certificação de rastreabilidade para revenda de peças automotivas usadas”, explica Luciana.
2. Descarte de resíduos e logística reversa. Mais que consertar avarias ou repor bens danificados e cobertos pelo seguro residencial, a tendência é que as seguradoras também se responsabilizem pela destinação correta desses itens. Já em prática, algumas iniciativas incluem o contato com os segurados para o agendamento e retirada dos equipamentos em desuso. Após a coleta, os objetos são separados e encaminhados a cooperativas, diminuindo o impacto ao meio ambiente. “Além do seguro residencial, há seguradoras que também oferecem serviços de destinação adequada e descarte de eletroeletrônicos e outros itens que estão amparados por apólices de Seguro Garantia estendida”, afirma a superintendente da CNseg.
3. Finanças sustentáveis. Diante da crescente demanda por investimentos que conciliem retorno financeiro com práticas sustentáveis, diversos instrumentos financeiros, como os títulos green bonds, vêm sendo criados com o objetivo de financiar projetos reconhecidamente verdes e de impacto social positivo. “Nesse sentido, outra grande tendência é que seguradoras cada vez mais participem ativamente do mercado de finanças sustentáveis, tanto na emissão de títulos para, por exemplo, financiar grandes áreas de reflorestamento, projetos sociais, de eficiência energética, ou de recuperação de áreas degradadas, quanto no investimento em títulos emitidos por outras empresas”, avalia Luciana.
4. Seguro RC Ambiental. A crescente preocupação com o meio ambiente e, principalmente, com a responsabilização por eventuais danos e prejuízos causados por operações empresariais tem colocado um holofote especial no Seguro de Responsabilidade Civil Ambiental. Empresas como indústrias químicas, petroquímicas, metalúrgicas, atividades hospitalares, entre outras, estão expostas a eventos de poluição ambiental súbita ou gradual, e, consequentemente, a riscos financeiros relevantes. “Para apoiar o processo de gerenciamento de riscos ambientais, que é cada vez mais demandado e exigido das empresas, o Seguro RC para Riscos Ambientais é peça-chave para a sustentabilidade dos negócios”, afirma a superintendente da CNseg.