Oriundo de projeto social em escola pública, o grupo, fundado em 2009 por Anderson Leite que desde a criação assume a dramaturgia e direção do coletivo, desenvolve uma pesquisa continuada intitulada POÉTICà MARGEM, cuja poética das populações marginalizadas é a base do estudo.
Ao longo dos anos, o grupo, formado em sua maioria por jovens pretos, pobres e periféricos, vem desenvolvendo em suas dramaturgias e encenações, obras que pensem a margem sob a ótica dos marginalizados, por entender que esse caminho estético e conceitual é um ato político-social de extrema necessidade para a sociedade contemporânea, construindo, com isso, uma linguagem cênica que evidenciem as narrativas e códigos periférico-marginais, proporcionando diálogos entre margens, periferias, seus símbolos, signos e discursos.
Durante esses 13 anos de labuta cênica o Grupo São Gens construiu mais de 15 espetáculos, ações performáticas, pesquisas, documentários e livros. Atualmente o coletivo possui em seu repertório três montagens que traduzem sua pesquisa continuada, são elas: "Diário da Independência" (2019), um espetáculo manifesto/denuncia que discorre sobre a população em situação de rua. Visando discutir através do olhar artístico sobre as medidas necessárias para garantir melhores condições para a população que vive nas ruas, praças e avenidas das nossas metrópoles.
Uma outra montagem é o espetáculo infanto-juvenil "Eu conto, tu contas, nós contamos: UBUNTU, uma linda aventura na Floresta Afrobrasilândia" (2020) A montagem é fruto de uma pesquisa de dois anos com um elenco formado majoritariamente por pessoas pretas, discutindo sobre negritude para crianças através de contos africanos. A peça traduz a importância de se pensar um Teatro para infância e juventude que evidencie a pauta racial, fortalecendo o combate ao racismo, a intolerância religiosa, para, com isso, ampliar o empoderamento de outras crianças pretas.
A montagem mais recente do Grupo São Gens de Teatro é o espetáculo "Narrativas Encontradas Numa Garrafa Pet na Beira da Maré" (2020), criado a partir da vivência do dramaturgo Anderson Leite na comunidade da Ponte do Pina. A montagem coloca em evidência o espaço urbano do Recife e sua relação com as margens, discutindo os problemas inerentes ao fluxo contínuo de uma favela, suas poeticidades e mazelas.
A obra já realizou uma Circulação Nacional passando pelos estados da Bahia, Rio de Janeiro, uma temporada com 16 apresentações no Sesc Av. Paulista/São Paulo, depois passou por Festivais e Mostras nas cidades de São Paulo, Presidente Prudente/SP, Guaramiranga/CE, Fortaleza/CE, Recife/PE, Serra Talhada/PE, Caruaru/PE e Vitória de Santo Antão/PE.
A montagem conta com a dramaturgia e encenação de Anderson Leite que também integra o elenco junto com André Lourenço, Fagner Fênix, HBlynda Morais e Monique Sampaio. A Direção Musical é de Arnaldo do Monte, Figurino de André Lourenço, Produção Cultural de HBlynda Morais e Realização Grupo São Gens de Teatro.
Após o Janeiro de Grandes Espetáculos o grupo já mira seu olhar no IV Festeraguas - Festival de Teatro e Dança Terra das Águas, se apresentando dia 28/01 em São Benedito do Sul.