sábado, 28 de janeiro de 2023

Instituto Arqueológico Pernambucano completa 161 anos preservando a história

O Instituto  Arqueológico,  Histórico  e  Geográfico  Pernambucano  (IAHGP)  comemora  161  anos de  atuação  no  Estado  com  uma  celebração  na  próxima  segunda-feira,  30  de  janeiro,  às  19h, na  própria  instituição,  localizada  na  Rua  do  Hospício,  no  bairro  da  Boa  Vista.  

O  evento  será aberto  ao  público  e  também  relembrará  os  369  anos  da  Restauração  Pernambucana  (1654), quando  se  deu  a  expulsão  dos  invasores  holandeses  do  Brasil,  após  importantes  batalhas, entre  elas  as  dos  Montes  Guararapes. 

Fundado  em  28  de  janeiro  de  1862,  o  IAHGP  já  esteve  sob  o  comando  de  diversos  gestores e,  atualmente,  a  presidente  Margarida  Cantarelli  atua  na  missão  de  preservar  a  instituição, fomentar  ações  de  preservação  da  história  do  Estado  e  apoiar  novos  pesquisadores  com  a manutenção  do  valioso  acervo  que  encontra-se  na  sede  do  Instituto.  

“O  IAHGP  é  uma instituição  da  sociedade  civil que  atua  como  guardiã  da  história,  dos  valores  e  dos  ideais  de liberdade  que  forjaram  a  nossa  trajetória  e  precisam  ser  transmitidos  às  gerações  vindouras para  a  construção  do  futuro”,  reforça  Cantarelli.   

Para  o  novo  ano,  a  gestão  pretende,  entre  outras  ações,  desenvolver  um  projeto  chamado ‘História  do  Século  XX’,  resgatando  acervos  e  documentos  da  história  de  Pernambuco  no século  passado.  É  o  caso,  por  exemplo,  da  Revolução  de  1930  e  da  construção  do  Porto  de Suape.  

“Eu  vou  me  empenhar  muito  neste  projeto.  Não  podemos  deixar  a  história  recente  se perder  e  temos  conhecimento  de  um  grande  acervo  deste  período  sob  a  guarda  de  famílias que  pode  ser  compartilhado.  Acredito  no  aproveitamento  extremamente  positivo  que podemos  fazer  da  tecnologia,  através  do  intercâmbio  de  dados  entre  os  acervos  das instituições,  facilitando  o  acesso  de  estudantes,  pesquisadores  e  da  população  como  um todo”,  finaliza.     

 A  Sessão  Magna  comemorativa  terá  a  participação  do  historiador  e  professor  Flávio  José Gomes  de  Cabral  como  orador,  que  fará  um  passeio  histórico  pela  importância  da Restauração  Pernambucana,  baseado  em  escritos  inéditos,  fruto  de  um  diário  pessoal  de  um governador  colonial  português  que  atuou  em  Pernambuco  no  período.  

O  diário  está  em Sintra,  mas  teve  seu  conteúdo  transcrito  em  uma  das  revistas  do  Instituto.  “Após  a  sua fundação,  o  IAHGP  retoma  a  valorização  e  a  memória  da  Restauração  Pernambucana, momento  histórico  que  por  muito  tempo  foi  esquecido”,  reforça  Cabral  que  também relembrará  a  aproximação  do  Bicentenário  da  Confederação  do  Equador  (1824),  com  relatos baseados  em  documentos  do  acervo  do  Arquivo  Nacional.   

Na  ocasião,  ainda  serão  empossados  dois  novos  associados  correspondentes  -  José  Theodoro Mascarenhas  Menck  e  José  Joaquim da Silva  Neto  -,  e  também  um novo  associado  honorário, Roger  Falcão  Chacon.  Todos  são  personalidades  que  atuam  em  associações  culturais  ligadas à  história  e  ao  patrimônio  histórico.   

O INSTITUTO   O Instituto  Arqueológico,  Histórico  e  Geográfico  Pernambucano  é  uma  instituição  centenária fundada  em  28  de  janeiro  de  1862,  no  Recife,  por  um  grupo  de  cidadãos  preocupados  em preservar  e  divulgar  a  história  de  Pernambuco.  É  o  mais  antigo  instituto  histórico  regional  do Brasil,  e  a  segunda  instituição  dedicada  à  história  no  País,  depois  apenas  do  Instituto  Histórico e  Geográfico  Brasileiro. Durante  mais  de  um  século,  o  IAHGP  atuou  como  arquivo  público  e  foi  o  centro  produtor  de conhecimento  histórico  mais  importante  do  Estado,  possuindo  uma  revista  que  circula  desde 1863.  Ele  abriga  também  o  museu  mais  antigo  do  Brasil  em  funcionamento. O  patrimônio  do IAHGP  é  dividido  em  três  grandes  áreas:  museológica,  documental  e  bibliográficahemeroteca.   

O  acervo  museológico  do  IAHGP  é  bastante  diverso  e  reúne  telas  e  retratos  de  figuras importantes  da  história  de  Pernambuco,  além  de  uma  vasta  coleção  de  objetos  decorativos  e utilitários  pertencentes  às  antigas  famílias  pernambucanas,  como  aparelhos  de  jantar, prataria,  vestuário  e  objetos  pessoais  em  geral.   Destacam-se  as  peças  de  mobiliário  de  casas  urbanas  e  rurais,  que  traçam  um  interessante perfil  da  sociedade  pernambucana.  Umas  das  peças  mais  importantes  do  acervo  é  o  marco divisório  das  capitanias  de  Pernambuco  e  Itamaracá,  assentado  pelo  primeiro  donatário  da capitania  de  Pernambuco,  Duarte  Coelho  Pereira,  em  1535.     

Os  armamentos  antigos  também  ganham  destaque,  reunindo  armas  brancas  e  de  fogo  que pertenceram  a  figuras  importantes  da  história  do  estado  ou  que  foram  utilizadas  em  batalhas decisivas  da  formação  da  nacionalidade  e  nos  muitos  movimentos  revolucionários pernambucanos.  

Entre  elas  destaca-se  o  canhão  de  bronze  de  origem  holandesa,  pertencente a  Companhia  das  Índias  Ocidentais,  fundido  em  Amsterdã,  em  1629.   A  biblioteca  contém  cerca  de  25  mil  volumes  editados  entre  os  séculos  XVII  e  XXI  nas  áreas  de História,  Geografia,  Sociologia,  Literatura,  Política,  Arte,  Arqueologia,  Engenharia,  Arquitetura e  Antropologia,  além  de  grande  quantidade  de  obras  de  ficção  e  de  periódicos  editados  no Brasil  e  em  vários  outros  países.  

Ao  longo  de  161  anos,  essas  obras  vêm  sendo  doadas  por sócios,  particulares  e  entidades  públicas  e  privadas.   Já  a  hemeroteca  contém  periódicos  pernambucanos  dos  séculos  XIX  e  XX,  encadernados  em vários  volumes.  Um  destaque  é  o  exemplar  do  ‘Typhis  Pernambucano’,  editado  por  Frei Caneca,  no  início  do  século  XIX. Há  também  exemplares  do  jornal  ‘Diário  Novo’,  onde  foi retratada  boa  parte  da  história  da  Revolução  Praieira,  de  1848. 

Todo este  material  vem  sendo  utilizado  por  pesquisadores  ao  redor  do  mundo,  que  recorrem ao  IAHGP  em  busca  de  fontes  primárias  e  bibliográficas.  O  próprio  Instituto  já  abrigou,  ao longo  de  sua  existência,  um  grupo  de  importantes  pesquisadores  tais  como  Regueira  Costa, Alfredo  de  Carvalho,  José  Hygino  Duarte  Pereira,  Francisco  Augusto  Pereira  da  Costa, Sebastião  Vasconcelos  Galvão,  Mário  Melo,  Mauro  Motta,  Nilo  Pereira,  Costa  Porto  e  José Antônio  Gonsalves  de  Mello. 

  Atualmente,  o  Instituto  conta  com  o  apoio  do  Governo  do  Estado,  por  intermédio  de  um convênio  com  a  Fundação  do  Patrimônio  Histórico  e  Artístico  de  Pernambuco  (Fundarpe), para  o  desenvolvimento  de  projetos  que  estão  permitindo  a  organização  do  acervo  e  a inventariação  da  Biblioteca  da  instituição,  além  de  melhorias  no  espaço  físico.  O  projeto permitirá  a  consulta  a  documentos  e  livros  antes  inacessíveis  por  falta  de  um  tratamento arquivístico  adequado. 

VISITAÇÃO  E  PESQUISA 

Uma  das  funções  sociais  mais  importantes  do  Instituto  é  a  de  fornecer  subsídio  para pesquisadores  de  diversas  áreas  na  produção  de  suas  dissertações,  teses  e  artigos.  No IAHGP  são  recebidos  pesquisadores  nas  áreas  de  história,  geografia,  economia,  genealogia, entre  outras.  O  historiador  George  Cabral,  atual  segundo  secretário  do  IAHGP,  ressalta  a grande  procura  de  pesquisadores  europeus  e  norte-americanos,  em  busca  de  documentos relativos  ao  período  da  invasão  holandesa,  às  revoluções  libertárias  e  à  história  da escravidão  em  Pernambuco. 

Já  o  museu  do  IAHGP  possui  um  rico  acervo  onde  é  possível  ver  de  perto  diversas  peças emblemáticas  da  história  do  estado  como,  por  exemplo,  a  espada  que  provocou  o  estopim da  Revolução  Pernambucana  de  1817  e  pertenceu  ao  capitão  José  de  Barros  Lima, conhecido  como  Leão  Coroado.   

O museu  encontra-se  aberto  para  a  visitação  pública  de  segunda  a  sexta-feira,  das  9h  às  12h e  das  14h  às  16h  e,  aos  sábados,  das  8h às  12h.  Pesquisadores  e  estudantes  podem  ter acesso  a  diversos  documentos  históricos  do  Estado  com  atendimento  presencial exclusivamente  aos  sábados  ou  consultas  através  do  e-mail  arqueologico@iahgp.org. 

Os ingressos  custam  R$2,00.  Grupos  escolares  devem  fazer  agendamento  prévio. 

Serviço 
Aniversário  de  161  anos  do  IAHGP Data:  30  de  janeiro  de  2023  (segunda-feira). 
Hora:  19h. 
Local:  Cine-Auditório  Ramires  Cotias  Teixeira  -  IAHGP  (Rua  do  Hospício,  130,  Boa  Vista, Recife-PE). 

Instituto  Arqueológico,  Histórico  e  Geográfico  Pernambucano 
Rua  do Hospício,  130,  Boa  Vista. Telefone:  (81)  3222-4952. 

Visitação:  
Segunda  a  sexta-feira:  9h  às  12h  e  14h  às  16h.  Sábados:  8h às  12h. Instagram:  instituto_arqueologico