O Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP) comemora 161 anos de atuação no Estado com uma celebração na próxima segunda-feira, 30 de janeiro, às 19h, na própria instituição, localizada na Rua do Hospício, no bairro da Boa Vista.
O evento será aberto ao público e também relembrará os 369 anos da Restauração Pernambucana (1654), quando se deu a expulsão dos invasores holandeses do Brasil, após importantes batalhas, entre elas as dos Montes Guararapes.
Fundado em 28 de janeiro de 1862, o IAHGP já esteve sob o comando de diversos gestores e, atualmente, a presidente Margarida Cantarelli atua na missão de preservar a instituição, fomentar ações de preservação da história do Estado e apoiar novos pesquisadores com a manutenção do valioso acervo que encontra-se na sede do Instituto.
“O IAHGP é uma instituição da sociedade civil que atua como guardiã da história, dos valores e dos ideais de liberdade que forjaram a nossa trajetória e precisam ser transmitidos às gerações vindouras para a construção do futuro”, reforça Cantarelli.
Para o novo ano, a gestão pretende, entre outras ações, desenvolver um projeto chamado ‘História do Século XX’, resgatando acervos e documentos da história de Pernambuco no século passado. É o caso, por exemplo, da Revolução de 1930 e da construção do Porto de Suape.
“Eu vou me empenhar muito neste projeto. Não podemos deixar a história recente se perder e temos conhecimento de um grande acervo deste período sob a guarda de famílias que pode ser compartilhado. Acredito no aproveitamento extremamente positivo que podemos fazer da tecnologia, através do intercâmbio de dados entre os acervos das instituições, facilitando o acesso de estudantes, pesquisadores e da população como um todo”, finaliza.
A Sessão Magna comemorativa terá a participação do historiador e professor Flávio José Gomes de Cabral como orador, que fará um passeio histórico pela importância da Restauração Pernambucana, baseado em escritos inéditos, fruto de um diário pessoal de um governador colonial português que atuou em Pernambuco no período.
O diário está em Sintra, mas teve seu conteúdo transcrito em uma das revistas do Instituto. “Após a sua fundação, o IAHGP retoma a valorização e a memória da Restauração Pernambucana, momento histórico que por muito tempo foi esquecido”, reforça Cabral que também relembrará a aproximação do Bicentenário da Confederação do Equador (1824), com relatos baseados em documentos do acervo do Arquivo Nacional.
Na ocasião, ainda serão empossados dois novos associados correspondentes - José Theodoro Mascarenhas Menck e José Joaquim da Silva Neto -, e também um novo associado honorário, Roger Falcão Chacon. Todos são personalidades que atuam em associações culturais ligadas à história e ao patrimônio histórico.
O INSTITUTO O Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano é uma instituição centenária fundada em 28 de janeiro de 1862, no Recife, por um grupo de cidadãos preocupados em preservar e divulgar a história de Pernambuco. É o mais antigo instituto histórico regional do Brasil, e a segunda instituição dedicada à história no País, depois apenas do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Durante mais de um século, o IAHGP atuou como arquivo público e foi o centro produtor de conhecimento histórico mais importante do Estado, possuindo uma revista que circula desde 1863. Ele abriga também o museu mais antigo do Brasil em funcionamento. O patrimônio do IAHGP é dividido em três grandes áreas: museológica, documental e bibliográficahemeroteca.
O acervo museológico do IAHGP é bastante diverso e reúne telas e retratos de figuras importantes da história de Pernambuco, além de uma vasta coleção de objetos decorativos e utilitários pertencentes às antigas famílias pernambucanas, como aparelhos de jantar, prataria, vestuário e objetos pessoais em geral. Destacam-se as peças de mobiliário de casas urbanas e rurais, que traçam um interessante perfil da sociedade pernambucana. Umas das peças mais importantes do acervo é o marco divisório das capitanias de Pernambuco e Itamaracá, assentado pelo primeiro donatário da capitania de Pernambuco, Duarte Coelho Pereira, em 1535.
Os armamentos antigos também ganham destaque, reunindo armas brancas e de fogo que pertenceram a figuras importantes da história do estado ou que foram utilizadas em batalhas decisivas da formação da nacionalidade e nos muitos movimentos revolucionários pernambucanos.
Entre elas destaca-se o canhão de bronze de origem holandesa, pertencente a Companhia das Índias Ocidentais, fundido em Amsterdã, em 1629. A biblioteca contém cerca de 25 mil volumes editados entre os séculos XVII e XXI nas áreas de História, Geografia, Sociologia, Literatura, Política, Arte, Arqueologia, Engenharia, Arquitetura e Antropologia, além de grande quantidade de obras de ficção e de periódicos editados no Brasil e em vários outros países.
Ao longo de 161 anos, essas obras vêm sendo doadas por sócios, particulares e entidades públicas e privadas. Já a hemeroteca contém periódicos pernambucanos dos séculos XIX e XX, encadernados em vários volumes. Um destaque é o exemplar do ‘Typhis Pernambucano’, editado por Frei Caneca, no início do século XIX. Há também exemplares do jornal ‘Diário Novo’, onde foi retratada boa parte da história da Revolução Praieira, de 1848.
Todo este material vem sendo utilizado por pesquisadores ao redor do mundo, que recorrem ao IAHGP em busca de fontes primárias e bibliográficas. O próprio Instituto já abrigou, ao longo de sua existência, um grupo de importantes pesquisadores tais como Regueira Costa, Alfredo de Carvalho, José Hygino Duarte Pereira, Francisco Augusto Pereira da Costa, Sebastião Vasconcelos Galvão, Mário Melo, Mauro Motta, Nilo Pereira, Costa Porto e José Antônio Gonsalves de Mello.
Atualmente, o Instituto conta com o apoio do Governo do Estado, por intermédio de um convênio com a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), para o desenvolvimento de projetos que estão permitindo a organização do acervo e a inventariação da Biblioteca da instituição, além de melhorias no espaço físico. O projeto permitirá a consulta a documentos e livros antes inacessíveis por falta de um tratamento arquivístico adequado.
VISITAÇÃO E PESQUISA
Uma das funções sociais mais importantes do Instituto é a de fornecer subsídio para pesquisadores de diversas áreas na produção de suas dissertações, teses e artigos. No IAHGP são recebidos pesquisadores nas áreas de história, geografia, economia, genealogia, entre outras. O historiador George Cabral, atual segundo secretário do IAHGP, ressalta a grande procura de pesquisadores europeus e norte-americanos, em busca de documentos relativos ao período da invasão holandesa, às revoluções libertárias e à história da escravidão em Pernambuco.
Já o museu do IAHGP possui um rico acervo onde é possível ver de perto diversas peças emblemáticas da história do estado como, por exemplo, a espada que provocou o estopim da Revolução Pernambucana de 1817 e pertenceu ao capitão José de Barros Lima, conhecido como Leão Coroado.
O museu encontra-se aberto para a visitação pública de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 16h e, aos sábados, das 8h às 12h. Pesquisadores e estudantes podem ter acesso a diversos documentos históricos do Estado com atendimento presencial exclusivamente aos sábados ou consultas através do e-mail arqueologico@iahgp.org.
Os ingressos custam R$2,00. Grupos escolares devem fazer agendamento prévio.
Serviço
Aniversário de 161 anos do IAHGP Data: 30 de janeiro de 2023 (segunda-feira).
Hora: 19h.
Local: Cine-Auditório Ramires Cotias Teixeira - IAHGP (Rua do Hospício, 130, Boa Vista, Recife-PE).
Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano
Rua do Hospício, 130, Boa Vista. Telefone: (81) 3222-4952.
Visitação:
Segunda a sexta-feira: 9h às 12h e 14h às 16h. Sábados: 8h às 12h. Instagram: instituto_arqueologico