O jornalista Elio Gaspari escreveu hoje um artigo de opinião no site do jornal O Globo onde comentou sobre os atos terroristas de 08 de janeiro de 2023, em Brasília. No artigo, citou a prisão de centenas de estudantes durante o Congresso da UNE em Ibiúna - SP. A União Nacional dos Estudantes estava na ilegalidade e tinha como lideranças José Dirceu, Vladimir Palmeira, Ricardo Noblat, Franklin Martins. Muitos estudantes foram liberados, mas as lideranças foram presas.
Entre os presos estava o ator José de Abreu (foto), que integrava o grupo de esquerda Ação Popular - AP. Em entrevista a este blog, em 2019, ele disse que a AP “Era um Socialismo Cristão. A ótica desse trabalho era absolutamente Cristã. Eu nunca fui comunista”. Dois meses de cadeia e a liberdade no dia 11 de dezembro de 1968, antevéspera da promulgação do AI-5. O ator - no ar na novela Mar do Sertão, da TV Globo - ficou indignado com a forma como Gaspari escreveu e fez uma thread em sua rede social para comentar a sua experiência:
Congresso - De acordo com o site da UNE, o congresso ocorreu na Fazenda Mucuru, no bairro de Apiaí, na estrada que liga o centro da cidade à Cachoeira da Fumaça. Naquele 12 de outubro de 1968 (Feriado de Nossa Senhora Aparecida), cerca de mil estudantes, que participaram do movimento contra a ditadura, foram detidos.Élio Gaspari erra ao escrever sobre o XXX Congresso da UNE. Usa o nome dado pela ditadura: Congresso Clandestino da UNE. Fomos 700 e poucos presos e não "cerca de 1240". E não fomos todos soltos "6 dias depois". Os 20 que ele cita ficaram anos presos. Eu e os paulistas ficamos +
— José de Abreu (@zehdeabreu) January 15, 2023
Por causa do regime militar, as reuniões da UNE estavam proibidas e o 30º congresso seria realizado de forma clandestina.A presença dos estudantes em Ibiúna, que na época tinha cerca de seis mil habitantes, logo foi percebida. Na lista dos presos, estavam os líderes do movimento: José Dirceu, presidente da UEE, Luís Travassos, presidente da UNE, e Vladimir Ribas, presidente da União Paulista de Estudantes Secundários.
Quem vai para Ibiúna hoje com o objetivo de encontrar lembranças do 30º congresso da UNE, vê um monumento na praça da matriz com nomes de alguns estudantes que participaram do movimento e uma breve história