Ranqueados como umas das piores conexões de internet no Brasil, Pernambuco e a cidade do Recife podem, em breve, ter sua oferta de conectividade ampliada, beneficiando cidadãos, empresas, governos e outras instituições. Um projeto liderado pela Recife Co. vai construir uma landing station com capacidade para receber vários cabos de fibra ótica submarinos, possibilitando uma expansão substancial na banda larga disponibilizada no estado. Além disso, a empresa também colocará em operação um data center que, por estar conectado diretamente a um cabo submarino, diminuirá consideravelmente a latência na transmissão de dados, o que é estratégico para aplicações científicas, mercado financeiro e a indústria de jogos eletrônicos. A estimativa é que o empreendimento demande recursos da ordem de US$ 55 milhões.
O CEO do projeto, João Pedro Flecha de Lima, explica que esse investimento trará um benefício direto para o poder público investir em segurança, saúde e educação, além dos ganhos para as empresas do Porto Digital que têm uma alta demanda de conectividade. “Enfim, vai beneficiar todo o conjunto da sociedade”, reforça.
Outro setor que certamente irá tirar proveito de uma conexão de alta qualidade com a internet é o Polo Médico. “Hoje, na medicina, temos a possibilidade de realizar cirurgias remotas executadas por robôs que podem ser comandados por médicos que estejam em qualquer outro ponto do planeta com uma conexão de qualidade”, lista.
*HISTÓRICO* - O executivo lembra que a iniciativa de uma landing station e um data center no Recife partiu da própria prefeitura da cidade e foi encampada também pelo governo do estado, em 2017. “Havia um sócio internacional que buscava parceiros locais para a execução do projeto. O poder público acabou fazendo a ponte”, relata.
Na sequência, iniciaram-se os estudos técnicos para a instalação de um cabo submarino e o data center em Pernambuco. Foram contratados consultores nacionais e internacionais para que fosse apontado o local onde o cabo deveria “pousar” no Recife. “Nesses levantamentos, são consideradas questões ambientais, de rota (o cabo não deve fazer curvas ou um trajeto muito sinuoso), fluxo de navios (âncoras podem danificar os cabos), barcos pesqueiros (as redes também podem danificar os cabos), adensamento populacional, entre outros aspectos”, enumera.
Os estudos concluíram que o melhor ponto de entrada seria num terreno pertencente à União, que à época sequer estava escriturado, localizado no começo da Avenida Cruz Cabugá, no bairro de Santo Amaro, no Recife. A área foi doada a Pernambuco, com a anuência da Secretaria de Patrimônio da União (SPU). O estado, por sua vez, por meio da Lei 17.940, de 21 de outubro de 2022, doou o terreno para o empreendimento.
João Pedro Flecha de Lima observa que todas as exigências legais, seja do ponto de vista ambiental, preservação do patrimônio histórico e formalização do negócio, ou já foram contempladas ou encontram-se em fase final de aprovação. “Em relação ao Patrimônio Histórico, por exemplo, a edificação do data center é térrea não terá qualquer impacto sobre a visibilidade da cidade de Olinda”, cita.
Esse mesmo prédio vai abrigar um pequeno museu de telecomunicações cuja proposta é se integrar e mesmo fazer parte da rota de visitação do Espaço Ciência, vizinho do empreendimento. “Temos conversas bastante adiantadas com um consultor inglês que está formatando o projeto”, revela.