Nelson Rodrigues (1912-1980) era um jornalista muito respeitado, um dramaturgo consagrado e como cronista esportivo, fazia grande sucesso. Apaixonado pelo Fluminense, o jornalista pernambucano chegou a escrever uma crônica lamentando uma derrota do tricolor carioca. Detalhe: não havia uma única linha sobre o time vencedor. O personagem Sobrenatural de Almeida também é rodriguiano.
Mas o que Nelson Rodrigues tem a ver com nossa entrevistada? Simplesmente a exemplo de Susana Rodrigues, o Anjo Pornográfico também usou o pseudônimo Susana. Exatamente. Em 1944, Nelson adotou o pseudônimo de Susana Flag ao escrever o folhetim “Meu Destino é Pecar”, que fez grande sucesso nos jornais dos Diários Associados (Será que o Diário de Pernambuco publicou? Mas isso é outra história). “Caraça, mentira que Nelson usava esse nome, menina!!! Ele sempre foi genial”, exclamou Susana ao saber da coincidência de nomes artísticos
Susana Hernandes não é dramaturga, mas é cronista esportiva com um toque de ousadia - Assim como Nelson - pois ela é uma drag queen que produz conteúdo de futebol, estando à frente do Bixa de Passe, ao lado da mulher trans Bruna Frihed. . Aos 35 anos, Renato Chagas é jornalista, radialista, ativista e digital influencer. Há sete anos atua no segmento drag e é youtuber desde 2016. Susana topou conversar com o blog onde falou sobre sua trajetória, dificuldades, e como é ser LGBT e produtora de conteúdo em um meio cis masculino. Vamos acompanhar a entrevista?
Como é ser produtora de conteúdo de esportes, espaço tipicamente cis masculino?
Desafiador, mas prazeroso ao mesmo tempo; porque é um assunto que a gente curte, estuda e entende. É um desafio porque é um vespeiro, mas a gente se diverte; além de uma necessidade durante a pandemia, pra manter o canal vivo e a drag ativa. Convidei a influencer Brunna Frihed, uma mulher trans, que topou a ideia e tamo nessa há mais de um ano e meio.
Qual o momento que você elegeria como o mais importante da sua carreira?
Quando eu e a Brunna Frihed, minha companheira de bancada, uma mulher trans, entrevistamos a comentarista da Band e ex-jogadora Alline Callandrini. Jogou no Santos, meu time e jogava muito e comenta muito. Foi nossa primeira entrevista, no Dia do Orgulho e foi ótimo pro canal e pra gente.
Que dificuldades você passou desde que decidiu enveredar pela produção de conteúdo?
Acho que a maior dificuldade de 10 entre 10 criadores de conteúdo: a falta de apoio, tanto das marcas, quanto da comunidade. Conteúdo pode ser o melhor do mundo, mas se não tiver números pra entregar, não tem jeito.
Até que ponto a LGBTFobia atinge sua vida e seu trabalho de produção de conteúdo?
Parece incrível, mas sofremos poucos ataques, ao contrário de se fosse conteúdo político, então a gente tá bem blindado contra a LGBTfobia. E isso com um programa feito por uma drag queen e uma mulher trans.
Conta pra gente sobre a sua carreira e a sua formação.
Tenho sete anos de carreira drag, sou influencer, performer e militante. Fiz duas faculdades, jornalismo na UNIP e rádio e TV na Anhembi Morumbi mas ainda não conclui. E tô no YouTube desde 2016, faço conteúdo nas outras redes.
Que formadores de conteúdo você admira e tem como referência?
São vários, mas como a temática é esporte, gosto de Allan Simon, Casimiro, o William De Lucca (jornalista e ativista, o que me deu o estalo pra começar o Bixa de Passe), e muita webrádio de esporte.
Que tal acompanhar o canal da Susana?