sábado, 10 de dezembro de 2022

Dezembro Laranja: Cirurgia de Mohs é menos invasiva e aumenta chance de cura do câncer de pele


Criada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a campanha Dezembro Laranja tem o objetivo de alertar a população sobre a prevenção e os sinais do câncer de pele, possibilitando o diagnóstico e o tratamento precoce, ampliando as chances de cura do tumor de maior incidência no Brasil. Segundo projeções do o Instituto Nacional do Câncer (INCA), até o final de 2022, o país deve registrar 185,6 mil novos casos de câncer de pele. Dentre as possibilidades de tratamento, destaca-se a cirurgia micrográfica de Mohs, técnica mais precisa para a remoção das principais formas de câncer de pele, especialmente quando localizado na face. De acordo com a médica dermatologista e cirurgiã micrográfica de Mohs pela Sociedade Brasileira de Dermatologia com Fellowship na Hollywood Dermatology – USA, Virginia Batista, que é pioneira nesta técnica em Pernambuco, explicou sobre o assunto. 


Segundo especialistas, cerca de 95% dos pacientes que passam pela retirada de um carcinoma basocelular (CBCs) – o câncer de pele mais comum no Brasil e no mundo, classificado em 6 diferentes subtipos, de acordo com a forma que suas células se organizam microscopicamente – localizados na face, necessitam de reconstrução para reduzir o impacto da ferida. “A remoção realizada com a cirurgia de Mohs examina 100% das margens durante a cirurgia, logo após a sua remoção; já com a técnica convencional, examina entre 1% a 5% das amostras das margens dias após a cirurgia”, explicou Dra. Virgínia Batista. “Por meio desta técnica, considerada padrão ouro para tratamentos de câncer de pele, é possível identificar e remover todo o tumor, preservando a pele em torno da lesão. O procedimento consiste na retirada do câncer, camada por camada, e do exame de cada uma delas ao microscópio, até que se obtenha margem livre, ou seja, a remoção completa do tumor”, continuou. O nível de precisão e acerto pode atingir 98%. Após a obtenção da margem livre, é realizada a reconstrução da ferida resultante da retirada do tumor.


Ainda de acordo com a dermatologista, uma grande diferença dessa técnica para a convencional é que toda a patologia e biópsia são feitas de forma intraoperatória, enquanto o paciente está sendo operado, ao invés de ser no laboratório. Outra diferença é que na técnica convencional, a margem de pele sã precisa ser bem maior ao redor do tumor, em torno de meio até um centímetro, assim, o médico precisa fazer incisões ou cortes superiores para tentar retirar todo o câncer de pele. Isso pode ocasionar maiores cicatrizes, perda de função e até mesmo mutilações.  Na cirurgia de Mohs, a margem de segurança inicial é de um a dois milímetros, a partir daí, a visualização no microscópio irá orientar se e onde precisa retirar mais tumor e não pele sã. O método é indicado pelos principais protocolos de tratamentos mundiais de câncer, entre eles o The National Comprehensive Cancer Network (NCCN).


“Esse método é indicado para carcinomas basocelulares, carcinomas espinocelulares de alto risco de recidiva, melanomas finos de até um milímetro de espessura, dermatofibrosarcoma protuberans e alguns tumores mais raros de pele”, comenta a especialista. “Pode ser apontado, também, para os carcinomas basocelulares considerados de baixo risco, quando o objetivo for preservar a pele sã”, acrescentou. A técnica é, também, extremamente adequada para áreas de alto risco, onde não existe pele em excesso para realizar a reconstrução e é mais fácil o tumor invadir estruturas nobres e mais profundas, como músculo, cartilagem e osso. São consideradas áreas de alto risco as orelhas, nariz, lábios, pálpebras, região genital, mãos e pés. Segundo a Dra. Virgínia, “o procedimento de Mohs é importante nessas áreas que o tumor pode sair incompleto e voltar depois de períodos que variam entre meses e anos.”



PREVENÇÃO - O Brasil é conhecido por ser um país tropical, com alta incidência solar durante praticamente todo o ano. “Por isso, a proteção solar diária é de extrema importância, já que o tumor é ocasionado pela radiação ultravioleta UVA e UVB”, alertou Virginia Batista. “Lembrando que o sol não está apenas presente na praia ou piscina. Até dentro de casa, se você tem luminosidade, também tem radiação. Então, é interessante aplicar o protetor, precisando ser retocado a cada duas ou três horas”, concluiu. Evitar ampla exposição nos horários de pico do sol, entre às 9h até às 15h, é outra forma relevante de prevenção.