Apresentada em março na MIT+ e em maio no Festival Internacional FITEI, em Portugal, a performance virtual CAMMING 101 NOITES, da atriz, diretora e dramaturgista Janaina Leite, integra a programação do 7º Festival Midrash de Teatro [idealização do rabino Milton Bonder e curadoria de Marcio Abreu] com única apresentação dia 24 de julho, sábado, às 22h.
Criada a partir da experiência imersiva em plataformas de sexo virtual pago e em colaboração com Lara Duarte e Lillah Halla , CAMMING 101 NOITES integra o projeto Ensaios Escopofílicos para uma História do Olho, contemplado pela Lei Federal Aldir Blanc e Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa – Edital Proac Expresso Lab nº 47.
As “101 noites” do título fazem referência ao livro de contos As mil e uma noites, em que Sherazade precisa entreter seu esposo e rei lhe contando histórias, noite após noite, para não ser morta.
CAMMING 101 NOITES joga, de um lado, com o trabalho das camgirls profissionais que precisam manter a atenção dos clientes (visto que elas ganham por minuto então parte do trabalho não é sexual, mas erótico, imaginário, dramatúrgico, terapêutico de forma a prender a atenção do espectador/cliente pelo máximo de tempo possível), de outro, se refere ao tempo que Janaina se dedicou a essa experiência no período auge do isolamento social devido à pandemia. 101 noites de isolamento, 101 noites de interação erótica sem risco de “contágio”.
Novo espetáculo em 2022
Desdobramento direto das investigações do espetáculo Stabat Mater – vencedor do Prêmio Shell de Teatro de melhor dramaturgia – Ensaios Escopofílicos para uma História do Olho contempla a realização de uma série de ensaios, processos e estudos abertos ao público ao longo de seu desenvolvimento culminando na criação do espetáculo teatral inédito História do Olho – um conto de fadas pornô-noir, que deve chegar aos palcos em 2022. A montagem atrita as linguagens do teatro e da pornografia, e contará com artistas profissionais e amadores da pornografia.
Para Janaina Leite, o projeto interessa-se pelo uso do dispositivo documental em sua tensa relação com o real, sobre a performance em seu potencial de "complicadora cultural", associado ao tema tabu do erotismo e da linguagem pornográfica. “Sigo me perguntando sobre os limites da representação e o seu potencial de assegurar ou não uma mediação para o espectador e busco nos implícitos e explícitos da imagem, esse potencial profanatório que, como conclama Agamben, é a ‘tarefa política da geração que vem’”, explica ela.
Sabendo que este projeto pretende ser um exercício teatral, artístico, e metafórico, a proposta pretende não abandonar os estigmas e precarizações dos trabalhadores do sexo, já que é a partir deles que é despejado todos os preconceitos de um conteúdo que ao mesmo tempo é abjetado na vida pública e consumido e exaltado na intimidade masturbatória. “Não abandonar essa perspectiva é não corroborar com todas as violências causadas em nome dessa dissociação de vida pública e íntima”, acredita Janaina Leite.
Sobre Janaina Leite
Atriz, diretora e dramaturgista. É uma das fundadoras do Grupo XIX de Teatro de São Paulo e doutoranda na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP). Em 2008 deu início a sua pesquisa sobre o documentário e o uso de material autobiográfico em cena, resultando em diversos espetáculos e no livro Autoescrituras performativas: do diário à cena, publicado pela Editora Perspectiva, que a consolida como uma artista referência em teatro documental e autoficção no Brasil. Em 2019, estreou o espetáculo Stabat Mater, contemplado pelo Edital de Dramaturgia do Centro Cultural São Paulo, vencedor do prêmio Shell de Teatro de melhor dramaturgia e eleita a melhor estreia de 2019 pelo grupo de críticos de dois importantes jornais do pais. Janaina trabalha com orientação de cursos, palestras e curadoria no Brasil e em países como França e Portugal. [site – janainaleite.com.br].
Para roteiro:
CAMMING 101 NOITES
24 de julho, sábado, às 22h, no 7º Festival Midrash de Teatro [midrash.org.br]
Ingressos – Contribuição voluntária de R$ 0,00 a R$ 40,00 no [linktr.ee/salaabertarec]
Duração – 70 minutos. Capacidade – 200 pessoas. Recomendado para maiores de 18 anos.
Concepção e Performance: Janaina Leite I Participação Especial: Anita Saltiel I Dramaturgismo: Lara Duarte e Lillah Halla I Edição de vídeo: Mateus Capelo I Direção de produção: Carla Estefan I Operação técnica: Juracy de Oliveira | Fotos: André Medeiros Martins | Assessoria de Imprensa: Nossa Senhora da Pauta.