Uma pauta que surgiu em 2005, durante encontro liderado pela ONU, está começando a sair do papel e dar os primeiros passos aqui no Brasil. É o ESG, uma sigla em inglês para medir práticas ambientais, sociais e governança de uma empresa. Na prática, é uma maneira de atestar que a organização adota determinadas atitudes e iniciativas com esses fins. Bom para ela e bom para o mercado, que passa a gerar mais negócios verdes. E esse conceito tende a reduzir danos em cenários como risco de apagão e privatização da Eletrobrás.
“O risco apagão ocorre porque o Brasil ainda não está totalmente alinhado ao Acordo de Paris. Ou seja, a matriz energética dependente das hidrelétricas está assoberbada e a solução encontrada está associada à queima dos combustíveis fósseis para geração de energia, por meio das termelétricas. Isso em contraponto às métricas estabelecidas no Acordo, no sentido de que os países devem privilegiar as energias limpas”, avaliou Alysson Nascimento, sócio da área de Direito Ambiental e Sustentabilidade de Queiroz Cavalcanti Advocacia.
Segundo ele, essas três letrinhas ESG são como um certificado de comprovação. Da mesma maneira que um produto orgânico, por exemplo, tem selo de comprovação. Que um ventilador tem um selo informando que consome menos energia. Ou que uma organização não adota trabalho escravo na sua produção.
Além de trazer benefícios internos e externos a ela, esse tal environmental, social and governance é um atrativo, que coloca a empresa na vitrine para viabilizar parcerias e fazer negócios. É como se ela desse um passo mais adiante na fila, na hora de se tornar um fornecedor. Ou ainda atrair investimentos.
“Não cabe mais, para os países que assinaram o acordo de Paris e que estão alinhados aos objetivos de desenvolvimento sustentável, manter a utilização de combustíveis fósseis na sua matriz principal. Em um futuro próximo, essa realidade irá chocar com as tendências corporativas de grandes empresas (nacionais e multinacionais) filiadas à pauta ESG, bem como com a sociedade civil em geral partidária do consumo consciente”, argumentou Alysson.
Ações práticas - Para ser considerada uma empresa sustentável, não basta se preocupar com o meio ambiente ou pautas sociais. Elas precisam, de fato, adotar e comprovar que adotaram algumas medidas que mitiguem esses impactos. Por exemplo: proteção aos recursos naturais, redução do consumo de energia e utilização de fontes de energia sustentáveis. Isso em diversas ações práticas com os colabores, fornecedores e extensivas também a consumidores para que haja o consumo consciente. Ou seja: a empresa busca diminuir seus impactos ambientais e os consumidores terão produtos mais sustentáveis.
O sócio da área de Direito Ambiental e Sustentabilidade defende que, para que exista um ciclo sustentável, é preciso que todos partilhem da mesma ideia: Estado, pessoas físicas e jurídicas. Do contrário, os investimentos das multinacionais, principalmente as norte-americanas e europeias - que têm a pauta ESG como requisito – diminuirão os seus investimentos no Brasil.
Soluções - A movimentação começou. Pelo menos 343 startups com foco no desenvolvimento de soluções ESG já foram mapeadas no Brasil. Destas, 180 atuam principalmente em meio ambiente, 130 possuem negócios relacionados ao impacto social e 33 desenvolvem soluções de governança. Os dados fazem parte do relatório “Inovação e ESG”, da consultoria ACE Cortex.