sábado, 22 de maio de 2021

Escola pública é tema de experiência cênica virtual com atores-professores

 

Em 2019 alunos de uma escola pública de Carapicuíba, localizada na Grande São Paulo, jogam cadeiras e carteiras em uma professora. O conflito registrado em vídeo rodou o mundo e é o disparador da experiência cênica virtual ESSA É A HISTÓRIA DA CARTEIRA QUE VOOU, primeira montagem do Coletivo Nos Educando, que faz seis apresentações de 27 a 30 de maio.

Contemplada pelo ProAC Primeiras Obras da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, a montagem com idealização e dramaturgia inicial de Juli Codognotto e Patrícia Torres e direção geral do próprio grupo, traz no elenco Camila Shunyata, Daniel Carvalho, Danilo Monteiro, Juli Codognotto, Lenilson de Souza Thomaz e Roberta Marcolin Garcia.

Em ESSA É A HISTÓRIA DA CARTEIRA QUE VOOU, o público será guiado pelos atores, via WhatsApp, entre cenas ao vivo compartilhadas na plataforma Zoom e vídeos e áudios gravados previamente, disponibilizados no momento da apresentação. Haverá também um momento para a partilha de histórias reais, narradas por professoras e professores convidados Amália Galvão, Felipe Michelini, Mari Pionório, Natacha Lorido, Nilton Serra e Silvani Moreno.

Curtas-metragens

Para aproximar o público das questões da educação pública de São Paulo, a jornada online envolve narração de histórias, poesia, performance, música e videoarte. Cada apresentação será única, pois a cada sessão serão exibidos dois vídeos diferentes, entre seis curtas, denominados Cadernos, criados a partir de temas urgentes de estudo e criação. São eles: Caderno Mídia: Sobre a liberdade de ser; Caderno Violência das desigualdades: Uma escavação ou Você já esteve à margem?; Caderno Obediência e Morte: O espírito na UTI; Caderno Transgressão: Luto é verbo; Caderno Cura: Passou!; e Caderno Utopia: Escolas que ainda nunca.

Juli Codognotto explica, que após as apresentações, os seis vídeos ficarão à disposição do público e a experiência completa ganhará uma edição no Youtube do coletivo. “Os vídeos também serão disponibilizados às instituições de educação do Município e do Estado de São Paulo para que possam chegar a mais docentes”, complementa a atriz e professora.

Chão da escola

ESSA É A HISTÓRIA DA CARTEIRA QUE VOOU parte de uma situação específica (o vídeo de Carapicuíba) para narrar, sob diferentes pontos de vista, outras histórias do chão da escola, além de perceber diversos aspectos de como a sociedade entende e realiza a educação das crianças e jovens; arriscar um pensamento crítico a respeito das mídias, seus usos e possibilidades; desenvolver um processo de cura (no sentido de cuidado, de demorar-se no assunto, de experimentar caminhos de superação) em relação às feridas da situação de guerra imposta a educadores e estudantes; e ousar mirar utopias, nesse espaço tão amplo e complexo que é a escola.

“Quem pisa diariamente no chão da escola sabe que a história de Carapicuíba não é nem rara, nem a mais grave das situações do cotidiano escolar. No entanto, a visibilidade que o vídeo amador adquiriu convocou de algum modo o olhar da sociedade para a educação pública”, acredita Juli Codognotto.

O vídeo amador gravado no primeiro semestre de 2019 por um estudante de escola pública na cidade de Carapicuíba, registra o conflito entre uma educadora e alguns estudantes, que termina com ela deixando a sala e eles arremessando cadeiras e carteiras que formam uma escultura de horror no meio do espaço. O vídeo viralizou na internet e tornou-se pauta na grande mídia, atingindo seu auge ao ser exibido no programa Fantástico, da Rede Globo. Tamanha divulgação gerou revolta, solidariedade, indignação, preocupação por parte de muitas pessoas, causou o afastamento da educadora por licença psiquiátrica e também impulsionou providências punitivas em relação aos jovens – negros e periféricos – detidos por agressão.

Vivências online

Como parte do projeto aprovado pelo ProAC, os atores oferecem um ciclo de três vivências gratuitas online chamado Nos educando entre nós: pegadas de des-formação nos caminhos da arte, cujo encontros buscam, por meio de práticas da arte-educação não-formal, fomentar a pulsão criativa, convidando à diversidade das expressões – celebrada coletivamente. O público pode participar do percurso completo ou escolher quais vivências quer acompanhar.

As vivências acontecem sempre aos sábados, das 10h às 12h. A primeira, Escrita como espaço de invenção será realizada dia 15 de maio e a segunda, Dormir histórias para despertar acontece dia 22 de maio. Partilha artística como mobilização e luta é a terceira e última e ocorre no dia 29 de maio. As inscrições podem ser feitas pelo endereço linklist.bio/Inscricoes_nos_educando.

Sobre os curtas-metragens Cadernos

Caderno Mídia: Sobre a liberdade de ser

Experimento sobre a liberdade de ser na escola e no mundo, levantando questões sobre a cultura patriarcal e a LGBTQIA+FOBIA no contexto escolar e na mídia.

Direção: Lenilson de Souza Thomaz | Edição: Daniel Carvalho | Atuação: Camila Shunyata, Daniel Carvalho e Lenilson de Souza Thomaz.

Caderno Violência das desigualdades: Uma escavação ou Você já esteve à margem?

Escavamos a história da educação e os chãos da escolas para buscar sentidos e sementes para plantar juntos no caminho da superação da violência das desigualdades.

Direção e edição: Camila Shunyata | Atuação: Coletivo Nos Educando e crianças convidadas.

Caderno Obediência e Morte: O espírito na UTI

“Que profundo mistério esse que mata o corpo coletivo, mas o deixa aqui, como se ainda vivo”. Com delicadeza e coragem, buscamos tocar o corpo docente que adoece “de educação” no Brasil hoje e arriscamos apostar na sua recuperação por meio dos vínculos.

Direção e edição: Roberta Marcolin Garcia | Atuação: Camila Shunyata, Juli Codognotto e Roberta Marcolin Garcia.

Caderno Transgressão: Luto é verbo

A poesia traz neste caderno a luta das professores e dos professores na escola e fora dela, e ainda a luta das estudantes e dos estudantes, lembrando que cada decisão, cada dois segundos de silêncio dentro para tomar uma decisão, fazem a diferença no cotidiano escolar.

Direção e edição: Daniel Carvalho | Atuação: Camila Shunyata, Daniel Carvalho e Lenilson de Souza Thomaz

Caderno Cura: Passou!

A dificuldade de escuta, na escola e em tantos espaços da vida, que nos adoece. E a atenção ao pequeno e delicado espaço diário do cuidado que pode nos guiar a alguma possibilidade de cura que, se existe, brota da partilha.

Direção: Juli Codognotto | Edição: Daniel Carvalho | Atuação: Coletivo Nos Educando e crianças convidadas.

Caderno Utopia: Escolas que ainda nunca

Como dançar uma utopia? Você já dançou horizontes? A escola que virá, a que ainda nunca, a que desejamos, só poderá ser construída por nossas mãos, braços, músculos e pés - por nossas danças! - e brotará aqui, em meio a essas ruínas de que somos testemunhas.

Direção e edição: Danilo Monteiro | Atuação: Coletivo Nos Educando.

Sobre o Coletivo Nos Educando

O Coletivo Nos Educando nasceu em 2019, a partir do desejo de artistas e educadores de transformar a realidade da educação pública, vivenciada por seus corpos, em criação artística. Somos pessoas formadas pelas escolas públicas, somos professores de escolas públicas, somos pais de estudantes de escolas públicas. Assim, a escola pública, prioritariamente, e a educação, de modo geral, são os assuntos abordados pelo Coletivo em vivências e obras teatrais e de múltiplas linguagens artísticas, buscando discutir, entre toda a sociedade, a educação como prática da liberdade e do comum.

Instagram: @nos_educando | Facebook: @noseducando | Youtube: Coletivo Nos Educando.

Para roteiro:


ESSA É A HISTÓRIA DA CARTEIRA QUE VOOU

De 27 a 30 de maio, quinta e sexta-feira às 20h, sábado às 19h e 21h e domingo às 18h e 20h (apresentações online via WhatsApp e Zoom). Duração – 75 minutos. Recomendado para maiores de 12 anos. Grátis – Inscrições antecipadas pelo link forms.gle/vJUQqJbVQqw95uhLA.

Realização – Coletivo Nos Educando. Idealização e Dramaturgia Inicial – Juli Codognotto e Patrícia Torres. Coordenação de Pesquisa – Camila Shunyata. Roteiro Experiência Online – Coletivo Nos Educando | Organização – Juli Codognotto. Direção Geral – Coletivo Nos Educando. Atuação – Camila Shunyata, Daniel Carvalho, Danilo Monteiro, Juli Codognotto, Lenilson de Souza Thomaz e Roberta Marcolin Garcia. Direção Musical e Trilha Sonora – Danilo Monteiro. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Produção – Juli Codognotto e Roberta Marcolin Garcia.