Após o sucesso de "Phantasmagoria", espetáculo criado em pleno ápice da pandemia do coronavírus no Brasil, os artistas Eme Barbassa e Davi Tostes repetem a parceria no inédito "Antropotomia ou a Delicadeza nos Tempos do Ódio". Desta vez, a dupla pesquisa o lugar da corporalidade nas redes sociais e desenvolve um trabalho criativo fomentado pelo Centro Cultural da Diversidade (@ccdiversidade), de São Paulo.
"Antropotomia" aborda questões de identidade, gênero e sexualidade a partir de um futuro distópico onde uma mulher trans (Barbassa) é capturada por cientistas após se revelar imune a um novo vírus que vem dizimando a população. Sua rotina diária inclui exames e lives transmitidas por uma plataforma de entretenimento, além da visita de um enigmático cuidador (Tostes).
"Nos interessa pensar o papel dos corpos dissidentes nas redes sociais, local onde somos constantemente apresentados a imagens manipuláveis e impressionantes o tempo todo. Isso acaba por interferir em nossas percepções acerca de nós mesmos, dos nossos desejos e afetos", fala Eme Barbassa. "Com o avanço tecnológico, fomos ganhando vantagens e maior liberdade social e pessoal. Por outro lado, ficamos cada vez mais expostos e vulneráveis ao poder e ao controle dessas relações interativas", afirma Davi Tostes.
A pesquisa inédita da dupla de Ribeirão Preto conta com provocação da diretora Mika Lins. "Considero a Eme uma artista inquieta e talentosa. Sua escrita é bastante interessante e reflete questões do aqui e agora. Gosto muito dela como atriz também. Nessa nossa experiência, vi sua entrega e disponibilidade para ser dirigida e percorrer novos caminhos", afirma Mika. Junto aos criadores do projeto, ela participa no próximo dia 28, às 19h, de uma live mediada pelo jornalista e apresentador Pedro Leão e que será exibida no Instagram do CCD (@ccdiversidade). Os quatro vão falar sobre o processo de criação e sobre os desafios dessa temática no contexto atual.
"Antropotomia", termo que significa dissecação do corpo humano, nasce a partir de uma série de ataques virtuais que a diretora e atriz Eme Barbassa sofreu ao falar em entrevista ao jornal O Globo, em março de 2020, por ocasião da estreia de "Phantasmagoria". Trans, gorda e feminista, ela abordou o lugar dos corpos marginalizados nas representações audiovisuais, teatrais e midiáticas em geral.
Antropotomia ou a Delicadeza nos Tempos do Ódio
Quando: dia 30/5, às 19h, no Instagram do CCD (@ccdiversidade)
Live com a provocadora cênica Mika Lins e os criadores
Dia 28/5, sexta-feira, às 19h, no Instagram do CCD (@ccdiversidade)
Ficha técnica
Direção e Dramaturgia: Eme Barbassa
Elenco: Davi Tostes e Eme Barbassa
Produção: Davi Tostes
Provocação Cênica: Mika Lins
Visagismo: Louise Helène
Design de Luz: Michel Mika Masson
Figurino (Eme): Robes Britto
Trilha Sonora: Jonas Tostes e Davi Tostes
Participação especial: Katia Calsavara
Social Media: Rafael Corrêa
Fotos: Cleber Corrêa