O Parque Profissionalizante Professor Paulo Freire, no Recife, começou a realizar as primeiras aulas voltadas a adolescentes em reinserção social após a prática de atos infracionais. A chegada dos alunos, todos em internação em centros da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase), ocorreu após um início de operação gradativo, que incluiu a instalação de equipamentos e o planejamento da grade de cursos. O espaço foi entregue em março após um convênio entre o Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ), e a Procuradoria Regional do Trabalho da 6ª Região.
O equipamento tem seis laboratórios, instalações administrativas e área livre para aulas de jardinagem e paisagismo. No momento, estão ocorrendo os cursos de Introdução à Automação Eletroeletrônica, Corte de Cabelo Masculino e Introdução ao Reparo de Computadores. Os instrutores – Higino Filho, Ronny Fernando e Daniel Barreto, respectivamente – são ligados ao Eixo Profissionalização, Esporte, Cultura e Lazer da Funase, setor responsável pela operação do espaço. Em breve, também serão abertos os laboratórios de culinária e informática e uma sala multifuncional, voltada, por exemplo, a cursos de produção audiovisual.
“Pernambuco dá mais esse passo nas políticas para a juventude, fortalecendo a qualificação profissional do público do sistema socioeducativo em um espaço exclusivo e pensado para essa finalidade. Temos muito orgulho deste novo equipamento, entregue depois de um período de reforma graças a uma destinação de recursos do Ministério Público do Trabalho, parceiro dessa iniciativa. Foi uma articulação em que nos envolvemos ainda em 2019, no início da atual gestão, e que temos a felicidade de ver se concretizando”, afirma o secretário de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude de Pernambuco, Sileno Guedes.
O socioeducando L.A.A.S., de 16 anos, está fazendo parte do primeiro grupo de alunos a frequentar o Parque Profissionalizante juntamente com outros 11 internos do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Jaboatão dos Guararapes. Na aula de barbearia, ele exercitou a responsabilidade de manusear instrumentos de trabalho e a confiança de ter o cabelo cortado pelo instrutor e por colegas de turma. “Acho que tem a questão positiva de sair um pouco da unidade pra ter os cursos aqui e enxergar as oportunidades. A barbearia é essencial toda hora, uma profissão que pode ser seguida. É bom estar aprendendo isso aqui”, avalia.
Além dos internos do Case Jaboatão, 15 socioeducandas do Case Santa Luzia, no Recife, também compõem a lista de estudantes com participação nos primeiros cursos ministrados no novo espaço. Devido às medidas de prevenção ao coronavírus, os alunos são divididos em turnos e em turmas com até cinco pessoas por sala. A ideia é que, gradativamente, adolescentes atendidos em outras unidades socioeducativas sejam inseridos em atividades no local. Outra ação planejada é estabelecer parcerias com instituições interessadas em utilizar os laboratórios do Parque Profissionalizante para ministrar cursos, como já ocorre nos centros da Funase.
O coordenador do Eixo Profissionalização, Esporte, Cultura e Lazer da Funase, Normando de Albuquerque, explica que a dinâmica do equipamento trabalha a favor de uma proposta diferenciada. “Antes da pandemia, tínhamos resultados muito positivos nos cursos realizados fora da Funase, em instituições parceiras. Agora, estamos fazendo isso aqui, um espaço da Funase, mas que funciona como zona neutra, fora das unidades. Os alunos assinam um termo de convivência, passam por uma triagem, sabem que o bom comportamento os coloca e os mantém aqui. É nessa relação de confiança que estamos construindo este novo momento”, conclui.
lmprensa Funase PE