Originado para mostrar o processo de criação da Cia. Dança sem Fronteiras, que durante 15 meses trabalhou a maior parte do tempo a distância, o documentário espetáculo CIRANDA DE RETINA E CRISTALINO estreia dia 27 de abril, terça-feira, às 20h, no canal do YouTube da Cia. Dança sem Fronteiras [youtube.com/DançasemFronteiras]. As apresentações virtuais gratuitas também acontecem nas redes sociais de vários equipamentos culturais da cidade de São Paulo.
Com direção geral e concepção de Fernanda Amaral, CIRANDA DE RETINA E CRISTALINO ganha o universo online com sessões dias 28 de abril, quarta-feira, às 14 e 19h, na Casa de Cultura Raul Seixas; 29 de abril, quinta-feira, às 14h e 19h, na Casa de Cultura do Butantã e 30 de abril e 1º e 2 de maio, de sexta-feira a domingo, às 19h, no Teatro Arthur Azevedo. Nos dias 1º e 2 de maio, sábado e domingo, às 16h30, haverá sessões com audiodescrição transmitidas pelo canal da Cia. no YouTube.
O documentário espetáculo intercala cenas elaboradas durante a execução do projeto Poéticas da Diversidade, contemplado pela 27ª Edição do Fomento à Dança, com depoimentos e vídeos desenvolvidos durante a pandemia. Em cena estão os bailarinos Ana Mesquita, Gabriel Domingues, Gustav Coubert, Lucinéia Felipe dos Santos, Maiara Roquetti e Rafael Barbosa, além da própria diretora Fernanda Amaral.
Mudança de olhares
CIRANDA DE RETINA E CRISTALINO apresenta os temas da pesquisa de criação de espetáculo, assim como as vivências dos bailarinos da Cia. Dança sem Fronteiras e seus processos diários de mudanças e adaptações nestes tempos de afastamento social e encontros através de telas. “Durante 2020 inteiro e agora em 2021 nos encontramos semanalmente para pesquisar e desenvolver ações educacionais, além dos processos de criação do documentário espetáculo. O filme utiliza, por meio de uma dramaturgia poética, objetos cotidianos e com isso forma imagens e movimentações, que com sutiliza refletem sobre a mudança de olhares”, explica Fernanda Amaral.
A montagem de CIRANDA DE RETINA E CRISTALINO traz entre outros os personagens Retina, mulher com baixa visão que baila atrás de sua janela; Cristalino, jovem com baixa visão que se equilibra fazendo malabarismos na penumbra com sua bengala verde e sua roda iluminada; Cecília, jovem que baila com seu olho roda com grandes cílios e Iris e Corneia, dançarinas com duas faces, que dançam e refletem suas imagens em um grande espelho.
Todos os intérpretes no começo estão isolados em espaços demarcados por desenhos de círculos feitos com giz no chão e a iluminação. Eles estão conectados por suas narrativas corporais, que as vezes se unem em uma só coreografia de diversos corpos afastados, mas que ao final do espetáculo mesmo a distância, são ligados por grandes elásticos em uma grande ciranda da memória.
Rodas, círculos e cirandas
Em CIRANDA DE RETINA E CRISTALINO as composições coreográficas são cuidadosamente desenhadas com os corpos dos bailarinos e suas características únicas, juntamente com a trilha e a iluminação, que tem um papel fundamental no desenho das cenas, delimitando espaços e diálogos com movimentações diversas.
O elemento círculo, a roda que gira-gira e dá volta rodando na ciranda da memória lembrando o infinito, se tornaram poesia, movimento e canção, como diz a letra da ciranda composta por Fernanda Amaral e o músico Wagner Dias para o espetáculo: “Foca e descoca provoca um novo olhar em uma só virada” ... “do mundo que gira, gira e dá voltas lembrando da Ciranda sem fim.”
O documentário espetáculo também traz cenas do videodança Fronteiras da Memória. “Selecionamos imagens feitas por um drone da cidade vazia e com essas cenas fazemos algumas perguntas. Que olhar teremos? Será que nossa visão voltará? Será que ainda vamos focar, quando tudo virar só lembrança? Que memórias sobrarão? Serão alucinações? Serão ilusões?”, antecipa Fernanda Amaral.