Boa leitura!
E você, Daniela! Seja bem vinda ao blog!
Esse
projeto fala de muitas Anas, Marias, Joanas e de tantas outras mulheres que
como eu e você apavoradas pela cobrança social intensa pode ter em algum
momento se desviado do caminho da felicidade, se submetendo à relações
perversas e disfuncionais que as fizeram protelar seus sonhos.
Então,
nossa querida Jornalista Tais Paranhos, abre espaço para a coluna Xegamiga
dedicada a dor feminina, para que possamos pensar questões profundas
necessárias à ressignificação de uma história marcada por violência e sangue.
Conteremos
histórias de dor e faremos uma análise profunda do que nos coloca histórica,
social ou psicologicamente nessa condição.
Vamos
juntas romper as barreiras para poder “voar mais alto.”
Vamos falar de medo
A palavra
medo provém do termo latim metus e,
nada mais é que uma perturbação angustiosa a um risco ou uma ameaça real ou
imaginária. O conceito também se refere ao receio ou à apreensão que alguém tem
de que venha a acontecer algo contrário àquilo que pretende. Ele é uma das
emoções primárias que resultam da aversão natural à ameaça, presente ou futura,
que podem colocar o indivíduo em situação de perigo iminente.
Esse
sentimento é protagonista de estórias de cárcere existencial com origem em
estruturas mentais distorcidas que apartam os seres humanos de vivenciar a
liberdade em sua plenitude.
Conceitualmente
perpassa por várias vertentes, biológica, sociológica e psicológica.
Além da
morte, o medo é uma das poucas coisas certas para o homem, pois não existe ser
vivente que jamais tenha experimentado o temor, em algum momento de sua vida,
pavor ou até mesmo fobia, sendo essa última sua forma de expressão mais aguda.
Sob o
viés psicológico, o medo é um estado necessário para o ser humano possa se
adaptar ao meio, criando mecanismos de confronto à eventos adversos, que não
são raros em nossa caminhada existencial.
O medo
psíquico que se estabelece em função de eventos que geralmente associados a
nossa infância que não conseguimos sublimar adequadamente. Tememos o erro por
medo de não sermos aceitos, de não sermos amados. Ele nos fragiliza, aprisiona,
na medida em que nos induz a um estado de letargia, a inércia.
Tememos o
erro, por isso, não nos arriscamos. E, na busca do lugar seguro, nos exilamos
de nós mesmos, na medida em que escondemos nossas vontades, não realizamos nossos sonhos. Seguimos, assim, nos esgueirando da vida,
nos escondendo de nós mesmos, nos apartando de nossa essência.
No caso das mulheres a
necessidade de aceitação passa por uma questão de pertencimento, já que desde
Adão fomos cunhadas para servir e criadas não do todo – imagem e semelhança de
Deus, mas de uma parte, a costela. Desde Adão fomos relegadas a uma condição de
acessoriedade e exatamente por isso nos cobramos e culpamos tanto. Por isso, precisamos andar juntas para a desconstrução do machismo
estrutural, consolidado desde as raízes mais primitivas de nossa civilização,
normalizado e difundido como senso comum do “dever ser”, que nos afasta da
igualdade de direitos e deveres entre os gêneros.
Diante do medo, há duas reações possíveis: o
confronto ou a fuga. Para cada um de nós é oportunizada a escolha do caminho a
seguir. Então, que ela se incline em direção da felicidade que somente é
possível quando conseguimos romper a barreira do medo e nos entregar aos nossos
desejos mais secretos.
Onde houver medo de caminhar, que sejam erguidas
pontes que possam dar passagem a nossa liberdade, desejo e sonhos, pra que
sejamos criaturas felizes e mais nada.
Daniela Mello
Presidente do Instituto Xegamiga de combate a violência contra as mulheres