Quantas vezes nós nascemos? Você já se perguntou isso? É possível nascermos mais de uma vez numa mesma vida? Bom, eu já me perguntei isso inúmeras vezes e já me peguei pensando nos meus vários nascimentos ou (RE)nascimentos...
Dom Helder disse uma vez: Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo. Quanta verdade numa simples afirmação! Enxergo essas mudanças como novos nascimentos ou (RE)nascimentos numa mesma vida.
Há alguns anos, li que em nosso período de vida nascemos sete vezes. Cada vez por uma razão específica. Isso mesmo! Sete vezes!
Nosso primeiro nascimento é na forma de criança: tudo é novo e somos observadores das novidades que nos rodeiam. Não temos consciência das coisas e vivemos meio perdidos, desorientados até... Acho que até meus 15 anos eu me enquadrava aqui! Até eu me deparar com o diagnóstico de câncer de minha mãe. Isso mesmo!
Nasci pela segunda vez aos 15 anos: era uma aprendiz curiosa. Saia do colégio católico que tinha me abrigado nos meus últimos 11 anos para uma escola pública. Distante de casa. Passava quatro horas ou mais em transportes públicos diariamente. Meu foco estava em aprender coisas novas, vivendo humildemente para absorver conhecimentos para ter uma melhor experiência de vida. Os ensinamentos com quem convivi nesse período foram essenciais para eu me tornar quem sou hoje... E mais, ver minha mãe tão jovem com uma doença que poderia tê-la levado de mim me preparou para as coisas que estavam por vir com mais zelo, mais amor ao próximo, mais doação...
Em dezembro de 1993, com o falecimento de minha avó materna, eu nasci pela terceira vez. Essa vida é uma espécie de meio termo entre o exercício da criatividade e a maturidade. Despertamos o nosso explorador interno e buscamos conhecer melhor a vida, o mundo e as pessoas ao nosso redor. Acredito que a partida repentina de minha avó acelerou meu terceiro nascimento... Nessa vida eu fui prematura! Acredito que não estava emocionalmente preparada para o tanto que iria viver. Sempre rodeada de amigos, ouvindo tantas dores e tentando ajudar o mundo a ser melhor. Nesse nascimento, deixei o útero e ingressei na faculdade. Iniciei o curso de meus sonhos – arquitetura – e tive muita desenvoltura academicamente... Tudo estava sendo traçado para o que viria a seguir em outra vida... Coloquei em prática as lições que aprendi em meus nascimentos anteriores. Senti que tinha muito para fazer e pouco tempo disponível. Era muito ansiosa. Elétrica. Não aproveitava o presente, pois sempre pensava no que estava por vir. Exigia muito de mim: excelentes notas na universidade, melhores estágios, cursar mais de dez disciplinas por semestre, cumprir prazos, etc. Também passei por decepções amorosas, investi em relacionamentos fracassados... me senti impotente...
Mas lá veio Deus novamente... me deu nova vida... Aos 26 anos, estava nascendo outra Thyana. Nessa vida, aprendi mais sobre o que é o amor. Essas descobertas podem ser complicadas e difíceis de processar. Foi minha vida de amante. Amei muito nessa vida!!! Só de lembrar, suspiro! Coração acelerado, boca seca, borbulhas na barriga... (risos!) Amei muito e mais de uma vez!! Mais de uma pessoa! Nessa vida, também descobri uma paixão: viajar! Conheci terras distantes e tive certeza que podemos ir aonde quisermos... basta acreditar! A gente chega a perceber quando a pessoa está na quarta vida: o senso de romance é elevado e ela transpira paixão. Devemos aproveitar os amores com cautela, mas sem nos privar de viver esse sentimento tão poderoso... Durante essa vida eu contraí matrimônio... Fase maravilhosa, apesar de todas as dificuldades. Não tenho arrependimentos. Vivi tudo com muita verdade!
Minha quinta vida teve início com minha primeira gestação. Foi uma vida muito fértil! (risos!) Passei por muitas emoções num período curto de tempo: ingressei na universidade como docente, passei num processo seletivo de doutorado, engravidei, pari, amamentei, me descobri como mãe e engravidei novamente. Mais amamentação, mais doação. Mais multiplicação de amor. Me doutorei. Tive outros filhos: tantos alunos, caronas que ofertei... conquistei pessoas! Nessa vida, nosso foco é o reconhecimento. Fizemos nossas partes nas vidas anteriores e agora esperamos os resultados, apesar de, no fundo, temermos que seja desfavorável ao que esperamos. Isso desperta uma certa ansiedade, assim como um conquistador que espera todo o seu esforço ser reconhecido e seus sonhos concretizados. Em meio a ansiedades, medos e enfrentamentos... Outra Thyana nasceu nessa mesma quinta vida... a Conquistadora fincava seus pés num novo lar. Era 08/12/2014 e Deus me fez ver que numa vida podemos mudar o curso do barco se ele está navegando em águas que não trazem tranquilidade! Eu e minhas filhas adentrávamos em nossa nova casa, com muita fé, união e muito amor!
E lá vem Deus me fazer nascer de novo... Em plena pandemia... Um ano marcado por tantas dificuldades mundiais. Um ano que trouxe o isolamento físico e social como remédio para uma doença tão devastadora. Assim como em 2014, é dezembro e Thyana nascerá novamente... É exatamente assim, meus queridos. Depois de conquistarmos nossos objetivos, chega o momento de compartilharmos com as pessoas ao nosso redor. A sexta vida é da doação. Nessa vida, estamos mais abertos à caridade e a ajudar outras pessoas a evoluírem. Como nossas almas passaram por todas as etapas de crescimento, sentimos que podemos contribuir para a evolução das pessoas ao nosso redor. Li que, provavelmente, na sexta vida, você vai se interessar por atividades que envolvam fazer o bem e, é bem provável que você se apegue à espiritualidade ou a alguma fé em especial... Eu me apeguei ao AMOR! Essa é minha religião e carrego ela aonde quer que esteja... Partilho essa religião com todos: conhecidos e desconhecidos. Sempre com um sorriso no rosto... 09/12/2020: Thyana entra na sala de cirurgia não para retirar um câncer, mas para nascer novamente. Será sua sexta vida! Uma vida repleta de AMOR, AMIGOS, APRENDIZAGENS, CONQUISTAS, SORRISOS, VITÓRIAS...
Essa sexta vida começará agora. Hoje.
Todos são testemunhas!
Naquela leitura realizada há uns anos, sei que há, ainda, a sétima vida: nosso último renascimento, e nele vivemos uma espécie de continuação da vida anterior, mantendo nosso senso de generosidade e caridade. O que difere essa vida da que iniciarei hoje é que valorizamos mais o tempo para nós mesmos e a introspecção, buscando mais conhecimentos sobre nós mesmos e tudo o que há. Ou seja, primamos pelo autoconhecimento.
Bom, ainda tenho tempo para chegar nessa vida... E algo que aprendi com todas as outras é viver um dia de cada vez. Com calma. Sem ansiedade. E, claro, tenho as pessoas que mais amo em meu caminho... como testemunhas das vitórias que a vida (ou sete vidas em uma) pode me ofertar!