Durante encontro virtual realizado nesta sexta-feira (18) com profissionais da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase), a psicóloga Monica Mumme, referência nacional em Justiça Restaurativa, falou sobre isolamento, superação de conflitos e convivência no contexto da pandemia, fazendo paralelos com a realidade vivenciada por adolescentes e servidores do sistema socioeducativo. O evento foi promovido pelo Núcleo de Justiça Restaurativa da Funase com o objetivo de gerar reflexões sobre as atividades desenvolvidas em 2020 e como motivação para as ações institucionais de difusão da cultura de paz previstas para 2021.
Monica Mumme contribuiu com a Funase no processo de implantação da Justiça Restaurativa na instituição, tendo ministrado um curso de capacitação para 80 funcionários da fundação, em 2018. No ano seguinte, a Funase deu mais um passo, criando o Núcleo de Justiça Restaurativa, um dos poucos do país institucionalizado em Diário Oficial e em funcionamento no sistema socioeducativo. “O núcleo é um ato de resistência ao acreditar nas existências plurais. E algo sagrado, para mim, é acreditar nisso. Tenho acompanhado os movimentos, e é importante reconhecer que a Funase é referência em Justiça Restaurativa no Brasil”, atestou.
Ao refletir sobre os isolamentos na pandemia, a consultora lembrou que eles evidenciaram conflitos devido ao contato mais próximo entre pessoas que, por vezes, tinham convivências meramente burocráticas. “É claro que há muitas diferenças entre o isolamento vivido pelos adolescentes privados de liberdade e o que a população vivenciou durante a quarentena, mas é possível dizer que ao menos 1% daquela sensação pôde ser sentida por todos, com implicações na saúde mental, por exemplo. Com ou sem pandemia, fica claro que não é mais possível pensarmos nossa lógica de uma forma que não seja refletindo sobre o bem comum”, analisou.
O encontro virtual foi acompanhado por cerca de 30 pessoas, entre servidores que atuam como facilitadores de Justiça Restaurativa e outros profissionais. A presidente da Funase, Nadja Alencar, também prestigiou o momento e destacou a importância de essa temática ser trabalhada. “Estávamos vivendo momentos muito difíceis antes de nos aproximarmos dessa ferramenta. Mas conseguimos muito, tivemos avanços significativos no controle da violência institucional dentro da Funase. Ainda temos grandes desafios e uma responsabilidade imensa, mas agradecemos muito ao trabalho do Núcleo de Justiça Restaurativa”, afirmou.
lmprensa Funase PE