A Academia Nacional de Medicina, entidade sediada no Rio de Janeiro, lançou hoje (11) uma Nota Oficial onde mostra Indignação com a condução do governo federal da crise da COVID-19, que já matou, oficialmente, cerca de 180 mil brasileiros. "Grande parte das 200 mil mortes que logo contabilizaremos poderia ter sido evitada. O
tempo perdido com a falsidade, matou dezenas de milhares e vai seguir matando", afirma a nota. "[A Academia] manifesta enorme indignação pelo descaso,
descuido e negligência por parte das autoridades governamentais e da classe política
que seguem omissas e servis a interesses eleitorais, menosprezando a vida dos
cidadãos".
Além de manifestar indignação, a nota também faz propostas para o combate à Covid-19. "Além da vacina, é necessário educar e estimular exemplos e programas de informação
adequados para o uso obrigatório de máscaras, do afastamento entre as pessoas, de
coibir, a todo custo, as aglomerações".
Veja a nota oficial na integra:
Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 2020
A Academia Nacional de Medicina, em seus 191 anos de luta pela saúde da população
brasileira e como instituição apolítica, manifesta enorme indignação pelo descaso,
descuido e negligência por parte das autoridades governamentais e da classe política
que seguem omissas e servis a interesses eleitorais, menosprezando a vida dos
cidadãos.
Como entidade de assessoramento à política de saúde do país, nos cabe apresentar,
novamente, propostas e conclamar a sociedade brasileira a não ficar omissa, sob o
risco de sermos corresponsáveis por erros que seguem prejudicando de maneira grave
o Brasil.
A Academia Nacional de Medicina acompanha com extrema preocupação a evolução
da pandemia pela Covid-19, que recrudesce no Brasil. O negacionismo irresponsável
de muitos gestores e políticos precisa cessar já.
Grande parte das 200 mil mortes que logo contabilizaremos poderia ter sido evitada. O
tempo perdido com a falsidade, matou dezenas de milhares e vai seguir matando!
Quanta falta de decoro sanitário e inacreditável leviandade. Ignorância vergonhosa!
Sem dúvida, os executivos federal, estadual e municipal têm a maior responsabilidade,
mas também o poder legislativo tem obrigação de assumir seu protagonismo, sendo
indispensável o entendimento entre os gestores ao invés de inúteis debates político-demagógicos. Também, muitos governadores e prefeitos ardilosamente se omitem, não
exercendo o poder de disciplinar e controlar as atividades sociais.
A Sociedade tem de dar um basta!
É preciso impedir que a população se infecte. Não há outra solução. Sim, a vacina é
indispensável e prioritária, mas não bastará. Serão muitos meses para se conter a
epidemia e, antes, durante e depois, teremos que seguir usando máscaras e condutas
sociais cientificamente comprovadas.
Há necessidade imediata de implementação de exemplos e de medidas de proteção
individual e coletiva, controlando-se o risco aumentado pelas atividades recreativas e
sociais, atualmente descontroladas pela falta de liderança.
A vacina segue sendo explorada, de forma irresponsável, por autoridades que podem
se merecer, mas o povo brasileiro não os merece.
Para se evitar uma tragédia ainda maior, é imprescindível a priorização da avaliação
técnica das diferentes vacinas e a imediata liberação de todas as que forem aprovadas
pela Anvisa.
Há necessidade premente da vacinação, como ocorre em outros países, nos quais,
inclusive, já vem sendo aplicada.
Não há razão para punirmos mais o Brasil com a morosidade proposta de se aguardar
meses.
Estamos muito atrasados e precisamos construir estratégia sólida que permita, já no
início de 2021, a realização segura da vacinação em massa da população. É impossível
a vacinação contra a Covid-19 dar certo com planos nacionais e estaduais paralelos.
Uma irresponsável disputa levou à perda de precioso tempo na definição de um plano
nacional de imunização efetivo, apesar de termos um extraordinário e bem-sucedido
programa nacional de imunizações pelo SUS, reconhecido mundialmente por sua
qualidade.
Além da vacina, é necessário educar e estimular exemplos e programas de informação
adequados para o uso obrigatório de máscaras, do afastamento entre as pessoas, de
coibir, a todo custo, as aglomerações.
A testagem em massa é outra medida imprescindível, capaz de detectar casos e definir
medidas epidemiológicas e de saúde pública que reduzam drasticamente a propagação
da epidemia.
Enfim, uma coordenação das ações de forma eficiente em todas as esferas.
Na defesa de milhares e milhares de vidas que certamente serão ainda perdidas, se
essa política suicida e criminosa não for de imediato inteiramente modificada, a
Academia Nacional de Medicina, mais uma vez, manifesta enorme preocupação e
conclama a todos da sociedade brasileira a exigir de nossos governantes e políticos o
que o Brasil tem direito e não vem recebendo.
Rubens Belfort Junior - Presidente da Academia Nacional de Medicina