Nessa segunda matéria da série sobre os progressistas eleitos, claro, não poderia ser diferente, mostrar os pretos e pretas que conseguiram espaço nas câmaras municipais. Na primeira matéria, o olindense Vinicius Castello, a gaúcha Karen Santos e a carioca Thais Ferreira:
Aos 32 anos, a professora de Educação Física, Karen Santos, é a campeã de votos nas eleições deste ano em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Ela é uma dos cinco parlamentares pretos que conquistaram a Câmara Municipal da capital gaúcha e hoje (20) a bancada já fez o primeiro ato após a eleição: liderar o protesto em repúdio contra o assassinato do João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos.
Ela já estava na Câmara Municipal desde 2019 ao herdar a vaga de Fernanda Melchionna, que assumiu mandato de deputada federal. Eleita com 15.702 votos, Karen começou sua militância no movimento estudantil e em seguida passou a integrar o grupo Alicerce, do qual faz parte até hoje.
Ao se eleger vereadora, no último da 15, ela escreveu em seu Twitter: “De cabeça erguida e olhar sincero agradecemos a quem tornou possível nossa eleição. Antes de tudo, as 15.702 pessoas que acreditaram e depositaram sua confiança em nosso trabalho. Reafirmamos com vocês nosso compromisso com a luta por direitos, vida digna e respeito para todos”, finaliza.
O advogado e militante de Direitos Humanos Vinicius Castello, 26 anos, é o primeiro vereador LGBT de Olinda, na Região Metropolitana do Recife, ao conquistar 2007 votos. Filho de empregada doméstica e neto de lavadeira, Castello foi o primeiro de sua família a concluir um curso superior.
Formado em Direito, ele tornou-se mediador extrajudicial, além de coordenar o Coletivo Quilombo Marielle Franco e integrar o setor de Políticas Públicas da Ordem dos Advogados do Brasil, em Olinda. “ELEITO! Fizemos história na PRIMEIRA CÂMARA DO BRASIL. Olinda receberá a pessoa mais hoje, o primeiro LGBTQ+ e alinhado as questão raciais na câmara! E mais: SEM COMPRAR UMA PESSOA! Essa vitória é nossa!
Depois de passar por tantos desafios na sua campanha eleitoral - inclusive a má distribuição do dinheiro - ela se tornou uma das vereadoras eleitas no Rio de Janeiro, da bancada de cinco formada pelo PSol. Aos 32 anos, Thais Ferreira já havia se candidatado a deputada federal e ficou na suplência. Agora, com 14.284 votos, ela conquistou seu espaço enquanto mulher, preta, periférica e mãe.
Ela se apresenta como filha, neta e bisneta de mulheres pretas que lutaram contra a miséria, a exploração e a discriminação. Seu pai foi um menino em situação de rua que vendeu alho e laranja para sobreviver. A grande virada na sua vida foi na adolescência, quando descobriu o hip-hop e sempre militou pela cultura negra e com a maternidade, também passou a lutar pelos direitos das mães e crianças.
“Foram 14.284 votos para vereadora do Rio. Numa campanha, como geral sabe, muito suada. Não foi nem um pouco fácil chegar até aqui. Nossa campanha de mulher preta, suburbana e mãe saiu vitoriosa e temos muito trabalho pela frente”, afirma Thais, em sua conta no Twitter.