Na maior unidade da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase), instituição vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude de Pernambuco (SDSCJ), uma prática desenvolvida ao longo dos últimos oito anos busca atravessar os muros da instituição. A qualificação profissional de adolescentes em internação, realizada em uma estrutura com oito salas de aulas práticas, tem o diferencial de aproveitar talentos de agentes socioeducativos e de ex-socioeducandos que já passaram pelo local. O projeto é uma das iniciativas que pleiteiam reconhecimento nacional no 17º Prêmio Innovare, o principal da Justiça brasileira.
A ação ocorre no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, que atende cerca de 180 adolescentes e jovens com idades entre 17 e 21 anos. Por meio de articulações do Eixo Profissionalização, Esporte, Cultura e Lazer da Funase junto a instituições parceiras, diversos cursos profissionalizantes foram ofertados no local nos últimos anos. Em tempos de distanciamento social, a estrutura do centro de profissionalização do Case Cabo tem viabilizado a capacitação de turmas de socioeducandos de forma simultânea, com número reduzido de alunos para evitar a disseminação do novo coronavírus.
Em junho, por exemplo, 80 jovens foram inseridos nos cursos de Operador Logístico, Atendimento ao Cliente, Informática Básica, Corte de Cabelo Masculino e Introdução à Segurança do Trabalho, sob certificação do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE). Outras temáticas, ofertadas pela própria unidade socioeducativa, estão na programação fixa do espaço e sob instrutoria dos próprios agentes socioeducativos, como Tapeçaria, Encadernação Artística e Introdução a Agente Comunitário de Saúde. Já o curso básico de Corte de Cabelo Masculino tem como professor um ex-socioeducando do Case Cabo, hoje funcionário da Funase.
“A qualificação profissional é o eixo para o qual os demais eixos da medida socioeducativa podem convergir, atrelando educação, saúde, convivência familiar, esporte, cultura e lazer, para que seja possível a escolha, pelo adolescente, de uma nova trajetória. Nesses oito anos, temos visto a equipe de profissionalização da Funase, junto com parceiros, coordenar essas ações, com acompanhamento das nossas equipes locais. Conseguimos também oportunizar a ex-socioeducandos e a agentes socioeducativos a possibilidade de transmitir seus conhecimentos”, relata a gerente do Case Cabo de Santo Agostinho, Tatiane Moraes.
Assistente social de formação e responsável pela inscrição do projeto no Prêmio Innovare, a gestora mostra-se confiante na possibilidade de a iniciativa inspirar outras ações no sistema socioeducativo país afora. “Na minha concepção, a ressocialização só é possível quanto oportuniza aos socioeducandos condições de qualificação para o trabalho de forma concreta, transformando sua trajetória infracional em inclusão e cidadania. A estrutura montada, com oito salas, auditório, biblioteca, sala de informática, e a participação da própria comunidade socioeducativa nesse esforço de transformar vidas por meio da profissionalização são aspectos que nos levam a acreditar na inclusão desse projeto no rol de boas práticas e no reconhecimento nacional”, completa Tatiane.
Imprensa Funase