Ficar preso em casa por mais de dois meses e não ter prazo para sair. Estar impossibilitado de abraçar seu pai, sua mãe, seus amigos. Ter restrições para levar seu cãozinho para passear. Sair somente para o supermercado ou a farmácia e, mesmo assim, sempre de máscara cirúrgica. Nem nos piores pesadelos as pessoas cogitaram tal rotina. Mas, com o surgimento do Novo Coronavírus, todo o mundo passou a se isolar, evitar aglomerações e mudar radicalmente o estilo de vida. E para uma parte da população isso significou, também, mudar a forma de dormir.
Se antes era comum ter uma noite tranquila de sono, hoje, com a pandemia da Covid-19, o ato de dormir passou a ser visto como uma batalha a ser enfrentada. A combinação do estresse com a quebra drástica da rotina fez com que algumas pessoas passassem a ter insônia; outras estão dormindo mais, 10, 12 horas por dia. Houve também quem começou a registrar roncos e até apneias. “A gente mudou com a quarentena e a quarentena mudou o nosso sono. Pessoas que não possuíam qualquer transtorno de sono, agora estão sofrendo desse mal. Quem já enfrentava e não se tratava, hoje está bem pior”, esclarece Lidiane Santana, fisioterapeuta e consultora em sono (@obicho.preguica).
De acordo com a especialista, o confinamento também vem reduzindo o tempo de exposição ao sol, o principal regulador biológico do sono. A luz solar ajuda a controlar o ciclo do sono e vigília, além da melatonina, hormônio responsável pela regulação do sono. Lidiane associa a importância desse marcador ao período das cavernas, quando o homem dormia ao pôr do sol e acordava quando o sol nascia: “com a chegada da eletricidade, tudo mudou, e, principalmente agora, com os aparelhos eletrônicos. São eles, talvez, os principais vilões na hora de dormir. E uma noite mal dormida, se sabe, compromete a capacidade de concentração, o raciocínio e o reflexo do indivíduo. Uma pessoa que não dorme bem, não acorda bem e não tem um dia bom”.
A boa qualidade do sono propicia uma melhoria na qualidade de vida, sobretudo neste tempo de pandemia. Sendo assim, é importante estar atento a alternativas que podem ajudar a dormir melhor, como organizar os horários de dormir e acordar, assim como o das refeições, e tentar se expor mais à luz natural. E, independente de qualquer epidemia, evitar luzes, celulares e tablets é necessário para quem deseja dormir bem.