O biomédico e cientista Íkaro Alves de Andrade (o que segura um aparelho na foto) foi recentemente aprovado em 1º lugar no Doutorado em Biologia Microbiana na Universidade de Brasília estava contando com os recursos de R$ 2.200 que tem direito como bolsa de doutorado da Capes. Mas com uma portaria do Ministério da Educação, cursos que não tiverem Conceito 5 (o de Biologia Microbiana da UnB tem 4, segundo a Capes) simplesmente NÃO TERÃO BOLSA. Ou seja: o tocantinense Ikaro, que está pesquisando sobre o mapeamento genético do Corona Vírus, cujos dados podem trazer novos recursos para o tratamento da pandemia que atinge o mundo inteiro, por não ter o mínimo básico para se manter, corre o perigo de voltar para o Tocantins sem bolsa, sem o doutorado e sem poder ajudar com seu conhecimento para combater a Covid-19. Em entrevista exclusiva para o blog, Ikaro nos conta da sua pesquisa, dos serviços prestados ao Brasil e da tristeza de ser tolhido do direito de ter subsídios para continuar suas pesquisas.
Do que se trata a sua pesquisa de doutorado?
A minha pesquisa de doutorado tem como intuito descobrir os novos vírus no entorno do Distrito Federal. E em relação ao Covid-19, que faz parte do meu trabalho, estou participando de um grupo de pesquisa, sobre o genoma do Corona Vírus, aqui na região do Distrito Federal. E essa questão de conhecer o genoma do vírus é muito importante, pois pode auxiliar na elaboração de novas condutas terapêuticas, que pode ajudar no monitoramento da mutação (mudança de características genéticas) nas características genéticas do vírus. Isso é importante para que se tenha conhecimento do comportamento genético do vírus aqui no Brasil.
Fale sobre você, e por que você escolheu a Biomedicina?
Eu sou do Tocantins, o programa o qual eu faço parte é o de Biologia Microbiana, e também sou mestre em Biologia Microbiana, e eu escolhi a Biomedicina na graduação porque sempre me identifiquei com essa parte de saúde e doenças, compreender melhor as doenças e seus diagnósticos, sou um apaixonado por essa questão de compreender e estudar ainda mais os diagnósticos, e de uma forma muito especial, eu gosto muito dessa área de Microbiologia. Durante a graduação eu me identifiquei muito com essa área, e por isso decidi investir em uma pós graduação nesse segmento.
E o que você pretende fazer, agora que está sem a bolsa?
Bem, o que eu pretendo fazer a partir de agora, com essa notícia do comprometimento das bolsas que seriam implementadas, sinceramente eu não sei, infelizmente. Não sei em relação à continuação do meu trabalho de pesquisa sobre o Corona Vírus, bem como em outras pesquisas onde eu seguia trabalhando, em outros projetos como o de testagem rápida para Zika, e... Eu não sei ainda, está tudo muito incerto, se eu não tiver a bolsa, eu não vou ter como continuar aqui,pois o custo de vida em Brasília é muito alto, não há como meus pais me ajudarem e eu vou ter que voltar para o Tocantins.
Nota do Blog: Em nota oficial, a Capes fez questão de ressaltar que Íkaro não é bolsista da instituição e que o seu programa universitário não teve a nota mínima exigida pela instituição, e disse que "A Portaria 34 não mudou os indicadores do Modelo publicados anteriormente e o estudante que tem bolsa continuará recebendo normalmente o recurso até o final de sua vigência".
De fato, Ikaro iria COMEÇAR A RECEBER a bolsa a qual teria direito, como todo pós-graduando, ainda mais quem conseguiu o 1º lugar, como ele. Os pesquisadores não podem trabalhar de carteira assinada, e consequentemente não tem os direitos da CLT (Férias, INSS, FGTS, etc.). A partir daí, vem o questionamento: estamos no começo de uma pandemia mundial e quem deveria ser apoiado é prejudicado. Isso é justo?