Nessa época do ano, de muita umidade e calor, algumas doenças oculares são mais comuns, no Brasil. Dentre elas, conjuntivite, ceratite, alergias e especialmente viroses. Diante de um desses quadros, o oftalmologista deve verificar se o paciente apresenta outros sintomas, como problemas respiratórios, e ouvi-lo sobre viagens recentes para países ou regiões com casos de coronavírus. Isso porque é possível contrair a doença pelos olhos.
Como o contágio do coronavírus é direto, mais pelo contato entre as pessoas, há uma probabilidade de que o paciente seja contaminado pelos olhos. “Sabemos que a transmissão acontece pelos olhos, nariz e boca, mas os estudos ainda estão sendo desenvolvidos, pois a pandemia é recente. No entanto, é perfeitamente plausível que o coronavírus seja contraído pelos olhos”, alerta a doutora Marília Coutinho, especialista em oftalmologia geral, vias lacrimais e plástica ocular e orbita, no Instituto de Olhos do Recife.
Segundo a médica, isso pode ocorrer quando o paciente toca os olhos com as mãos infectadas da doença. “É por isso que a máscara não oferece uma proteção completa. As pessoas devem evitar o contato físico, o aperto de mão, o beijo, o abraço”, orienta. É importante, ainda, evitar tossir ou espirrar na mão. O ideal é usar um lenço de papel descartável e, se não tiver, usar o braço.
Se a pessoa estiver infectada, as gotículas da tosse ou do espirro vão ficar na palma da sua mão e, ao tocar os olhos, contaminá-los com o vírus ou, pior, contagiar outras pessoas ao fazer contato. “Gripes e outras viroses podem ser transmitidas assim. Inclusive, algumas infecções respiratórias têm chances de serem contraídas pelos olhos”, explica a oftalmologista.
CUIDADOS – A suspeita de que o coronavírus pode ser transmitido pelos olhos já foi aventada, no último mês de janeiro, pelo médico chinês Wang Guangfa, chefe do departamento de medicina pulmonar do Primeiro Hospital da Universidade de Pequim, que investiga a pandemia. O médico, inclusive, acredita ter contraído a doença por não usar óculos protetores durante uma visita a Wuhan, epicentro da doença.
Pesquisadores do Imperial College of London e da Universidade de Southampton, na Inglaterra, também consideram que essa forma de contágio é possível. Frente a essa possibilidade, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), está orientando os oftalmologistas a serem criteriosos na anamnese e, diante de suspeita de paciente contaminado, proteger os olhos, o nariz e a boca e encaminhar o paciente para testes e observação.
Outros cuidados indicados pelo CBO, tanto para as pessoas quanto para oftalmologista e médicos em geral, é lavar bem as mãos e completar a higienização com álcool etílico a 70%. Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar. Evitar aglomerações e ambientes fechados. Não compartilhar objetos de uso pessoal. Evitar contato próximo a pessoas com a doença.
Serviço:
Dra. Marília Coutinho
Especialista em oftalmologia geral, vias lacrimais e plástica ocular e orbita
Instituto de Olhos do Recife – IOR
(81) 2122.5000