No 19º dia da greve, os trabalhadores da Petrobras aprovaram a suspensão provisória da greve após reunião do conselho deliberativo da Federação Única dos Petroleiros (FUP) nesta quarta-feira (19). O indicativo de interrupção é motivado pela abertura de diálogo da empresa com os trabalhadores e precisa ser votado em assembleias na base.
Em nota, a entidade destaca que o movimento conquistou a suspensão das demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen), no Paraná, e a abertura de um processo de negociação mediado pelo TST. "Fatos que refletem a importância da maior greve que a categoria já realizou desde maio de 1995."
"Foi indicada a suspensão da greve pelo conselho deliberativo da FUP e deve ser votado nas assembleias devido ao avanço das conquistas da categoria petroleira após esses 19 dias de mobilização da greve e por conquistar o retorno das negociações, que era uma das pautas prioritárias. A gente entende que os pontos têm que avançar para serem concretos, não é só dialogar. Estamos indicando a suspensão mostrando uma boa fé negocial", explica Luiz Felipe Grubba, dirigente do Sindipetro Unificado de São Paulo.
Negociação - Ives Gandra, ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e relator da ação contra a greve da categoria, aceitou negociar os pleitos da categoria após reunião com a FUP e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), intermediada por deputados e senadores do campo progressista, nesta terça-feira (18).
Após o encontro, a federação protocolou uma petição nos autos do processo, formalizando o pedido de abertura de negociação. Em resposta, Gandra convocou, ainda na terça, uma audiência de mediação entre a FUP e a Petrobras para a próxima sexta-feira (21).
Também nesta terça-feira (18), o Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) determinou a suspensão das demissões na Araucária Nitrogenados (Ansa), subsidiária da Petrobras no Paraná. A manutenção das atividades da fábrica, com quase mil funcionários, sendo 396 próprios e 600 terceirizados, é uma das principais reivindicações da categoria. A suspensão das demissões é liminar e tem validade até a próxima audiência entre o sindicato da categoria e a estatal, em março.
A Comissão Permanente de Negociação segue ocupando o 4° andar da Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro/RJ e não tem previsão de sair.
Luta continua - De acordo com o dirigente Luiz Felipe Grubba, a categoria segue mobilizada, inclusive com a possibilidade de retorno da greve, em defesa da Petrobras e pela mudança da política de preços da empresa.
"A gente sabe para gente avançar nas negociações serão necessárias a manutenção da mobilização da categoria e esse ano também tem muita coisa anunciada pelo governo e pela gestão da empresa como venda de refinarias, dutos e terminais, que certamente vão levar a categoria a retomada de mobilização."
Nesta quinta-feira (20), às 16h30, acontecerá em São Paulo, capital, ato em solidariedade aos trabalhadores da Petrobras e em defesa da estatal e da Soberania Nacional. A atividade, convocada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, terá sua concentração no vão do Masp.
A categoria anunciou que outras mobilizações estão sendo organizadas. Durante o carnaval, por exemplo, irão vender gás pelo preço de custo na cidade de Quixadá/CE. Os petroleiros reforçaram ainda a importância da mobilização para o dia 18 de março, dia nacional de mobilização do servidores públicos.
Brasil de Fato
Nota do Blog: Diante do que ocorreu na fábrica paranaense, os petroleiros estão dispostos a fazer negociações e, mesmo com a provável suspensão da greve, eles afirmam que as mobilizações continuam. O blog conversou com um dos líderes do sindicato da categoria, Tadeu Porto (foto ao lado), na noite última terça-feira, antes, portanto, das negociações com parlamentares e o ministro Ives Gandra Martins, do TST, ocorridas ontem
Como está a mobilização neste momento?
A mobilização continua muito forte, ainda mais agora, com um pouco de de felicidade pela vitória que a gente teve aí na Justiça do Paraná (a manutenção dos funcionários da FAFEN) e foi uma vitória de uma batalha e não da guerra. A gente tem clareza disso. A gente esperava mais dificuldade no tribunal na Petrobras, pois a empresa não cedeu a hora nenhuma e foi a Justiça que conseguiu a suspensão dessas demissões, como era um dos itens da nossa pauta.
Agora é a gente tem noção de Força que a nossa greve tem tanto pra dentro da nossa categoria quanto pra fora da sociedade e a gente tá disposto agora fazer uma nova discussão escutar nossa categoria de saber como é que estão as coisas com todo o terrorismo que tá acontecendo aí na empresa aí de convocação, o que é um assédio aos trabalhadores.
Isso mostra que gente tem força pra poder avançar um pouco da nossa troca de de negociação e também né, fazer o diálogo aí com a sociedade. Amanhã (ontem, dia 19) tem os caminhoneiros na frente do STF e a gente vai saber se eles entram com força, não o quanto, mas que vai ganhar mais apoio da sociedade aí é legal e continua forte, né? Conseguimos aí uma conversa com Ives (Gandra Martins, ministro do TST) no gabinete dele, lá junto com os senadores e deputados que abraçaram a nossa pauta.Me parece que a conversa foi boa no sentido que ele mostrou agora ter certa flexibilidade pra discussão, mas é isso.
Mas isso não muda em nada, a nossa vontade de continuar forte com isso no movimento.
E como a categoria reagiu com a decisão do TST?
A categoria realmente reagiu com indignação, sabe? Nos pareceu que foi um desrespeito total ao movimento sindical. Parece que nos tratou como crianças. Vamos dizer assim. Nossa greve foi cumprida. Requisitos: Pra ir de greve foi avisado com 72 horas de antecedência . Foi aprovado e assembleias com ampla maioria dos trabalhadores. Estão trabalhando. Os trabalhadores votaram pela greve, discutiram a greve. Sabem o que estão fazendo e o afronte do Ives, né, pegou muito mal.
Eu acredito que pegou mal, inclusive pra ele aí no meio dos juristas, pelo que a gente tava aliando né. é óbvio que o movimento de greve nesse tempo não é fácil de fazer. Então a nossa categoria acaba. Recebendo com com cautela esses tipos de de mensagem, ainda mais que ela veio casada com convocações e ameaças da empresa, mas como o nosso movimento tá forte, foi construído no coletivo. A gente coletivamente tá conseguindo se defender dessas desses ataques.