segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Pesquisador da UFRJ aperfeiçoa método para combater tumores e em nome do bem comum, abriu mão de carreira na iniciativa privada

O professor e pesquisador Gustavo Dias Azevedo é de Niterói - RJ e recentemente defendeu sua tese de Doutorado em Engenharia Química. Seu trabalho tratava-se do aperfeiçoamento de uma técnica bastante utilizada no tratamento de tumores, a embolização vascular. A técnica consiste em interromper o fluxo de sangue que chega até os tumores, fazendo-a morrer por inanição, através de bolinhas poliméricas. No entanto, nem sempre a técnica era eficaz e a tese de Azevedo consistiu em padronizar o tamanho dessas bolinhas, além do controle do grau de inchamentos. 

A tese foi aprovada com distinção e o trabalho do agora Doutor em Engenharia Química chamou atenção da indústria farmacêutica. A empresa (cujo nome Azevedo não quis dizer) fez uma proposta que, financeiramente, seria excelente para ele, além da consolidação da carreira de engenheiro químico. No entanto, o contrato tinha detalhes que o deixou indignado. E em uma rede social, ele fez o seguinte desabafo. "A proposta, basicamente, dava a eles o monopólio da produção das bolinhas poliméricas, mas não havia nenhuma cláusula de contrapartida para o Sistema Único de Saúde (SUS). Isso foi o que mais me chateou, pois entendo que a sociedade precisa usufruir do trabalho que ela bancou, afinal, toda a pesquisa foi em uma instituição pública", afirma.

Agora, a pesquisa está parada. Porém, para um futuro próximo, ele já vem conversando com seu grupo de trabalho, para que em um pós-doutorado haja a continuação dos estudos. Em tempos onde a universidade pública é tachada como local de balbúrdia e tem sofrido com cortes de verba, atitudes como a de Gustavo Dias Azevedo trazem alento para os brasileiros, em nome do bem comum.