Nesta quarta-feira (9), as questões da identificação do aquecimento global e das mudanças do clima em PE e os seus impactos no presente e futuro sobre o ecossistema e na vida das pessoas serão debatidas na 12º Bienal Internacional do Livro, no Centro de Convenções, em Olinda. A convite da Secretaria Estadual de Sustentabilidade e Meio Ambiente (Semas), a climatologista Francis Lacerda, coordenadora do Laboratório de Mudanças do Clima do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) e estudiosa pioneira no NE sobre detecção e impactos deste fenômeno na região, aborda o assunto a partir das 10h. O debate contará ainda com o secretário da Semas, José Bertotti e o pró-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Moacir Araújo.
“Há décadas dedico a minha vida aos estudos do tempo e clima, tendo a atenção especial às condições do Nordeste e Pernambuco em particular. Neste sentido, ainda na década passada, de forma pioneira na região, identificamos cientificamente a mudança do comportamento do clima no estado frente ao aquecimento das temperaturas. O projeto, financiado pelo governo federal, chamava-se Muclipe – Efeitos das mudanças climáticas em PE. Nele, constamos o aumento elevado de até 3,5ºC e 5ºC em Vitória de Santo Antão e no Araripe em 50 anos respectivamente. E apontávamos para a necessidade de medidas urgentes”, realça Francis.
Os estudos do Muclipe contribuíram inclusive na construção da Lei e do Plano das Mudanças Climáticas de PE no início desta década, legislação na qual a Semas está em trabalho de atualização para operacionalização do plano, contendo o conjunto de medidas de mitigação e adaptação aos efeitos do fenômeno do clima. O órgão também tem reformulado o Fórum Estadual e tem realizado levantamento do inventário dos Gases de Efeito Estufa (GEE), a exemplo do CO², considerado por Francis um dos piores no agravamento da situação da crise climática, dada sua grande emissão.
“As queimadas e devastação da floresta para meros fins econômicos, seja da Amazônica, ou da nossa Mata Atlântica e da Caatinga, só ampliam os problemas. As temperaturas só aumentarão mais e seus feitos serão mais drásticos sobre o ecossistema e populações que nela vivem”, diz Francis.
Desde 2017, uma década depois de trabalhos na detecção do fenômeno antrópico do clima, a pesquisadora tem atuado em estudos para encontrar soluções socioeconômicas e educacional para os efeitos dessas mudanças. Com financiamento do CNPq, órgão vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, Francis reuniu um time de pesquisadores locais e nacionais para o desenvolvimento de tecnologias sociais capazes de respondem ao novo desafio das altas temperaturas e eventos extremos (seca e chuva).
Serviço
Palestra: Mudanças do clima: o que você tem a ver com isso?
12º Bienal Internacional do Livro de Pernambuco
Quarta-feira (9), às 10h.
Palestrantes: Francis Lacerda, José Bertotti e Moacir Araújo