A data 23 de setembro é marcada pelo Dia de Combate ao Estresse. Diante das muitas situações de tensão que vivenciamos ao longo da vida, algumas chegam a provocar respostas físicas ao nosso organismo, alterando a homeostase, que se refere à habilidade de manter o meio interno em equilíbrio, independente das alterações que ocorram no ambiente externo. “O corpo percebe a necessidade de enfrentar as ameaças e aciona mecanismos para ‘entrar na guerra’. Dessa forma, envia mensagens para o cérebro, que movimenta a liberação de hormônios, causando alterações fisiológicas com objetivo de deixar o indivíduo em estado de alerta”, explica a psicóloga do Hospital Santa Joana Recife, Erika Correia.
De acordo com a especialista, o momento atual, com tantas necessidades de adaptação, enfrentamento de situações novas em vários aspectos da vida pessoal e do mundo como um todo, por exemplo, desencadeia muitos sentimentos e pode chegar a provocar estresse. “São situações de ameaça, de crise, possibilidade de perda, conflitos, instabilidade financeira ou mudanças na relação de trabalho. Tudo isso contribui imensamente para que haja alterações físicas e emocionais”, comenta a psicóloga.
Dra. Erika Correia esclarece ainda que o estresse é vivenciado pelas pessoas de forma bastante diferente. Cada indivíduo enfrenta esse fenômeno de modo próprio e nem todos apresentam adoecimento em função do convívio com situações estressantes. “Apesar da forma singular do enfrentamento de estresse pelas pessoas, o estudo da Organização para Pesquisa e Prevenção da Estafa no Brasil (ISMA-BR), mostra que, em níveis distintos, 70% dos trabalhadores brasileiros sofrem desse mal”, destaca.
A especialista faz um alerta sobre a relevância pela busca por orientação e tratamentos adequados. “O acompanhamento psicológico pode ajudar muito uma pessoa que está passando por esse problema. Em alguns casos, é necessário a assistência médica, já que situações específicas demandam o uso de medicamentos por um período”, acrescenta.
O estresse também é responsável por causar problemas neurológicos, que comprometem tanto a vida pessoal como a profissional de um indivíduo. “As limitações podem variar entre cansaço, irritabilidade, dores de cabeça, tensão muscular, dificuldade para trabalhar, insônia e diminuição do processo criativo. Além disso, também pode desencadear um déficit de atenção, provocando até esquecimentos”, alerta a neurologista do Hospital Santa Joana Recife, Renata Azevedo.
A médica destaca, ainda, a importância de manter um hábito de vida saudável, além de assegurar cuidados com a saúde mental. “Procurar ter hobbies ou fazer exercícios físicos são grandes fatores que previnem várias doenças, não só as cardiovasculares. É considerável, também, evitar o uso do álcool e cigarro”, afirma Dra. Renata.
Outro cuidado que precisa ser enfatizado é a relação do estresse com os problemas cardíacos. O estresse aumenta a chance de desenvolver alterações nos níveis de colesterol, hipertensão arterial, infarto agudo do miocárdio, arritmias, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral e morte súbita. “Devido a esses problemas causados, as limitações vão desde as físicas, como impossibilidade de retorno ao trabalho, afastamento de atividades físicas de alto rendimento ou até a incapacidade de realizar qualquer outro exercício, nos casos de sequelas neurológicas ou cardíacas graves. Além de atividades do dia a dia, como dirigir. Limitações de ordem psicológica também podem ser identificadas nos casos que evoluem para depressão, ansiedade, distúrbio do sono e baixa autoestima”, explica o cardiologista do Santa Joana Recife, Dr. Carlos Frederico.
Perceber e compreender os sinais relacionados é uma forma de prevenção do estresse crônico. “É interessante haver uma conversa sobre o assunto com familiares e amigos, pois essas pessoas podem dar suporte emocional e motivação nessa fase”, comenta Dr. Carlos. Atividades como ciclismo, natação, corridas e meditação são medidas eficientes para prevenção e tratamento do estresse crônico. “Cuidar da saúde mental está na lista das recomendações mais importantes para obter um coração saudável’’, conclui o cardiologista.