Para conscientizar a sociedade pernambucana sobre a necessidade do diagnóstico precoce e da inclusão social de portadores de autismo, o Projeto Compartilhar Solidariedade realiza o “Ateliê Solidário: arteterapia no autismo”, neste sábado (10), na sede do Campo da União (Rua Anita, 277), próximo ao Parque da Macaxeira, a partir das 14h. “Reuniremos pessoas autistas e seus familiares para uma tarde de arteterapia e descontração. A ideia é que crianças, adolescentes e adultos com autismo produzam 20 pinturas em tela, sob a supervisão dos artistas plásticos, Zildo Marques e Rinaldo Ferreira”, explica o fundador do projeto, Carlos Nascimento.
As obras serão expostas e leiloadas no dia 15 de agosto, na Câmara Municipal do Recife, a partir das 8h. Todo o valor arrecadado será destinado ao projeto. Nessa mesma data, o vereador Hélio da Guabiraba, que apoia a iniciativa, realiza audiência pública para discutir sobre o Censo 2020. “A ideia é debatermos sobre importância do censo para os cidadãos recifenses portadores de autismo. Com esses dados, poderemos elaborar leis que garantam a inclusão educacional, o diagnóstico precoce ou tardio, além de uma melhor qualificação de profissionais na área”, acredita Carlos.
AUTISMO LEVE - A sociedade e o Estado ainda têm pouca informação sobre o autismo. “Muita gente me pergunta que condição é esse e se conheço algum portador. Falo que eu e meu filho somos autistas e as pessoas não acreditam”. Isso é porque o transtorno nem sempre apresenta características visíveis e os graus são variados. “O autismo não é uma característica física e sim um comportamento. O problema é que só se conhecem os casos severos, mas quando há um autista leve, que interage, trabalha, estuda e tem filhos, ele tem dificuldade de ser reconhecido e mesmo diagnosticado”, relata Carlos.
Com 39 anos, ele recebeu o diagnóstico já adulto, quando seu filho, de um ano e meio, passou por exames e recebeu o laudo do doutor Ronaldo Beltrão, especializado em neurologia pediátrica, no CISAM. Desde então, Carlos se engajou na luta por uma população mais informada e para que políticas públicas de inclusão social e educacional sejam aprimoradas e cumpridas. “O nosso projeto conta com uma equipe multidisciplinar que atende famílias com filhos autistas e as reúne para se ajudarem mutuamente. Também buscamos melhorias nas leis para que os nossos filhos sejam respeitados e compreendidos. Queremos uma sociedade mais inclusiva e justa”, diz.
SOLIDARIEDADE – Em parceria com profissionais de diversas áreas, do Conselho Tutelar, Grupo Mães de Autistas e outras iniciativas, o projeto Compartilhar Solidariedade acolhe famílias que receberam o diagnóstico e não sabem o que fazer ou como agir em relação à condição. “Nosso trabalho é conscientizar esses grupos familiares de que aceitação é o melhor remédio. Amor e paciência são o segredo para cuidar de um filho autista, tenha ele o grau que tiver”, recomenda Carlos.
Outra frente de atuação do projeto é incentivar pessoas com autismo e seus familiares. “O orgulho autista é muito importante, porque não podemos nos envergonhar do que somos, como agimos ou nos comportamos. Independente do autismo, somos seres humanos e temos a capacidade de sermos o que quisermos ser e, principalmente, de sermos felizes”, destaca.
Para Carlos, a família tem um papel essencial, assim como os profissionais da educação e da saúde. “Não existe milagre, porque o autismo não tem cura, mas nosso trabalho também consiste em orientar sobre as possibilidades de tratamento. Lutamos também pela especialização de professores e médicos, da rede pública e privada, que atendam às necessidades de crianças e de adultos com o transtorno”.
O QUE É O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA?
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, uma em cada 68 crianças são diagnosticadas com autismo. Esse número significativo fez com que a ONU classificasse o distúrbio como uma questão de saúde pública mundial. Atualmente, não existem dados oficiais sobre a condição no Brasil, mas com a sanção da lei federal 13.861/2019, no último dia 18, esse levantamento deve ser realizado no censo demográfico do IBGE, em 2020.
O termo TEA é usado para diferentes transtornos do neurodesenvolvimento infantil, que tem como características marcantes as dificuldades na interação social, comunicação, comportamentos repetitivos, interesses restritos e alterações sensoriais. Esse termo foi adotado para substituir todas as subdivisões que existiam para esses transtornos. Desde então, não existem mais o Síndrome de Asperger, Transtorno Global ou Invasivo de Desenvolvimento. Todos esses transtornos agora são conhecidos como TEA.
Apesar das causas ainda não serem totalmente compreendidas, especialistas na área acreditam que a combinação de múltiplos fatores pode levar ao autismo. Fatores como hereditariedade são responsáveis por cerca de 50% dos casos. Sendo que a outra metade pode corresponder a fatores externos como poluição do ar, uso de pesticidas nos alimentos, complicações durante a gravidez e infecções causadas por vírus, entre outras.
É necessário identificar precocemente os sinais de autismo, para orientação de pais e intervenção precoce. A capitação de pais e profissionais vem sendo fundamental para identificação e direcionamento das intervenções. O diagnóstico do autismo é clínico, feito através de observação direta do comportamento da criança e de uma entrevista com os pais.
Quando o tratamento é feito antes dos três anos de idade, a criança poderá desenvolver ou ampliar suas capacidades de compreensão, comunicação e interação social, pois este é o período no qual a pessoa entra no campo dos significados e interações com outro. Terapias comportamentais, ocupacionais, fisioterapia e medicamentos são algumas das intervenções adotadas pelos médicos e familiares. Porém, cada indivíduo exige um tratamento específico.
ALGUNS SINTOMAS DO AUTISMO EM CRIANÇAS, ADOLESCENTES E ADULTOS
- Atraso na linguagem
- Hipersensibilidade a barulhos
- Dificuldade de olhar ou de manter o olhar
- Falta de resposta quando é chamado
- Irritabilidade ao toque
- Agressividade
- Interesse restrito em objetos ou assuntos
- Repetição de palavras ou gestos
O AUTISMO POSSUI DIVERSOS NÍVEIS DE COMPROMETIMENTO:
- Nível leve: Crianças com autismo leve podem apresentar dificuldades de interação social e comunicação verbal. Enquanto outras podem desenvolver habilidade especiais, como memória impressionante, QI elevado, facilidade para aprendizagem de línguas.
- Nível moderado: Podem apresentar dificuldades de aprendizagem na escola, para compreender brincadeiras e se expressar verbalmente, enquanto outras podem frequentar a escola, serem funcionais e autônomas em algumas atividades.
- Nível severo: Podem agredir a si mesmas e a outras pessoas do seu círculo de convivências. Geralmente, essas crianças dependem de outros membros da família para realizar atividades cotidianas.
Serviço:
Ateliê Solidário: arteterapia no autismo
Realização: Projeto Compartilhar Solidariedade
Onde: Rua Anita, 277, na Sede do Campo da União
Quando: 10 de agosto de 2019
Horário: a partir das 14h
Exposição e leilão das obras do Ateliê Solidário
Realização: Vereador Hélio da Guabiraba e Projeto Compartilhar Solidariedade
Onde: Câmara de Vereadores do Recife
Quando: 15 de agosto de 2019
Horário: a partir das 8h
Audiência Pública Censo 2020: a importância do censo para os cidadãos recifenses autistas
Realização: Vereador Hélio da Guabiraba
Apoio: Projeto Compartilhar Solidariedade
Onde: Câmara de Vereadores do Recife
Quando: 15 de agosto de 2019
Horário: a partir das 14h