terça-feira, 23 de abril de 2019

#VcNoBlog Jackeline Queiroz, mãe e coacher

A profissional de coach, Jackeline Queiroz recebeu convite do nosso blog para escrever sobre dois assuntos os quais ela entende bem: maternidade e mundo corporativo. Mãe da pequena Nicole, Jackeline nos escreve um artigo sobre o mercado de trabalho, que está começando a mudar em relação a profissionais gestantes. Você também pode participar do blog, escrevendo artigos, contos, crônicas e poemas, afinal, este espaço também é seu!!!


Contratando grávidas 
Jackeline Vasconcelos



A mulher é o ser mais dinâmico que eu conheço. Por que insistem em criar o impasse: carreira ou maternidade, como se não fôssemos capazes de dar conta dos dois? Por que insistem em criar rótulos para as mulheres, dizendo que depois que viramos mães, não temos disponibilidade de tempo, não damos prioridade ao trabalho, etc?

As mulheres já sofrem bastantes preconceitos, discriminações, exclusões, demissões, já são tão rebaixadas na sociedade. Quando o homem é pai, é visto como responsável. Quando a mulher tem filhos, é vista como incapaz. Não precisamos mais de nada que reduza nossa autoestima. Ao contrário, precisamos de pessoas que enxerguem todos os ganhos advindos da maternidade, que são muitos. E reconhecimento e valorização desse papel tão nobre, mas também tão exaustivo que é ser mãe solo com o “peso” da responsabilidade nas costas e sem ninguém para dividir, como acontece em grande parcela da população.

Durante a maternidade, várias conexões e sinapses nunca antes efetivadas, são realizadas no cérebro das mulheres mães. Acredito que esse pequeno “detalhe”, tão menosprezado, faz toda a diferença. Os momentos de crise, de estresse, de lidar com novas situações todos os dias, as habilidades desenvolvidas nos cuidados, observação e educação do novo ser, criam ou reforçam na mulher talentos e habilidades como nada poderia fazer. Esse é um diferencial, não um impedimento. Esse diferencial precisa ser destacado e valorizado. Não distorcido ou minimizado.

Até quando adquirimos mais diferenciais e habilidades, nossa imagem, conceito e utilidade são diminuídas e menosprezadas. Quando, na verdade, são ganhos relevantes que agregam em qualquer ambiente ocupado pela mulher mãe. Chega de mães desempregadas. Chega de demissões pós licença maternidade. Chega de mentalidade corporativa limitada.

Entre os maiores ganhos obtidos pelas mulheres após a maternidade, destaco: Capacidade de empatia. Característica imprescindível para trabalho em equipe. Capacidade de compreensão aumentada, muito importante para relacionamentos interpessoais. Mais do que multitarefas, a mulher já domina várias atividades simultaneamente, após a maternidade, esse potencial é ampliado. Ela executa várias tarefas ainda mais consciente e focada. Gestão de tempo, a mulher mãe se torna muito mais segura nesse aspecto, visto que com criança, o tempo se torna muito mais escasso e, portanto, mais valioso e mais produtivo. Isso sem falar no propósito. Quer propósito maior para trabalhar do que sustentar e proporcionar melhor qualidade de vida para seu filho? Não existe. Propósitos movem pessoas e nada é impossível para uma mãe determinada a dar o melhor para sua família.

Meu apelo não é somente que grávidas ou mães de filhos pequenos sejam admitidas simplesmente por tantas habilidades adquiridas, mas principalmente pela VALORIZAÇÃO DA MULHER E DO SEU NOVO PAPEL ASSUMIDO NA SOCIEDADE, RECONHECIMENTO DA MULHER MÃE ENQUANTO GERADORA DE VIDA E EDUCADORA DE UM CIDADÃO E TAMBÉM CONSICÊNCIA DE JUSTIÇA EM MANTER E PROPORCIONAR UMA VIDA DIGNA PARA A MULHER E SUA FAMÍLIA, PRINCIPALMENTE NESSA ETAPA DA VIDA das mulheres, etapa essa MAIS DESAFIADORA da sua vida inteira. Não é justo que exatamente na fase mais crítica da vida de uma mulher, ela seja demitida, excluída da sua vida profissional, tenha seu direito à independência financeira e à dignidade para si e para seu filho negados.

As empresas precisam mudar, aprimorar e evoluir na mentalidade e acolher sim a realidade das mães profissionais. Empresas são feitas de pessoas, seres humanos e a mulher não pode ser a ÚNICA PREJUDICADA POR ESTAR CRIANDO OUTRO SER HUMANO. Um papel tão nobre, que deveria ser exaltado, se tornando um fardo para as mulheres simplesmente pela ausência de ACOLHIMENTO E EMPATIA sobre sua realidade. E a sociedade também deveria se movimentar no sentido de aumentar a licença paternidade e a inserir na cultura, hábitos de cuidados com os filhos e com a casa na educação dos meninos. Para que no futuro, as futuras meninas de hoje, não sofram o que as mulheres sofrem atualmente se prejudicando SOZINHAS em suas vidas profissionais. Se houvesse divisão de tarefas de forma justa e igualitária, as mulheres não perderiam vagas de empregos para homens, mesmo sendo em muitos casos, mais capacitadas e qualificadas. As mulheres não seriam demitidas por terem se tornado mães, enquanto os homens mantêm seus empregos e evoluem em suas carreiras. Não é justo que essa lógica seja perpetuada e que as mulheres continuem se prejudicando eternamente. Que essas mudanças comecem já através de nós, mulheres, para beneficiar TODA a sociedade.