Ao discursar durante a cerimônia de posse do ministro da educação, Abraham Weintraub, que aconteceu nesta terça-feira 9, o presidente Jair Bolsonaro sinalizou a intenção do governo de desestimular estudantes a se interessarem por política.
“Queremos uma garotada que não esteja ocupando os últimos lugares no Pisa. Queremos que não mais 70% dessa garotada não saiba fazer uma regra de três simples, não saiba interpretar textos, não saiba perguntas básicas de Ciências. Nós queremos uma garotada que comece a não se interessar por política, como é atualmente dentro das escolas, mas comece realmente aprender coisas que possam levar a quem sabe ao Espaço no futuro”, declarou.
O presidente acredita que não faltará a Weintraub empenho, dedicação, patriotismo e entrega para atingir os objetivos do Ministério da Educação. “Queremos [eu e a sociedade] que ele faça de nossos jovens, filhos e netos, melhores do que seus pais e avós”, afirmou.
Bolsonaro mencionou que ele, assim como o ministro da Cidadania, Osmar Terra, também presente na posse, tiveram acesso a uma educação pública de qualidade e que, com o passar do tempo, a situação se inverteu, ficando a cargo das escolas privadas. “E muitas ainda deixam a desejar na questão”, disse.
O presidente ainda reforçou que a boa condução do MEC não se restringe só à sua liderança imediata, mas a todo um time que atuará em conjunto com o ministro, que terá “carta branca” para eleger os membros de seu primeiro escalão.
O MEC ainda conta com pelo menos duas cadeiras importantes vagas: a secretaria de Educação Básica do MEC e a presidência do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). O cargo de secretário-executivo, braço direito do ministro, é ocupado pelo militar Ricardo Machado Vieira, que era assessor especial da presidência do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) desde fevereiro de 2019.
Weintraub chega ao cargo de ministro da educação com a “benção” de Olavo de Carvalho e sua turma, que vem travando um cabo de força junto ao Ministério da Educação com o grupo dos militares. Ao condecorar o novo ministro da educação no Twitter, Olavo não deixou de cutucar um dos militares demitidos do governo, sob sua interferência – o coronel Ricardo Vagner Roquetti, que foi afastado do cargo de diretor de Programa da Secretaria Executiva da pasta.
O ministro da educação, por sua vez, declarou que uma de suas primeiras missões será pacificar o MEC. “Quem continuar na guerra, quem continuar batendo, está fora, não tem segundo aviso”, declarou.
Também afirmou que tudo que será feito está no plano de governo e que a pasta precisa de unidade para funcionar. “O MEC tem um rumo, uma direção, e quem não concorda, por favor, avise, que será tirado”, disse e acrescentou: “A partir do momento que entro no governo, tenho que me pautar pelas convicções feitas no topo do time. Eu posso ter posições diferentes do presidente Bolsonaro. Eu tenho duas alternativas, ou obedeço, ou caio fora”.
Carta Capital
Nota do Blog: Na matéria da Carta Capital estava uma foto da cerimônia de posse. A ideia é mostrar que sim, os jovens devem se interessar pela política, por isso o blog teve a opção de substituir a foto.