terça-feira, 30 de abril de 2019

Pernambuco das Paixões

A Páscoa já passou, mas o sentimento dos atores que interpretaram diversos personagens continua vivo. O blog pegou depoimentos de atores de cinco espetáculos: Paixão dos Guararapes, Paixão do Marco Zero, Paixão de Cristo - José Pimentel, Paixão de Cristo de Camaragibe e Paixão de Cristo de Igarassu. Os respectivos atores Pedro Dias, Angélica Zenith, Oséas Borba Neto, Geraldo Cosmo e Elaine Berenguer fizeram relatos emocionados. Acompanhe com a gente!

Pedro DiasEstou muito feliz, mas muito feliz mesmo! Feliz por ter feito, pela primeira vez, a Paixão dos Guararapes, no papel do Rei Herodes, um personagem muito interessante, muito rico, muito gratificante, amei ter feito esse personagem, o que melhor interpretei em mais de 20 anos que trabalho em dramas das Paixões de Cristo. Fiz 20 anos a Paixão do Recife, com José Pimentel, de 1997 até 2017. Ano passado estive na Paixão dos Camarás e este ano, na Paixão dos Guararapes. Não se pode falar em Paixão de Cristo sem falar em Pimentel, o mestre! Ele sempre foi um ser iluminado, inteligente e de muita sabedoria! E cada uma das paixões aqui em Pernambuco, as da Região Metropolitana especialmente, têm um pouco de Pedrinho na história. Em todas as dramatizações, tenho amigos e colegas no elenco e nas equipes técnicas. Sou um apaixonado pelo teatro e muito grato aos deuses do palco e a todos os Jesus das Paixões de Cristo!

Oséas Borba Neto - Para mim, participar da Paixão de Cristo de  José Pimentel, foi uma tremenda honra, estar em um dos maiores espetáculos da Região Metropolitana do Recife, não apenas isso, mas também representar na paixão do Mestre de Todas as Paixões, José Pimentel. Foi um prazer trabalhar com todos esses atores de talento, em especial o nosso Cristo, escolhido por Pimentel, o Hemerson Moura, que demonstrou ser um ator profissional das melhores categorias. Para mim, sempre será uma honra! Participei no ano passado, dirigido pelo próprio Pimentel e este ano, fui dirigido pelo fantástico José Francisco Filho. É gratificante estar nesse trabalho, que tanto representa para o teatro do estado de Pernambuco!





Angélica Zenith - É uma emoção muito grande interpretar Maria. Eu a interpreto desde os 13 anos de idade, por incrível que pareça. Maria foi o meu primeiro personagem dentro do universo teatral, foi na Paixão de Cristo de Cabedelo, na Paraíba, com Maria jovem, num prólogo que havia, dentro do espetáculo. Depois, tive a oportunidade de fazer Maria por sete anos, ao lado de Pimentel. E este ano, foi uma Maria diferente de tudo que já fiz. Dentro de um mesmo espetáculo, pude construir três versões de Maria: a adolescente, da anunciação do Anjo Gabriel, a Maria adulta, ao ver Jesus menino ensinando aos doutores do templo e a Maria mais velha, da crucificação. Tive que dar corpo e voz a essas três Marias, o andar e o olhar de cada uma delas. Como atriz, saí da zona de conforto, e fui instigada pelo diretor Carlos Carvalho, por Eron Vilar e essa experiência como atriz foi incrível! isso me fervilhou por dentro e mostra o quanto eu amo fazer teatro! O quanto eu amo estar neste universo!

Geraldo Cosmo - Este foi o terceiro ano que interpreto Judas iscariotes, e gosto de fazer tudo em ciclos: dirigi três anos, fui Pilatos três anos, fui Caifás três anos e agora Judas, três anos. Já sinalizei que em 2020 estarei disponível para fazer qualquer outro personagem. Gosto de trabalhar nesse ciclo de três anos, até pra não ficar estacionado, estagnado.E fazer o Judas pra mim sempre é desafiador. Além da história em si, de um personagem usado para que a história fosse cumprida, de entregar o Filho de Deus, ainda tem a cena do enforcamento, que me deixa bastante tenso, tenho medo de me acidentar e além dos aplausos, eu escuto muito "morre, traíra! Safado! Desgraçado". Mas também recebi muitos elogios pela atuação, pela entrega que sempre dou ao personagem.

Elaine Berenguer -  Foi uma experiência muito boa, por termos uma equipe de atores e técnicos aqui em Igarassu, com a direção de Junior Pernambuco, um artista de referência aqui na cidade. Fiz dois papéis este ano: um foi o de uma samaritana, na cena do poço, em que Jesus lhe pede água e ela se perguntava: "um judeu me pedindo água?" E eu tive uma certa dificuldade pra entender a simplicidade da personagem, mas quando consegui senti-la, foi maravilhoso. Outra personagem foi a de Herodíades, uma mulher poderosa, que conseguia o que queria, um tanto sensual, e extremamente venenosa, uma personagem carregada de emoções e sentimentos.