sexta-feira, 19 de abril de 2019

CNPq congela mais de 5,5 mil novas bolsas de projetos de pesquisas



O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) suspendeu a implementação de novas bolsas da Chamada Universal 2018. No final do ano passado, a chamada aprovou 5.572 projetos de pesquisa, sendo 2.357 projetos da Faixa A (projetos de até R$ 30 mil), 1.976 da Faixa B (até R$ 60 mil) e 1.237 da Faixa C (até 120 mil), contando com um total de R$ 200 milhões que seriam liberados em até três parcelas.

Em nota, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) afirma que as bolsas da Chamada Universal 2018 foram suspensas “devido ao atual cenário orçamentário e ao Decreto nº 9741, de 29 de março de 2019”. “O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) tem atuado junto ao Ministério da Economia para maior disponibilização de recursos, os quais são prontamente repassados a seus institutos e unidades de pesquisa”, diz a nota. 

Um dos projetos prejudicados foi o do astrônomo Thiago Gonçalves, que estuda a formação e evolução de galáxias desde a origem do universo — próximo ao Big Bang — até os dias de hoje. “É um projeto de ponta que usamos um telescópio no México para observar galáxias muito distantes”, explica Gonçalves. Agora, uma estudante que fazia parte de sua equipe perderá o financiamento para continuar no projeto.

Gonçalves explica que o projeto ainda não sofreu consequências porque a estudante aceitou continuar o trabalho mesmo sem receber nenhum pagamento. “Mas corremos o risco de ficar sem a mão de obra dela porque ela pode encontrar uma outra oportunidade de trabalho”, diz o astrônomo, que lembra que este projeto tem a participação de cientistas do México e dos Estados Unidos. Com menos pessoas, fica mais difícil para os cientistas brasileiros terem uma participação relevante no que for descoberto.

A nota do MCIC diz que o ministério “mantém ainda permanente diálogo com os gestores de suas entidades vinculadas para que os recursos sejam otimizados, minimizando o impacto em suas atividades”. Apesar disso, Gonçalves diz que não recebeu nenhum comunicado do CNPq sobre o corte de bolsas e que descobriu o congelamento por meio de notícias publicadas nas redes sociais. “Não houve nem tempo para nos planejarmos ao redor disso. Fomos pegos de surpresa”, diz o astrônomo que pretende entrar em contato com a CNPq para ver se é possível implementar a bolsa agora ou no futuro.

Procurada pela GALILEU, a assessoria do CNPq não respondeu qual será a previsão para a situação ser normalizada. 

Revista Galileu