O distrito de Tejucupapo, em Goiana, a 63 km do Recife, centenas de anos após de ser campo de batalha contra a Invasão Holandesa no Século XVII, agora é palco de outra luta. De um lado, a viúva de um político da região (que está pedindo reintegração dos terrenos) e de outro, dezenas de famílias que vivem há décadas e que podem perder, de uma hora pra outra, a casa onde moram.
"São pessoas idosas, que não têm pra onde ir, escrituras de casas que são de 30, 40, 50 anos atrás. Sem falar nos pescadores, que não terão outra fonte de renda caso precisem sair daqui", afirma a assistente social Maria da Conceição Galvão.
Cerca de metade do território construído de Tejucupapo, em especial a do Sítio Picuta, está sendo alvo de disputas judiciais. A viúva de Olímpio Menezes, Rosa Oliveira, acionou as 1ª e 2ª varas judiciais de Goiana, alegando que os comunitários invadiram as terras. No entanto, Maria da Conceição disse ao Blog que as famílias têm documentos comprobatórios de que são donas dos terrenos onde residem, algumas há décadas.
Na localidade em questão, estão ainda prédios públicos, templos religiosos e ainda um espaço onde o Governo do Estado havia desapropriado para a construção de 140 casas populares. Os moradores levaram o caso à Defensoria Pública do Estado e na Câmara Municipal de Goiana houve uma audiência pública e um grupo de vereadores se comprometeu em levar o pleito ao Tribunal de Justiça de Pernambuco.
História - A comunidade é conhecida pela Batalha de Tejucupapo, ocorrida em 1646, durante a colonização holandesa em Pernambuco. Os militares holandeses, buscando cajus e farinha de mandioca, resolveram invadir Tejucupapo, julgando que as mulheres e crianças estariam desprotegidos, visto que os homens iriam ao Recife vender os produtos da pesca e do campo. Mas as mulheres fizeram uma mistura de água fervente com pimenta, para atacar os invasores enquanto os poucos homens que estavam na comunidade emboscavam-nos. Os poucos holandeses que sobreviveram foram expulsos da localidade.