Bela e empoderada. Assim é a arte da sul-mato-grossense Érika Pedraza (foto) e nessa exposição Ojá ela mostra as belezas e significados dos turbantes. Com o objetivo de ressaltar a arte da mulher negra, a estudante universitária quer mostrar que a representatividade tem muito poder dentro de uma arte que faz questionar, faz pensar e, acima de tudo, chama à reflexão. Leia a seguir a entrevista que a artista concedeu ao nosso blog.
O que significa o tema da exposição?
Ojá é uma palavra da língua Yorubá (africana ) que significa o pano usado na cabeça de pessoas de religiões de matriz africana. Escolhi este símbolo como foco das pinturas, um signo que irá conectar todas as retratadas. Minha série retrata mulheres ( recentemente homens negros tb) a fim de questionar a ausência de mulheres negras na arte. Valorizando a beleza negra e a cultura negra
Sabemos que a arte vem para questionar os sentidos. De que maneira você quer despertar isso no público?
Como já inseri acima, quero exaltar a falta de mulheres negras na arte de uma forma histórica .sabemos que hoje já existe mais, porém em toda a história existem mais retratos de mulheres brancas. Pois artistas negros nao foram devidamente registrados ou estudados na escola . Meu ponto é esse. Uma pincelada rápida de obras famosas e vc não encontra ( Vênus de milo, Mona Lisa..) nem retratos e nem artistas . Precisamos de representação do povo negro (artistas negros ) em obras de cunho político que proponha falar de cultura negra (eu escolhi retratos de mulheres negras e o turbante, porém poderia ser outro tema envolvendo a cultura afro). Precisamos de representatividade
Fale-nos da sua carreira, do seu começo, da sua trajetória
Comecei no meio artístico com caricatura ainda na faculdade (sempre desenhei, sempre almejei a carreira de artista plástica ) desenhava os colegas, os professores, comecei a pegar pequenas encomendas e a realizar exposições com outros temas. Comecei a pintar ao vivo em eventos (Sarau do Zé Geral) e a partir daí começo a explorar diversas linguagens ( realizei várias pinturas murais , entre elas o bar Holandês ) tenho uma boa carga de exposições na cidade e pela primeira vez expus fora do estado ( SP /agosto ) com a série *A carne que fala do genocídio negro. Meu trabalho vem caminhando para uma identidade exatamente com esta série. Onde eu passo a ser mais militante , realizando um tipo de arte protesto em prol do movimento negro.
Serviço
Exposição Ojá
Local: Shopping Bosque dos Ipês
Av. Cônsul Assaf Trad, 4796 - Parque dos Novos Estados, Campo Grande - MS
De 09 a 20 de outubro.