A Prefeitura de Caruaru, através da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), realizou o debateHistórias e Vivências das Mulheres Negras. O encontro aconteceu no auditório da SPM e teve o objetivo de ressaltar a importância da mulher negra para a sociedade e divulgar as políticas afirmativas que vêm sendo promovidas nesse sentido. Contribuíram para as discussões, a Secretária da Mulher da Unegro-PE, Edileusa Maria da Silva, e a vereadora de Caruaru Maria José Galdino, mais conhecida como Zezé Parteira, que obteve destaque pela sua atuação na saúde e qualidade de vida das mulheres da comunidade de Taquara, no município.
A necessidade de superação da herança escravocrata que submete a população negra (em especial as mulheres) a um status desumanizado em que se encontra vitimada em diversos aspectos econômicos, políticos e sociais, foi o foco da palestra de Edileusa, representante da Unegro-PE. “Foi uma oportunidade para falar dos nossos avanços, principalmente hoje, que faz 147 anos da Lei do Ventre Livre, da mesma maneira que esse dia é chamado também como Dia da Mãe Preta, uma figura feminina do período da escravidão brasileira que continua a existir nos dias de hoje na forma da babá. Caruaru saiu na frente do Recife, ao dar o primeiro passo para destacar essa data”, afirmou Edileuza.
Além das falas, o evento contou com um momento de reflexão, proporcionado pelo Grupo de Teatro da Secretaria de Políticas para Mulheres, que apresentou a esquete Não chora, menino! com a abordagem do tema da mãe preta que amamenta o filho da mãe branca. “Incentivar a discussão para que essas mulheres possam compreender o cenário machista-patriarcal de opressão em que vivem e sofrem, foi o nosso objetivo, para que, nesse contexto, consigamos contribuir para a transformação dessa cultura opressora e racista. Temos o empoderamento das mulheres negras como uma das principais pautas da SPM”, destacou a secretária da SPM, Juliana Gouveia.
“Foi um momento em que pudemos incentivar, promover e resgatar a autoestima da mulher negra, dando visibilidade e relevância por meio desse evento que ressaltou uma de nossas políticas afirmativas”, pontuou a coordenadora da Mulher Negra da SPM, Tamyres Cardoso.
Dia da Mãe Preta - No dia 28 de setembro de 1871, Izabel, a princesa imperial vigente, em nome do imperador Dom Pedro II, sancionou a Lei do Ventre Livre, que libertou os filhos dos escravos nascidos a partir daquela data, com o objetivo de diminuir a população escrava no Brasil.
Esse dia se tornou, portanto, consagração à mãe preta, escrava que era obrigada a amamentar os filhos de sua dona, cuidando deles dia e noite, enquanto seus próprios filhos eram entregues ao seu senhor e sofriam todos os maus-tratos da escravidão.
A lenda da Mãe Preta é oriunda do Rio Grande do Sul e surgiu com a cidade de Passo Fundo. A escrava Mariana, apelidada de “Mãe Preta”, pertencia ao Cabo Neves, proprietário das glebas de Passo Fundo. Seu único filho, que era sua alegria, fugiu de casa e nunca mais voltou. Mãe Preta chorava sem cessar. As Lágrimas derramadas por ela penetraram na terra e se transformaram numa fonte que se tornou famosa entre os habitantes da cidade e viajantes.
Imprensa Caruaru
Fotos Arnaldo Félix