segunda-feira, 15 de outubro de 2018

A Podridão que há em mim em cartaz na Mostra de Jaboatão


O projeto A podridão que há em mim, nasce de uma investigação do grupo São Gens de Teatro acerca de um conjunto de abordagens vivenciadas pelo grupo em seu repertório cênico, e, tem como fio condutor um trabalho calcado na pesquisa e experimentação no que concerne o fazer teatral, sendo a poética das populações marginalizadas a base de pesquisa do grupo. Para o processo de construção objetivou-se a (des) construção, visando trazer para o jogo cênico o quebra de paradigmas ao se abrir para os questionamentos dos diferentes corpos e formas, a consciência das representatividades, o poder que cada individuo carrega dentro de si e a multiplicidade das suas ações em sociedade.

O processo para construção dramatúrgica foi muito intrigante, pois de inicio tínhamos o conceito, mas não o texto propriamente dito. Daí, começamos a fazer laboratórios com o intuito do surgimento de possíveis personagens e/ou historias que pudessem fazer parte do texto. De forma que rebentou em nossas mãos uma dramaturgia que traz consigo traços notáveis dos que a deram forma, e seus meios político/social. Composta por capítulos, simbolizando o formato de um livro, onde em cada capitulo surge um personagem, que em uma confissão deixa transparecer as suas podridões, trazendo à tona fatos que em sociedade, não ousaria expressar. A costura entre um capítulo e outro é feita por interferências do escritor, que em pleno processo criativo vislumbra os aspectos que envolve a sua criação. É neste contexto que o espetáculo A podridão que há em mim tem como ponto principal o fato de que temos lá no fundo algo que não ousamos contar, a não ser em uma confissão da primeira pessoa, para a primeira pessoa do singular; “EU”.

A proposta da encenação tem como ponto de partida para interpretação, pesquisas feitas em cima dos métodos do teatrólogo Bertolt Brecht, contrapondo com um mergulho feito acerca do teatro do absurdo. Contendo também o jogo de máscaras, em especial máscaras neutras, tendo como referência Ana Maria Amaral e seu conceito evolutivo para personificação da máscara neutra. Esses referenciais definem a linha interpretativa do espetáculo.

A estética, parte do “Lixo” no sentido de: aquilo que desprezamos, que é podre, o que quer se livrar, botar pra fora ... Na encenação optamos por não existir saída, de forma que todos os atores estão o tempo todo em cena se reversando entre as personagens. A ação (marcação) é muito dinâmica, aproveitando todo espaço cênico em diálogo direto com os elementos que surgem durante as cenas.

A montagem visa mostrar a importância de debater temas tão atuais que vem assolando o país, tais como: o racismo, a transfobia, a corrupção, intolerância religiosa, os investimentos na cultura sendo extinguidos e tantos outros. Assuntos esses que têm em seu meio podridões que precisam ser expostas e exterminadas em nossa sociedade ao estabelecer uma abertura aos questionamentos que abrangem o nosso fazer teatral. Desenvolvendo nossa carpintaria sob a ótica da descentralização do teatro recifense, buscando nos bairros periféricos as ambiguidades e insumos necessários para a construção dos espetáculos.

O espetáculo A PODRIDÃO QUE HÁ EM MIM conta com uma construção dramatúrgica quase “ Rodriguiana”, e, traz consigo personagens que sofrem ou sofreram grandes traumas psicológicos, e em seu processo de solidão, involuntariamente deixam as mazelas ser externadas. A montagem tem como ponto principal o fato de que temos lá no fundo algo que não ousamos contar, a não ser em uma confissão da primeira pessoa, para a primeira pessoa do singular; “EU”. O texto e direção é assinado por Anderson Leite, o elenco é formado por: Alexandre Augusto, Fagner Fênix, Hannah Minervino, Halberys Morais e Ismael Holanda.

Serviço:

I MOSTRA DE TEATRO, DANÇA, CINEMA E POESIA 2018 do Município do Jaboatão dos Guararapes-PE
Dia 22/10
Local: Cine Teatro Samuel Campelo
Horário: 19h30
Entrada Gratuita
Classificação: 16 anos