O ator, dramaturgo, jornalista e professor universitário José Pimentel morreu hoje, no Hospital Esperança aos 84 anos. Ele estava internado desde o último dia 09, para tratar de um enfisema pulmonar. Em 2018, a Paixão do Recife passou por uma luta para ser encenada e foi o primeiro ano em que Pimentel não interpretou o personagem-título, ficando na direção do espetáculo. Nasceu em Garanhuns, no Agreste do Estado, no dia 11 de agosto de 1934. Entre os anos de 1978 e 2017, Pimentel tornou-se conhecido ao interpretar Jesus no Drama da Paixão de Cristo, nos espetáculos de Nova Jerusalém (1978-1996) e Paixão do Recife (1997-2017).
Na juventude, era halterofilista e devido ao porte atlético, foi convidado a interpretar um soldado romano na Paixão de Nova Jerusalém, ainda nos anos 1950. Depois de algum tempo, passou a ajudar o gaúcho Plínio Pacheco, idealizador e construtor da cidade-teatro de Nova Jerusalém, assumindo, junto com outros, a iluminação e a sonorização do espetáculo. Concebeu o sistema de dublagem feito com a gravação da fala dos atores permeada com a trilha sonora do espetáculo. Este sistema é o utilizado até hoje. De 1968 até 1977 interpretou Pilatos e dois demônios.
Outros espetáculos em que participou como ator e diretor foram Batalha dos Guararapes e O Calvário de Frei Caneca. No início deste ano, o jornalista Cleodon Coelho lançou a biografia José Pimentel - Para Além das Paixões. No dia 13 de julho de 2017, José Pimentel foi eleito Patrimônio Vivo de Pernambuco pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural. Em 17 de agosto do mesmo ano, recebeu o diploma.
Cinema e TV - Pimentel também fez cinema e televisão. Na telona, participou de filmes de cangaço, como Riacho de Sangue. E na telinha, fez participações na TV Jornal, com a novela A Moça do Sobrado Grande e seus trabalhos mais recentes foram no Papeiro da Cinderela, também no canal 2, num especial de Natal (onde interpretou Jesus) e em um especial de Semana Santa (onde interpretou ele mesmo, que não conseguira transporte e pegava uma kombi para ir à Paixão do Recife).
Como jornalista, Pimentel dirigiu e apresentou o polêmico programa Sinal Fechado, na época do regime militar (1964-1985). Dirigiu a TV Universitária Canal 11 Recife e era professor do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Pernambuco.
Fica na memória dos amigos a versatilidade de um artista, e na memória do povo a imagem das Paixões da Semana Santa.