Levantamento feito pelo Hospital Miguel Arraes (HMA), em Paulista, constatou que, ano após ano, não muda o perfil da principal vítima de acidentes com motocicletas que dá entrada na unidade. O paciente do sexo masculino, entre 20 e 39 anos, vítima de colisão com motos, encontra-se em primeiro lugar nas notificações de casos de vítimas de acidentes com transportes terrestres. Em 2017, dos 1.754 registros de acidentes de trânsito que deram entrada no HMA, 1.236 (70,5%) foram com motos. Desses, 87% foram homens e 63% na faixa de idade acima.
No primeiro semestre de 2018, entre 1º de janeiro e 30 de junho, o Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NEPI/ HMA) registrou 562 atendimentos a acidentados com motos, uma redução de 3,93% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 585 vítimas deram entrada na unidade. O perfil, no entanto, continua o mesmo: este ano, 87% foram do sexo masculino, 63,5% tinham entre 20 e 39 anos, e 59,8% vítimas de colisão. O Dia do Motociclista, nesta sexta-feira, 27 de julho, pretende alertar para dados como esses.
Para o ortopedista e traumatologista Francisco Couto, diretor médico em exercício do HMA, a imprudência continua sendo o principal motivo dos acidentes envolvendo motocicletas: “a falta dos equipamentos de proteção individuais, como capacete e sapatos fechados, somada ao fato de que cerca de 67% dos motoristas de moto em todo o Brasil são homens, fazem com que o perfil desse tipo de acidente não mude”.
Um outro dado preocupante diz respeito às internações hospitalares. Em 2017, 59,2% dos pacientes que deram entrada no HMA após acidente com moto precisaram ser internados. Até 30 de junho deste ano, o índice já é de 46,8%. “A recuperação é lenta. São pacientes submetidos, muitas vezes, a mais de uma intervenção cirúrgica, e que precisam de acompanhamento médico, fazendo com que fiquem afastados da família, dos amigos e do trabalho, com grande possibilidade de alguma sequela. Além disso, esse paciente onera o Sistema Público de Saúde em suas fases pré-hospitalar, durante o atendimento e até posteriormente, levando em consideração as sessões de fisioterapia”, explicou dr. Francisco.
Outros dados
O Brasil tem, hoje, mais de 13 milhões de motos circulando, segundo o Departamento Nacional de Trânsito-DENATRAN. Só nos três primeiros meses de 2018, o Seguro DPVAT registrou o pagamento de 50.469 indenizações por invalidez permanente, além de outras 4.578 por morte e 11.154 por despesas médicas apenas para acidentes relacionados a motocicletas.
Com informações da jornalista Iana Gouveia