sábado, 28 de julho de 2018

Dia Internacional da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha em Caruaru

Em celebração pelo Dia Internacional da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha, comemorado nesta quarta-feira (25), representantes de entidades ligadas ao movimento negro, sociedade civil e órgãos públicos compareceram ontem ao auditório da Secretaria de Políticas para Mulheres de Caruaru (SPM) para a abertura da Semana da Mulher Negra. O evento promovido pela Prefeitura de Caruaru, através da SPM, foi marcado pelo lançamento da campanha “Xô Racismo e Violência, Avante Resistência”, que tem o intuito de dar visibilidade aos alarmantes dados de violência contra mulheres negras no Brasil, bem como divulgar os contatos que as vítimas podem solicitar apoio, quando necessário.

O evento foi pontuado por momentos de muita emoção, através dos depoimentos das participantes da mesa e da plateia, e envolveu falas e intervenções artístico-culturais. O Coral Cantando a Vida, da SPM, formado por 14 mulheres, se apresentou com músicas de cantoras negras, entre elas, Olhos Coloridos, de Sandra de Sá, e Canto das três Raças, de Clara Nunes. Membros do Coletivo Afro Ilê Dandara fizeram uma pequena apresentação musical. A mesa de honra foi comporta por Lucimary Passos, do Coletivo Afro Ilê Dandara, pela vice-presidente estadual da UNEGRO, Fabiana Maria da Silva, pela analista do Ministério Público, Leilane Paixão, e pela secretária da SPM, Perpétua Dantas.

Na oportunidade, Perpétua pontuou a importância de celebrar a data com um evento específico. “Foi um momento simbólico e importantíssimo, que nos propôs uma grande reflexão quanto ao número da violência de gênero e obstétrica, ou até mesmo em relação ao desemprego, onde as mulheres negras são as maiores vítimas. A proposta foi colocá-las em foco como cidadãs que precisam ter vez, voz, e serem bem remuneradas, reconhecidas e vistas, e ter o mesmo espaço das mulheres brancas, pois são cidadãs como qualquer outra mulher”, destacou a secretária.

Em depoimento emocionado, a ouvinte Manuela Monteiro falou um pouco da vida pessoal e sobre o processo de autorreconhecimento como mulher negra. “Acho importantíssima a promoção deste evento, pela forma que ele põe em foco a nossa representatividade. Termos espaços como este, para nos reconhecermos como negras, e sabermos que nós, que passamos por tantas dificuldades, preconceitos de gênero, injúrias, ver isso na fala de outras pessoas, é muito importante. A gente se sente acolhida, num devido espaço, que poderíamos já ter ocupado ou que poderia já ter existido”, declarou.

Além das falas e apresentações, o evento também contou com a exposição das bonecas orixás, da artista plástica Daniele Guerreiro, que integra o Ateliê Meninas de Barro, com as esculturas em barro de entidades femininas de religiões de matriz africana, entre elas, Obá, Oxum, Iemanjá, Yansã e Nanã. “A data foi celebrada com muita vivência e propriedade. Observar essas mulheres e enxergar onde elas estão na cidade, serviu de inspiração para a criação do evento e da programação, com o objetivo de mostrar que nós, mulheres negras, somos luta e resistência de fato”, ressaltou a coordenadora da Mulher Negra da SPM, Tamyres Cardoso.

O evento segue até o próximo domingo (29) com uma programação diversificada. Nesta quinta-feira (26) teve uma reunião com a câmara técnica de enfrentamento à violência de gênero – Mulher Negra, Racismo e Violência – no Centro de Referência da Mulher Maria Bonita e nesta sexta (27), às 18h, as servidoras seguem para a Zona Rural de Caruaru, com o Cine Afro-Mulher na Comunidade do Boi Tira-Teima. Durante o final de semana a equipe da SPM subirá o Monte Bom Jesus para promover a Feira Afro-Mulher com as artesãs atendidas pelos programas sociais desenvolvidos pela SPM, das 13h às 18h. No sábado (28), o Grupo de Capoeira Raça Nobre se apresentará no local, e no domingo, será a vez do elenco feminino do Boi Tira-Teima e do Coletivo Afro Ilê Dandara animarem a “feirinha”.

Imprensa Caruaru
Fotos Arnaldo Felix