O título pode parecer meme, mas a proposta delas nada tem de modinha. Com a intenção de renovar a Assembleia Legislativa de Pernambuco, a advogada Robeyoncé Lima, a militante do MTST Jô Cavalcanti, a estudante Joelma Carla, a jornalista Carol Vergolino e a professora Kátia Cunha resolveram unir forças em uma só campanha para deputada estadual,o coletivo Juntas, que pretendem exercer a Mandata.
O nome que vai aparecer formalmente na urna é o de Jô, mas o trabalho como um todo é dividido para as cinco. "A gente resolveu se unir para ter uma possibilidade mínima de ganhar dessa macharada, que já está consolidada há um bom tempo na política. Esse modelo de candidatura individual já tá bem falido, pois não é possível que uma só pessoa seja representante de uma pluralidade de eleitores e penso que a legislação eleitoral venha se adaptar às mudanças na sociedade", afirma a advogada.
Alto Paraíso - Não é o primeiro caso de candidatura coletiva no Brasil. Em Alto Paraíso de Goiás, a 425 km de Goiânia, um coletivo de ideologia anarquista se elegeu para um mandato de vereador em 2016. O nome votado foi o do advogado João Yuji (o quarto da esquerda pra direita), que eleito pelo antigo PTN (hoje Podemos), mas quem exerce o mandato coletivo, além do Yuji, são Laryssa Galantini, Saty Nam, Ivan Diniz e Luís Paulo. Segundo Yuji, o compromisso do grupo é desenvolver um trabalho voluntário em benefício da cidade, razão pela qual o salário de vereador, de cerca de R$ 5 mil, será todo destinado a projetos em benefício da população.
Quem são elas e por que elas causam?
Robeyoncé Lima - A primeira advogada trans em atividade do Norte-Nordeste e a segunda do Brasil, tem 29 anos e seu nome social foi reconhecido pela Ordem dos Advogados do Brasil. Formada em Direito e em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco, ela é assessora jurídica do vereador Ivan Moraes Filho (também do PSol), sendo a primeira funcionária trans na Câmara do Recife (e a segunda de Pernambuco, que tem Fabianna Melo na Assembleia Legislativa).
Jô Cavalcanti - A vendedora ambulante e militante do Movimento dos Trabalhadores Urbanos Sem Teto (MTST) lidera a ocupação Marielle Vive, no Centro do Recife. Ao ser demitida de uma lanchonete, jurou não trabalhar mais para patrão algum. Enquanto montava sua barraca de camelô no bairro da Boa Vista (com o dinheiro de sua indenização), sindicalizou-se e começou a militar em favor dos vendedores ambulantes e dos sem teto. Hoje é diretora de mobilização do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Comércio Informal do Recife (Sintraci). Na foto ao lado, ela está com o pré-candidato do PSol à Presidência, Guilherme Boulos, durante evento de mobilização na ocupação Marielle Vive.
Kátia Cunha - A professora da Rede Estadual de Ensino, natural de Igarassu, Região Metropolitana, entrou na militância em 2015, quando, durante greve de professores, cobrou pessoalmente do governador Paulo Câmara o repasse de 13% para equiparação do piso estadual ao nacional. Três dias depois da mobilização, ela e outros 14 professores foram exonerados e perderam suas gratificações. Logo depois foram reintegrados na negociação que pôs fim à greve. Candidatou-se a vereadora de Igarassu e com 146 votos, não se elegeu. Mas não desiste da luta e sua integração ao coletivo Juntas se deve ao seu histórico de militância.
Carol Vergolino - A jornalista e produtora audiovisual de 39 anos formou-se na Universidade Católica em 2001 e é produtora executiva de das séries Vulneráveis (TV /livro e exposição fotográfica); Saudade para o Arte 1 (em finalização), Borboletas e Sereias para TV Pública, a série Coletivos (em produção). Em sua obra, os trabalhadores, pobres e excluídos encontraram voz e expressão, o que a aproximou da militância político-partidária. Há dois meses, escreveu uma carta em seu Facebook onde compara os cheiros da pobreza, da melhora de vida, da violência, enfim, os cheiros da vida brasileira.
Joelma Carla - A estudante e militante do Conselho Municipal da Juventude de Surubim, a 117 km do Recife, apesar de pouca idade (20 anos prestes a serem completados), bem sabe da sua responsabilidade e da importância de sua representatividade. Em dezembro do ano passado, Joelma representou o IPJ (Instituto Protagonismo Juvenil) – atuante na construção de uma política juvenil desde 2010 –, no Conselho Municipal da Juventude (CMJ). Sendo eleita na solenidade a nova vice-presidente do CMJ. Quando candidatou-se a vereadora, em 2016, seus pais ficaram assustados no começo, mas depois apoiaram a filha incondicionalmente, não só na ocasião, mas também agora na sua co-candidatura. Seu maior desafio é chamar a juventude para participar da política.