A presença dos trabalhadores do grupo Eletrobras no Congresso Nacional se intensificou com o avanço da pressão do governo sobre deputados e senadores pela privatização. A retirada de pauta da MP 814/17, que alterava lei do setor elétrico, não fez o governo desistir da privatização, afirmam dirigentes urbanitários.
Eles alertam para o Projeto de Lei 9.463/18, que trata da desestatização da Eletrobras, e também para outras iniciativas como o Decreto 9.188/2017, que trata de desinvestimento das Empresas de Economia Mista, e o PL 1917/2015, que trata da Portabilidade da Conta de Energia, podendo trazer consequências desastrosas para as Empresas Distribuidoras.
Edney Martins, presidente do Sindicato dos Urbanitários no Amazonas, afirmou que diante desse quadro a presença dos trabalhadores no Congresso é fundamental. De acordo com ele, a defesa do grupo Eletrobras tem conseguido aliados no Congresso, inclusive na base do governo. “A pressão dos trabalhadores tem sido visível dentro do parlamento. Com a greve queremos abrir o diálogo nas duas Casas legislativas e mostrar que os trabalhadores tem propostas para a empresa e que não passam pela privatização”.
Empresa federal de distribuição
O governo federal não tem estudos elaborados do impacto da privatização no setor elétrico, enfatizou Fabíola Antezana, diretora do Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal (STiu-DF), que completou que está em fase de finalização uma proposta dos trabalhadores para as distribuidoras. Esse documento subsidiará o debate no Congresso Nacional.
“O debate que propomos não vai se dar pela privatização mas pela criação de uma empresa brasileira de distribuição, federal, com recursos próprios. Com essa proposta vamos dialogar com os parlamentares porque em um setor complexo e subdivido como o elétrico a tendência é comprar o discurso mais fácil alardeado pelo governo”, esclareceu Fabíola.
Fora Wilson Pinto
Alardear o discurso do governo tem sido tarefa do presidente da Eletrobras, Wilson Pinto, o que o tornou alvo de denúncias dos eletricitários que reivindicam a demissão do gestor.
“Ele tem atentado contra o patrimônio da própria companhia. Na gestão dele foi contratada uma empresa de marketing que só tem denegrido a imagem da Eletrobras fazendo com que a companhia tenha perdido valor de mercado. Chamou os trabalhadores de vagabundos e safados e por conta disse se tornou o primeiro dirigente da Eletrobras a ser notificado pela Comissão de Ética da Procuradoria Geral da República (PGR).
Abastecimento garantido para população
Os trabalhadores garantiram que a população não ficará sem energia elétrica nos dias de greve. Fabíola confirmou a realização da greve mesmo diante da possibilidade de a direção da empresa acionar o Tribunal Superior do Trabalho. “Sabemos que a justiça não está do lado do trabalhador mas esse movimento é uma forma de fazer chegar à população os verdadeiros objetivos que estão por trás da privatização da Eletrobras”.
A greve de 72 horas dos petroleiros programada para 1º de junho foi considerada abusiva pelo TST antes da deflagração que impôs multa diária de 2 milhões de reais às entidades dos trabalhadores, que realizaram uma greve menor.
Aumento da tarifa, trabalhadores demitidos e possibilidade de apagões são algumas das consequências da privatização das empresas do grupo Eletrobras, enfatizou Fabíola. Ela completou ainda que a lógica que domina a Eletrobras começa a ser a lógica privatista.
“Essa busca para diminuir os custos, que será potencializada pelas empresas privadas, penaliza o consumidor e o trabalhador. Na quarta-feira (6) faleceu um trabalhador no Amazonas. Pelo corte de pessoal, ele foi realizar o procedimento de outro trabalhador e recebeu uma descarga que o levou a falecer. Imagine o que será na empresa privada."
Rede Brasil Atual