segunda-feira, 7 de maio de 2018

Arma que matou Marielle e Anderson foi uma submetralhadora, afirma polícia



A arma usada para assassinar a vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes em 14 de março, no centro do Rio de Janeiro, foi uma submetralhadora.

A informação, revelada pelo programa "Domingo Espetacular", da TV Record, foi confirmada ao UOL por uma fonte da Polícia Civil ligada à investigação.

A vereadora do PSOL e seu motorista foram mortos em uma emboscada. Criminosos ainda não identificados emparelharam um carro ao lado do veículo em que Marielle e Anderson estavam e dispararam. Marielle e o motorista morreram na hora e uma assessora que também estava no carro sobreviveu.

A polícia encontrou no local ao menos oito cápsulas de projéteis de calibre 9 mm. Esse é o tipo mais comum de munição usado em submetralhadoras no Brasil. A polícia descobriu que os projéteis haviam sido roubados de um lote produzido no país, que se destinaria à Polícia Federal.

Inicialmente, a polícia analisou a possibilidade de os tiros terem sido sido disparados de uma pistola, mas a hipótese foi descartada. A munição de calibre 9 mm pode ser usada tanto em pistolas como em submetralhadoras. Porém, quando é disparada de uma submetralhadora seu poder destrutivo é maior --assim como a cadência de tiros.

A fonte da Polícia Civil afirmou que há indícios de que a submetralhadora usada foi uma HK MP5, arma desenvolvida na Alemanha na década de 1960. Essa submetralhadora é usada em dezenas de países, tem diversas variações de modelos e é considerada muito comum.

No Brasil, ela é usada por forças de segurança (polícias militares e federal), colecionadores e pode ser adquirida ilegalmente no mercado negro. É uma arma usada geralmente em combates a curta distância.

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, já havia afirmado que uma das principais linhas de investigação da polícia é de que milicianos poderiam estar envolvidos no assassinato.

As milícias são grupos de ex-policiais e criminosos que vendem "proteção" ao estilo mafioso e comercializam ilegalmente serviços como TV a cabo e transporte em favelas do Rio de Janeiro.

A polícia afirmou ter achado cápsulas e projéteis usados no assassinato da vereadora e de seu motorista, mas não deixou claro se encontrou ou não a arma usada no crime. Em teoria, os furos no carro das vítimas e os projéteis recuperados poderiam indicar aos peritos se os tiros saíram de uma submetralhadora ou uma pistola.

Projetos - As questões de gênero e sexualidade viraram motivo de polêmica na discussão dos projetos de Marielle Franco na tarde desta quarta-feira na Câmara do Rio. Rio. Havia uma possibilidade de todos os projetos serem votados em primeira e segunda discussão. No entanto, não houve um consenso entre a bancada do PSOL e os vereadores das bancadas evangélica e católica para os projetos serem novamente votados. Em pelo menos um caso, o texto final ainda terá que ser negociado com o governo. Ao todo, cinco projetos de Marielle foram aprovados.

Por iniciativa de Cláudio Castro (PSC), da bancada católica, a Câmara adiou por uma sessão o projeto que inclui o dia da luta contra a homofobia, lesbofobia, bifobia e transfobia no calendário oficial do Rio. Projetos nesse sentido têm dificuldade de serem aprovados na Câmara. Recentemente, a Casa arquivou um projeto de Marielle que institui o Dia do Orgulho Lésbico.

O PSOL negociou com o vereador Alexandre Isquierdo (Dem), da bancada evangélica, que emendas que se referiam a manter ou não a expressão de gênero só seriam apresentadas em segunda discussão para permitir que passassem em primeira. A resistência dos evangélicos refere-se ao teor do texto de um projeto que cria uma campanha contra a violência sexual a ser feita no transporte público da cidade.

Isquierdo argumentou que não existe na Câmara propriamente um bloco religioso. Mas sim vereadores católicos e evangélicos. E que além deles, muitos outros colegas são contrários à discussão ideológica sobre gênero, principalmente nas escolas, numa polêmica que se estende a todo Brasil:

— Somos contra todo tipo de discriminação. Mas por trás desses projetos, está a tentativa de abrir espaço para que a questão de gênero entre em debate nas escolas como viés de convencimento. E isso nós não concordamos. Tanto que a citação de gênero foi retirada do projeto do Plano Municipal de Educação — disse.

Nem todos os representantes de segmentos vinculados a crenças religiosas ficaram contrários. Ligada aos judeus, Teresa Bergher (PSDB) disse ser favorável.

— Um dos projetos mais importantes é o que implanta atendimento noturno em creches. Só que ele prevê o funcionamento até as 23h. Sou favorável ao atendimento também de madrugada, pois muitos pais trabalham a noite inteira e tem dificuldades com quem deixar os filhos.

Um dos momentos mais tensos ocorreu quando o vereador Otoni de Paula (PSC), da bancada evangélica, anunciou que votaria contra o projeto de resolução que dá o nome de Marielle Franco à tribuna de onde os vereadores discursam. Os populares que estavam nas galerias ouviram o discurso de costas, gritando palavras de ordem. O vereador chegou a bocejar durante o protesto.

— Que bom que estamos em um país democrático. Se fôssemos um país socialista ou comunista, não seria possível. Eu voto contra o projeto porque as investigações ainda estão em andamento. Nessa situação é temerário. Se tivessem sido concluídas, eu votaria a favor.

A declaração de Otoni acabou sendo rebatida pelo professor Tarcísio Motta (PSOL).

— Nós vamos lutar pela memória de Marielle. Essas declarações fazem parte de uma campanha de fake news contra ela.

O projeto acabou sendo aprovado em primeira votação por 41 votos a favor e um contrário — justamente o de Otoni de Paula.


Com informações do Portal UOL e do Jornal Extra (Rio)