Que Dona Ivone Lara (1922-2018) era uma revolucionária do samba, isso todo mundo sabe, mas poucos conhecem um outro lado, igualmente revolucionário: ela integrou a equipe de Saúde Mental da psiquiatra alagoana Nise da Silveira (1905-1999). Doutora Nise dedicou sua vida à psiquiatria e manifestou-se radicalmente contrária às formas que julgava serem agressivas em tratamentos de sua época, tais como o confinamento em hospitais psiquiátricos, eletrochoques e lobotomia.
O papel de Ivone foi fundamental para se pensar o cuidado interdisciplinar em saúde mental. Ivone e Nise fundaram Serviço de Terapêutica Ocupacional em 1946. Quase 20 anos antes de Foucault escrever A história da loucura e da organização do movimento antipsiquiátrico. Quase 60 anos antes da promulgação da Lei 10.216, que redirecionou o modelo de saúde mental no Brasil. Houve um apagamento de Ivone, enfermeira e assistente social, que não era o "braço direito de Nise", como a Folha coloca; era um corpo inteiro, íntegro, que dedicou-se por 37 anos aos pacientes do Centro Psiquiátrico Nacional, no Engenho de Dentro. Isso é apagamento da história de uma mulher negra, que foi precursora no movimento antimanicomial.
Na foto a seguir: a equipe que trabalhou no Serviço de Terapêutica Ocupacional. Dona Ivone está em destaque na imagem.
Com informações da Wikipedia, Site Itaú Cultural e o Facebook de Daniela Lima