sexta-feira, 16 de março de 2018

Grafitagem nas escolas de Olinda

“Uma escola fica melhor colorida que pichada”. Com essa frase a aluna Demilly Freitas, 12 anos, da Escola Monsenhor Fabrício, em Peixinhos, Olinda, tenta sensibilizar os amigos e os jovens para a disseminação da grafitagem como elemento artístico e de preservação do patrimônio público. Nesse quesito, a garota dar uma aula sobre a temática e aponta o problema do vandalismo, causado entre outras coisas, pelas pichações. Seguindo essa vibe, com o apoio da jovem aluna, é claro, a Prefeitura de Olinda está desenvolvendo o projeto Educação em Cores. A iniciativa conta com suporte dos grafiteiros Galo de Souza e Jr. Vox na realização de oficinas. 

Durante a teoria, a garotada conheceu as diferenças entre grafitagem e pichação, as técnicas, traços, entre outros elementos. Na sequência, tendo como tema a educação, os alunos passaram para o papel suas impressões (em desenhos) acerca do assunto. O momento mais aguardado foi quando os meninos e meninas – acompanhados dos grafiteiros-, colocaram as orientações em prática utilizando o muro do Centro de Educação Musical de Olinda (CEMO) como cenário. Participaram 17 estudantes matriculados nas escolas Allan Kardec, Marcolino Botelho, Monsenhor Fabricio, Manoel Borba e Claudino Leal. 

Para a estudante Demilly Freitas foi um momento importantíssimo. “Passar por aqui todos os dias e ver a minha arte é muito legal. O muro fica melhor colorido, que pichado”, desabafou. 

Segundo o prefeito Professor Lupércio, todas as unidades de ensino irão abraçar a iniciativa, porque o grafite é uma arte que tira as crianças da rotina e estimula à criatividade. Ainda de acordo com o gestor, a prefeitura desembolsou, em 2017, cerca de R$ 50 mil para recuperar imóveis pichados. “A solução depende de uma mudança de comportamento. E nesse sentido, a arte pode ser uma alternativa para embelezar e dizer não ao vandalismo”, pontua o prefeito. 

“O maior objetivo é tentar mostrar ao estudante que a rebeldia, através da pichação, deve ceder lugar a arte. Se conseguirmos isso, o nosso objetivo será alcançado”, ressaltou o secretário de Educação, Paulo Roberto Souza. 

Na visão da secretaria executiva de Gestão, Lívia Álvaro, a estética dos grafiteiros, a linguagem própria e a indumentária fazem parte do aprendizado dos alunos. "Muitos grafiteiros tinham problemas nas escolas e encontravam dificuldades pela falta de atrativos. Hoje, projetos como esses tornam a escola muito mais interessante”, afirma.

O grafite mudou e criou um mercado. Compreendida como arte urbana, a atividade transcendeu limites e passou a estar presente também no design e na moda, explica o grafiteiro Galo de Souza, um dos mais renomados artistas na área. “Hoje há um grande mercado profissional para os grafiteiros, que podem levar sua arte para outros tipos de telas e ganhar dinheiro com isso. A intervenção urbana foi apenas a primeira aplicação da arte, tudo mudou muito nos últimos anos”.

Sair da ilegalidade para mergulhar no universo da arte. Esta é a história de tantos grafiteiros que ganharam o mundo, trocando o vandalismo pelo grafite. Um bom exemplo é o arte-educador Jr. Jox, que na adolescência fez uso do spray para pichação. “Aos poucos comecei a elaborar meus desenhos, pesquisar sobre isso, e surgiu a vontade de ser grafiteiro”, conta. Atualmente, ele é professor de grafite em um projeto social voltado para comunidades carentes, que foi criado na cidade em 2007.


Imprensa Olinda