"Eu não vivo sem o teatro. O teatro é minha vida, é o ar que eu respiro". A frase pode soar um pouco exagerada, mas quando se trata do ator, arte-educador e poeta Pedro Dias, aí vemos que não há exagero algum. Na ativa desde 1982, Dias não mede esforços em seu trabalho, emprestando corpo, voz e até a alma, tamanha a entrega visceral a seus personagens, tais como o poeta barroco Bento Teixeira (foto ao lado), em Senhora de Engenho - Entre a Cruz e a Torá ou o asqueroso chefe do presídio em Ana de Ferro - Rainha dos Tanoeiros do Recife. As duas peças terão novas temporadas em 2018, ambas com texto de Miriam Halfim e direção de Emanuel David Lucard. Foi ator da Paixão de Cristo do Recife e com o cancelamento da peça na capital, foi convidado para a Paixão de Cristo de Camaragibe, onde interpretará um dos apóstolos.
Entre amigos, é bem humorado. Gosta de dizer que é o "único ator heterossexual de esquerda do
teatro pernambucano". Ri de si mesmo como se cada passo, cada palavra, cada movimento seu ser mais uma performance artística nos palcos da vida. O início de carreira, nos anos 80, veio de uma admiração. "Eu sempre morei no centro do Recife, e tive muito acesso a eventos culturais, cinema, teatro e nas peças eu me admirava como os atores decoravam os textos. A partir daí, comecei a querer fazer também, participar, aprender, ler e estudar, cada vez mais". Além de atuar, Dias também é divulgador dos espetáculos e foi na divulgação de Ana de Ferro (foto ao lado) que ator e blogueira se conheceram.
Desde sua estreia, os personagens foram os mais variados, de palhaços a vultos históricos, passando por um torcedor fanático do Sport (time pelo qual torce também na vida real), não apenas no teatro, mas também no audiovisual, ao participar da novela Kananga do Japão, da extinta TV Manchete, e do curta-metragem O Menino que Morava no Som, com lançamento previsto para o primeiro semestre deste ano. Atuando nos bastidores, foi produtor do programa de rádio Na Boca do povo e técnico social do orçamento participativo da Prefeitura do Recife, entre os anos de 1993 a 1998. Suas andanças não pararam em Pernambuco. Esteve no Rio de Janeiro, onde atuou na Casa das Artes das Laranjeiras e correu o mundo em países como México e Chile. Também atuou no mercado publicitário, em comerciais do Pernambuco da Sorte e dos Armazéns Narciso. Para 2018, projetos novos. "Ainda não posso contar, senão perde a graça", ri, enquanto me responde às perguntas. E não deixou de zoar a jornalista "essa matéria sai quando? Cuidado pra não virar homenagem póstuma". Claro que não achei graça, até porque o artista pode até deixar este mundo, mas a arte sempre estará viva. Para fazer jus ao nome do quadro #GenteInteressante, conversei com amigos e colegas do Pedro Dias e todos foram unânimes ao afirmar que o teatro realmente é a sua motivação de vida.
Maria Dias - Atriz e Produtora Cultural
Conheço Pedro há pelo menos 15 anos e venho acompanhando sua ascendente trajetória. Já o vi encenar personagens com carga emocional profunda, sempre com brilhante talento, mas o que mais me toca em Pedro é sua generosidade como ator! Ele é um profissional ocupado com seu ofício por inteiro e isso não se restringe ao papel, ele se envolve no espetáculo e busca dar toques à equipe para que todos fiquem à vontade em suas partituras! De fato, o melhor dele é vivenciado nos bastidores da cena e isso torna o trabalho em conjunto inesquecível!
Telma Ratta - Atriz, Professora e Militante
Conheci o Pedro em 1998 no SESC e assistindo teatro em Recife não dá pra desassociar do nome Pedro Dias. Pessoalmente é a pessoa mais generosa e alto astral que eu conheço, profissionalmente, trata-se de um ATOR dedicado, respeitoso, e generoso em cena, infelizmente só começamos a contracenar em Ana de Ferro, nunca estivemos juntos em outro projeto. Digo sem medo que pedro dedica 200% da sua vida ao Teatro.
Lene Coutinho - Relações Públicas e fã de teatro
O Pedro é a espontaneidade em pessoa, muito gentil e que me trata como uma rainha. Ele é mais que um amigo, é um grande afeto. Já o vi em cena e cada personagem é um diferente do outro e afirmo que ele é um ator versátil e orgânico. E olha que sem modéstia, pode até ter uma pessoa que vá ao teatro tanto quanto eu, mas ir mais aos espetáculos do que eu, é impossível! Falo isso com muito orgulho, pois sou apaixonada por teatro!
Didha Pereira - Ator, Dramaturgo, Professor, Pesquisador e Mestre em Educação
Pedro Dias é um ator de enormes possibilidades. Curioso, inquieto e muito versátil, tem emprestado seus corpo para dar vida às diversas personas que tem criado ao longo de sua carreira tão bem construída em cerca de quatro décadas. Sua sensibilidade para lidar com a construção das suas personagens o torna um ator ímpar, dono do seu metier e em busca de luz para lançar às trevas do desconhecido, inusitado e avassalador. Como o vinho ele tem longevidade garantida, pois a cada personagem a quem dá vida, revela-se capaz e nos surpreende com as diversas camadas que empresta à tessitura das suas composições dramáticas. Premiado em diversos festivais e com um vasto currículo a celebrar, pode ser considerado um dos patrimônios vivos do nosso teatro, sendo nas Artes Cênicas pessoa e personagem de respeito, uma vez que não se pode escrever os anais do Teatro Pernambucano sem que seu nome esteja inserido neles, sobretudo no que se refere ao teatro para infância e juventude, lutando com outros colegas para dar voz e espaço a essa arte milenar que, infelizmente, encontra pouco espaço para se expressar, pois por muito tempo foi considerado o primo pobre do teatro e hoje, graças ao trabalho dele e tantos outros companheiras e companheiras de profissão e de fé o teatro para a infância e juventude encontro o seu devido lugar, ocupando o espaço merecido. Além de tudo isso, Pedro Dias é uma criatura alegre, iluminada, afetuosa e muito carismática que encanta a todos que têm o privilégio de privar da sua intimidade.
Sou atriz de teatro há 18 anos e posso dizer sem dúvidas, que meu amigo Pedro Dias é um ator dedicado ao trabalho, pontual nos compromissos, e acima de tudo, muito talentoso. E eu rio muito com a história que ele mesmo diz: "o único ator hetero do teatro de Pernambuco".
Emanuel David D'Lucard - Ator, Dramaturgo e Jornalista
Eu conheci Pedro dias em 1994 quando eu fui convidado pra substituir Taveira Júnior e Cláudio Siqueira na montagem de Peter Pan da antiga Lumiar Produções com direção de Manuel Constantino. Naquela época era um menino de seus 16 anos e ele já era um ator respeitado e com uma carreira consolidada. Pedrinho fazia Peter Pan, e eu ficava encantado em vê-lo tão ativo, (sem trocadilhos) tão pulsante, tão cheio de energia. Pra minha surpresa o meu segundo espetáculo, As Grávidas, com texto de Adriano Marcena e direção de Izaltino Caetano, ele também estava no elenco e aí eu pude conhecer um pouco mais dessa força e deste humor peculiar de Pedro Dias. Um cara dedicado exclusivamente ao teatro, um cara que respira o teatro e a cultura, que defende com unhas e dentes o espetáculo que está fazendo, que se dedica e se transforma e se doa completamente pra cena. Um cara que reconhece todas as falhas que tem, mais que enquanto ator busca sempre uma superação, buscar sempre se refazer. E os contatos com Pedro não acabaram aí, vieram outros infantis e o pude conhecer o Pedro amigo e companheiro de jornada. O Pedro que me via como um jovem e dava-me conselhos sobre vida e carreira, sobre possibilidades. Ele foi um dos incentivadores de eu ter entrado na faculdade. É um sujeito que por mais brincalhão que pareça, tem uma consciência crítica muito profunda do que está na sua volta, basta sentar com ele um pouco e conversar e aí a gente percebe que todas aquelas brincadeiras, que todo aquele jeitão de menino levado, dá lugar ao artista conscientes do seu papel social.
Nestes quase 30 anos de carreira, tive prazer de dirigir algumas vezes e contracenar com ele em produções que me render um boas experiências: em Não Fechar os Olhos Esta Noite, éramos uma dupla de presidiários e ficávamos 60 minutos em cena e de um crescimento dividir o palco com Pedro dessa forma, porque encontrei o companheiro generoso, que jogava na cena e te olhava nos olhos, e compartilhar e promovia os sentimentos dos personagens com uma fé cênica incrível. Foi muito gratificante, muito forte porque quebrou todo aquele estigma de Pedro brincalhão. Era um espetáculo tenso, denso com direção do Samuel Santos e texto de Paulo de Oliveira Lima que a gente duelava por olhares e por gestos e por energia. Foi uma experiência e um aprendizado dos que eu posso destacar na minha carreira, isso se deve ao contato com Pedro. Outros dois momentos que pra mim são de crescimento enquanto artista foram nas montagens de Senhora de Engenho e Ana de Ferro, os quais sou diretor e Pedrinho, ator. Em Senhora eu busquei aproveitar esse essa leveza que ele tem pra cena, era um espetáculo muito denso e essa leveza natural dele daria uma respiração ao espetáculo. Já em Ana de Ferro, Pedro é um dos meus maiores orgulhos, pois pude ouvir comentários que não conseguiram reconhece-lo em cena, que tiveram raiva dele em cena, que tiveram nojo. Eu creio que com passar dos anos e a gente trabalhando juntos, a gente conhece tanto um outro, acompanha tanto a carreira um do outro, que consegue dialogar de uma forma que os resultados estão sendo cada vez mais positivos e isso se deve principalmente a disponibilidade de Pedro tem pra cena, a disponibilidade que pelo teatro e isso agradeço, eu e a arte, muito a ele!
Antonio Carlos Gomes do Espírito Santo virou Carlão no meio artístico, onde transito fazendo teatro amador desde o início dos anos 70. Em Olinda, no Centro Luiz Freire, fundamos o Grupo Colcha de Retalhos em 1979 e foi então que conhecemos Pedro Dias, dando seus primeiros passos na arte do palco. Até onde eu lembro, em 1982 participou do elenco da peça CARLOS PENA, um musical sobre a vida e a obra do poeta, escrito e dirigido por mim. Em 1983, esteve numa peça para crianças, A FÁBRICA DE SORVETES, dirigida por Américo Barreto no Teatro do Forte. Depois foi eleito coordenador do grupo e, daí por diante, foi mergulhando cada vez mais fundo no teatro, desempenhando além do trabalho de ator, as funções de produtor, militante dos movimentos e órgãos de representação da classe artística. Alegre, batalhador, generoso, incansável. Seu nome completo, imagino eu, deveria ser PEDRO DIAS (E NOITES) A SERVIÇO DO TEATRO. Um profissional de quem tenho o privilégio de ser amigo. Palmas pra ele, sempre.
Pedro Dias é um dos atores mais disciplinados em horário que eu já conheci. É um cara extremamente humano, divertido e muito inteligente.
(na imagem ao lado, Dias e Cosmo em cena de Senhora de Engenho - Entre a Cruz e a Torá)
Escrevo peças históricas porque o povo brasileiro precisa conhecer o Brasil, a história do Brasil, pois a educação no País está sendo relegada a segundo, terceiro, quinto plano. Trabalhos como Senhora de Engenho e Ana de Ferro são encenados com muita dedicação e os artistas da Companhia de Teatro de Camaragibe são guerreiros, fazem isso com muito amor. E o Pedro, ele se entrega muito nos papéis, é uma pessoa interessada e dedicada. Desejo a ele uma estrada longa, para onde quer que ele vá.
Como falar de Pedro Dias e não lembrar dos seus jargões famosos: "O único ator hétero do Teatro Pernambucano", "aiiii papaiiii", "rabo cheio" entre tantas outras expressões já conhecidas desse grande ator e grande pessoa. Generosidade, compromisso e amor pela sua profissão são algumas das muitas virtudes dele. Está sempre disposto a ajudar ao próximo e não mede esforços para realizar seus objetivos. Sou muito agradecida ao universo por ser sua amiga e por ter o privilégio de acompanhar sua trajetória. Sucesso Pedrinho! Você merece esse reconhecimento.
Pedro Dias é um excelente ator. Um artista dedicado ao seu fazer artístico. Lembro de um espetáculo que vi com ele que fiquei impressionado com seu trabalho. Foi As grávidas de Adriano Marcena com direção de Izaltino Caetano. Era um espetáculo excelente com o trabalho desbravador de Pedro Dias. Foi inesquecível!!
Feliciano Félix - Ator, Produtor Cultural e Presidente da Artepe
Falar sobre o ator Pedro Dias é uma tarefa das mais simples embora se trate de um artista de faces multifacetadas, dada a facilidade com que vai do drama à comédia. Possuidor de um currículo invejável. Em atuação desde 1982, quando estreou com a peça “Carlos Pena, Um Arco-iris sobre a cidade”, apresentado no antigo Bar Savoy, na Avenida Guararapes, com texto e direção de Carlos Gomes, tem uma carreira ininterrúpta, sendo um dos poucos artistas pernambucanos que vive exclusivamente das Artes Cênicas.
No seu porfólio, com mais de 100 trabalhos realizados, sejam nos palcos, cinemas, ruas, praças e espaços alternativos, podemos encontrar desde “A Paixão de Cristo do Recife” e “Batalha dos Guararapes”, ambas com direção de José Pimentel (ao ar livre), “O Circo Rataplan” com direção de Samuel Santos (teatro para infância e juventude), “Senhora de Engenho – Enrtre a Cruz e a Torah”, com direção de David D'Lucard (Teatro adulto), “Kananga do Japão”, de Tizuka Yamazaki (novela) até o impagável personagem “Seu Zé”, com tiradas risíveis e sarcásticas em eventos e empresas de Pernambuco.
Como amigo, é bom tê-lo por perto, de forma que ninguém fica triste estando em sua presença. “Tirador de onda”, não deixa ninguém quieto, o que faz dele uma pessoa leve e de fácil convivência. Porém a despeito desse seu lado peculiar e brincalhão, trata-se de um profissional dos mais responsáveis e comprometidos quando o assunto é trabalho. Pernambuco precisa de mais atores (e atrizes) assim: ao mesmo tempo profissionais contumazes, porém multifacetados, como Pedro Dias.
Anderson Henry - Ator e Diretor Teatral, coreógrafo e bailarino
"Pedro Dias e grande elenco"... É assim que Pedro Dias brinca nos camarins, fazendo alusão a si próprio como uma grande estrela. O fato é que há verdade nesta brincadeira, pois o mesmo acumula, como ator, diversos personagens marcantes ao longo de sua trajetória, que eu conheci num primeiro momento como espectador, e depois tive o prazer de dirigi-lo em um projeto intitulado Camaragibe - Redescobrindo sua história. Eram seis esquetes onde Pedro Dias mostrou sua versatilidade, do drama à comédia, perpassando pelo universo popular, circense, jograis, etc. Não obstante, Pedro se destaca pelo tempo de serviço ao teatro pernambucano, e por isso ficam os meus sinceros aplausos para o "único ator hétero do teatro de Pernambuco", segundo ele mesmo...
Anderson Henry - Ator e Diretor Teatral, coreógrafo e bailarino
"Pedro Dias e grande elenco"... É assim que Pedro Dias brinca nos camarins, fazendo alusão a si próprio como uma grande estrela. O fato é que há verdade nesta brincadeira, pois o mesmo acumula, como ator, diversos personagens marcantes ao longo de sua trajetória, que eu conheci num primeiro momento como espectador, e depois tive o prazer de dirigi-lo em um projeto intitulado Camaragibe - Redescobrindo sua história. Eram seis esquetes onde Pedro Dias mostrou sua versatilidade, do drama à comédia, perpassando pelo universo popular, circense, jograis, etc. Não obstante, Pedro se destaca pelo tempo de serviço ao teatro pernambucano, e por isso ficam os meus sinceros aplausos para o "único ator hétero do teatro de Pernambuco", segundo ele mesmo...