O desfile entrelaçou os mais de 300 anos de escravatura no Brasil, que foi o último país a (oficialmente) aboli-la em 1888, com a Lei Áurea, ao Brasil atual, abordando a reforma trabalhista que praticamente reescraviza os brasileiros e os patos paneleiros, chamados por ele de "manifestoches" e que pediram a cassação de um governo legitimamente eleito. Sem esquecer, claro, do vampiro com faixa presidencial. Houve quem dissesse que o protesto fora "seletivo".
O assunto polêmico e o vice-campeonato oficial contrastando com a aclamação popular acabaram por compará-lo com outro nome famoso dos carnavais da Sapucaí: Joãosinho Trinta (1933-2011), que em 1989, na Beija-Flor, veio com o enredo Ratos e Urubus, larguem minha fantasia, da famosa imagem do Cristo Redentor censurado com a frase "Mesmo proibido, olhai por nós" (foto ao lado).
Biografia - Nascido no Rio de Janeiro em 10 de maio de 1974, Vasconcelos é formado em Belas-Artes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e desde criança sempre gostou de desenhar. A chegada ao mundo das Escolas de Samba ocorreu na década de 1990. E quem o recebeu nessa época? Ele mesmo, Joãosinho Trinta. " Certa vez fui a Viradouro e o Joãozinho Trinta que me recebeu. Ele me mostrou os desenhos e foi quando eu vi que eu não desenhava nada. Ali eu pensei que precisava estudar mais desenho.No mesmo dia que o João me falou aquilo, isso ali pelos anos 90, eu já estava me inscrevendo num curso de desenho artístico e isso foi um divisor de águas pra mim", disse em entrevista ao site Carnavalesco.
Sua trajetória inclui escolas como União da Ilha, Santa Cruz, Caprichosos de Pilares, Império Serrano, Império da Tijuca, Viradouro, Unidos do Cabuçu, e Acadêmicos da Asa Norte (Brasília). No Paraíso do Tuiuti, entre idas e vindas, está desde 2012 e quando a Tuiuti era da Divisão de Acesso trabalhava paralelamente em escolas do Grupo Especial.
Ter um lado - Vasconcelos, em entrevista ao Jornal O Dia, do Rio de Janeiro, afirma que o artista deve se posicionar: "Sou formado pelo ensino público, fui uma criança de escola pública, me formei em uma federal, em Belas Artes. Então, a população ajudou a me formar, foi dinheiro público que ajudou a pagar meus estudos e a manter as instituições em que me formei. Preciso de alguma forma retribuir para a população esse investimento. É a maneira que eu posso prestar o serviço a ela (à sociedade), através da minha arte. Acho que é bom as pessoas se posicionarem mesmo. Acho bacana que o Carnaval tenha esse espaço e papel".