A Polícia Civil de Goiás informou que o grupo alvo de uma operação nesta segunda-feira (30) suspeito de burlar concursos em todo o país fraudou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2016 e planejava fazer o mesmo neste ano. A prova será aplicada no próximo domingo (5) e em 12 de novembro.
"Comprovamos que o Enem 2016 foi fraudado. Em todos os concursos eles tentam atuar de uma forma ou de outra. Em alguns casos tem êxito, em outros não. Antecipamos a operação para esta semana visto que estavam planejando, via ponto eletrônico, fraudar o Enem 2017", afirmou o delegado Rômulo Figueiredo à TV Anhanguera.
Apesar da afirmação do delegado, em nota emitida no dia seguinte, terça-feira (31), a assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que "não existem indícios concretos de que a organização criminosa investigada tentaria fraudar o Enem 2017, de forma que não se pode colocar em suspeição a lisura do processo seletivo deste ano".
O G1 ligou outras três vezes para o delegado para tentar ouvi-lo sobre a questão. A primeira, por volta das 10h, quando ele atendeu e pediu que retornasse posteriormente. Depois, às 10h50, um agente infomrou que ele estava ocupado. Na terceira tentativa, às 13h55, uma escrivã atendeu e disse que ele estava em uma reunião com a direção da corporação.
Em nota, a assessoria de imprensa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo Enem, informou que não foi notificado sobre a operação (veja a nota na íntegra ao fim do texto).
A Operação Porta Fechada cumpre 36 mandados judiciais, sendo 17 de busca e apreensão, 11 de condução coercitiva e oito de prisão. Do total de presos, foram dois em Goiânia, um em Nova Glória e três em Brasília. O sétimo mandado é referente a um homem que já havia sido preso em Brasília e o oitavo alvo segue foragido.
A ação da Polícia Civil de Goiás é realizada paralelamente com a Operação Panoptes, da PC do Distrito Federal. Ambas visam prender suspeitos de liderar a chamada "Máfia dos Concursos".
"Resolvemos deflagrar juntos porque o objeto é o mesmo, fraude em concurso. Houve troca de informações, principalmente de Goiás para o DF, e há alvos em comum. Então a Polícia Civil de Goiás prendeu alguns alvos e a do DF, outros que atuaram em concursos diferentes", explicou Figueiredo.
Concurso para delegado
Entre os editais fraudados está, segundo o delegado, o concurso para delegado substituto da Polícia Civil de Goiás. Por isso, em maio deste ano, a Justiça suspendeu, liminarmente, o certame.
As irregularidades no certame começaram a ser apuradas pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) no início de março deste ano. Na ocasião, a promotora de Justiça Leila Maria de Oliveira contou que os candidatos questionaram o fato de um dos primeiros colocados no resultado ter suposto envolvimento em crimes contra a administração.
De acordo com Leila Maria, concorrentes também reclamavam da alta quantidade de notas superiores a 90 pontos. Para eles, este resultado causa estranheza pelo fato de se tratar de uma prova de grande dificuldade, em que cada questão errada provocava a perda de 0,25 pontos em relação à nota final.
Dias depois, em 12 de março, cinco pessoas foram presas suspeitas de envolvimento em fraudes. Segundo a Polícia Civil, o grupo cobrava de R$ 120 mil a R$ 365 mil por vaga. A organização também era suspeita de praticar irregularidades em processos seletivos de outros estados.
Um dos detidos na ocasião era apontado como membro da quadrilha responsável por aliciar os inscritos. Os demais são candidatos que já tinham sido aprovados na primeira fase. Segundo a polícia, eles integram famílias ligadas ao Poder Judiciário e influentes em Goiânia.
Portal G1