Os pais do garoto de 12 anos encontrado debaixo da cama de um detento no Piauí relataram ao Conselho Tutelar que deixaram o filho no presídio porque estavam muito cansados e o menino não queria voltar para casa caminhando, segundo a conselheira Nazaré Castelo Branco. O caso aconteceu durante visita na Colônia Agrícola Major Cesar Oliveira, localizada no município de Altos, a 38 km ao norte de Teresina, no último sábado (30).
De acordo com a conselheira, os pais relataram que foram visitar o preso, que é amigo da família e a mãe iria pegar o menino no dia seguinte. “Eles são de situação vulnerável e foram a pé visitar esse amigo. Relataram que é uma caminhada muito longa e todos estavam cansados, não iam ter como levá-lo, teriam que ir a pé. O adolescente disse que ele mesmo pediu para ficar”, informou a conselheira.
A profissional informou ainda que incialmente o menino nega que tenha sofrido abuso por parte do detento, que cumpre pena por estupro, segundo a Secretaria de Justiça (Sejus). “A fala do adolescente prevalece e em depoimento ele relata que não aconteceu coisa nenhuma, que estava lá assistindo filme. A mãe do menino ia levar ele para casa no dia seguinte quando voltasse ao presídio para lavar as roupas desse preso”, disse Nazaré Castelo Branco.
Delegado não descarta estupro de vulnerável
O delegado Jarbas Lima investiga o caso e disse que nem os pais nem o garoto falaram à polícia ainda, apenas ao Conselho Tutelar. Agora, ele tenta localizar a família para colher os depoimentos.
Jarbas destacou que mesmo com o exame negativo de conjunção carnal, não está descartada a hipótese de estupro de vulnerável, porque outro tipo de abuso sexual, além do coito anal, pode ter acontecido. Por isso, os esforços estão concentrados em ouvir a criança, cujo depoimento é a única forma de comprovar o crime.
"Há vários outros tipos de abuso que podem ter acontecido e vamos apurar se até mesmo os pais participaram de alguma transação para favorecer isso, algum aliciamento. Os pais inicialmente podem responder por abandono de incapaz e pelo artigo 232 do código penal, que é submeter criança ou adolescente a situação de constrangimento, mas somente depois de investigarmos é que vamos saber como tudo aconteceu de fato", disse.
Sejus também investiga o caso
O caso é investigado pela Sejus e o secretário Daniel Oliveira disse que solicitou um relatório sobre o episódio. “Determinamos para que fosse apurado e as investigações também estão correndo no âmbito da Polícia Civil. Além disso solicitei um relatório para o gerente da unidade prisional”, declarou o secretário de justiça em entrevista à Rádio Clube nesta terça-feira (3).
O menino foi achado depois que agentes penitenciários notaram uma movimentação suspeita em um dos prédios da unidade prisional. Após vistoria, o garoto foi retirado da cela.
Portal G1